O lado b(om) do deserto
Quando titubeamos entre a fartura de pães, um palanque que vemos do pináculo e toda a glória que podemos ter, servimos a nós mesmos, em vez de sermos saciados por Deus. O que o deserto nos oferece e mostra a nosso respeito?
Mateus, Marcos e Lucas narram o episódio conhecido como a tentação do Senhor Jesus e vale a pena atentar ao que cada livro bíblico nos ensina. Em Lucas 4.1-13 lemos que: “E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto; E quarenta dias foi tentado pelo diabo (…). E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão. (…) E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu. (…) Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; (…) E, acabando o diabo toda a tentação, ausentou-se dEle por algum tempo”.
Já em Tiago 1.12-15 está descrito “bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que O amam. Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado.”
Quanto ao deserto espiritual, ninguém o quer. O deserto está no luto, nos planos que não se cumpriram, nos reveses da vida, nas palavras de acusação, nos pesadelos que se tornam realidade, está na traição inesperada e na punhalada cravada na alma. O deserto é um lugar de incertezas, é onde a solidão se agiganta, onde falta sossego e, por vezes, também faltam respostas. E, sem distinção, o deserto vem para todos. Contudo, curiosamente, o deserto também é um lugar onde os anjos estão, o que o faz, então, celestial.
Depois da tentação do Senhor Jesus, lemos que “(…) eis que chegaram os anjos, e O serviam” (Mateus 4.11). Jacó, no deserto, “(…) tomou uma das pedras daquele lugar, e a pôs por seu travesseiro, e deitou-se naquele lugar. E sonhou: e eis uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela (Gênesis 28.11-12). Se quem estiver no deserto, à Sua semelhança, tiver o caráter celestial – mesmo em meio às condições áridas, adversas e inóspitas que não comportam atalhos ou facilidades –, ali também estará à sua espera o servir Divino, pois a Pessoa do Seu Espírito, de maneira inexplicável, traz consolo a qualquer dor, restaura a alma despedaçada e levanta quem estava prostrado. Contudo, os que, distraídos, ficam satisfeitos com o pão e a fartura, enxergam do pináculo um palanque ou anseiam por poder, prestígio e glória acabam atropelando os planos que Deus tem para eles.
Deus dá sinais
Durante as reuniões do Encontro com Deus e o programa Palavra Amiga, o Bispo Edir Macedo ensina como podemos enfrentar e vencer os desertos. Ele salienta que o deserto tem o lado bom, pois tem o respaldo Divino. “É no deserto que Ele fala com a gente. Deus não fala com você quando está tudo bem. Você vai ouvir a Voz de Deus quando você estiver no sufoco. Você está passando por um deserto, por uma dificuldade ou por problemas? Está vivenciando um pequeno inferno na sua casa, no seu trabalho, enfim, na sua vida? Aproveite esses momentos. Eles são sinais: é Deus fazendo um sinal para você e dizendo ‘olha Eu aqui’. E, se você se lamentar e choramingar, vai perder a oportunidade de ter uma experiência gloriosa com Ele. É nesses momentos de dificuldade, de angústia, que Deus está ali sustentando você. Deus permite (o deserto) para provar o nosso coração, para que venhamos a conhecer a nós mesmos”, observou o Bispo.
Por isso, o Bispo diz que, se estivermos no deserto com o Espírito de Deus, temos tudo de que precisamos: “é no deserto que o Espírito Santo encontra as condições ideais para nos ensinar paciência, domínio próprio, dependência dEle e, sobretudo, a humildade”. Ao enfrentarmos dificuldades, é natural ficarmos na expectativa de resolvê-las, disse o Bispo, que salientou ainda que “no deserto, não temos outra opção além de esperarmos, nos mantermos firmes e aprendermos a tirar proveito daquela situação, fazendo do limão uma limonada. No deserto você aprende a ser forte e corajoso, pois tem que enfrentar as situações adversas”.
Leve o espelho
O Bispo Macedo expõe que o Senhor Jesus foi para o deserto para chegar no limite da tentação “para deixar para os Seus seguidores o Seu exemplo. (…) Jesus foi para o deserto para deixar a receita de como devemos proceder diante dos desafios, das tentações que passamos. Somente quem é de Deus é tentado até o momento que consegue resistir, pois Deus não permite que sejamos tentados além das nossas forças (leia em 1 Coríntios 10.13). Então, Jesus foi o exemplo para que pudéssemos nos espelhar nEle”, declarou o Bispo. Foi por isso que o Próprio Senhor Jesus nos ensinou a orar: “Não nos deixeis cair em tentação.” Em vez de se escorar no consolo alheio ou no pouco de força que ainda nos resta, podemos recorrer ao socorro Divino. Logo, Seus ouvidos se fazem atentos e Sua Voz se faz presente. Aliás, Salmos 29 diz que a Voz do Senhor é poderosa. “A Voz de Deus na pessoa que é batizada com o Espírito Santo é poderosa dentro dela para que ela venha a se abrigar nessa Voz, nessa Palavra (que é) a habitação do Altíssimo”, continuou o Bispo.
À sua espera
Em Oséias 2.14-23 vemos o desejo Divino de se (re)encontrar com os Seus, quando Ele diz: “Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Acor, por porta de esperança; e ali cantará, como nos dias de sua mocidade, e como no dia em que subiu da terra do Egito. E naquele dia, diz o Senhor, tu me chamarás: Meu marido; e não mais me chamarás: Meu senhor. (…) e os farei deitar em segurança. E desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias. E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás ao Senhor. (…) e eu direi àquele que não era meu povo: Tu és meu povo; e ele dirá: Tu és meu Deus!” Então, quando estiver vivendo um deserto, cale as dúvidas e aproveite o silêncio para ouvi-Lo e desenvolver uma profunda intimidade com Ele. Seja qual for o deserto, com Ele, jamais estaremos sozinhos.
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