O passado não é o seu lugar

Presas pela culpa gerada pelos comportamentos que adotaram, muitas pessoas não conseguem avançar. Se for o seu caso, entenda como quebrar esse flagelo e receber, finalmente, uma nova vida

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Aquela conhecida frase “seu passado o condena” é uma realidade na vida de muitas pessoas e, em razão disso, o único sentimento que elas conseguem ter é de culpa. Elas se sentem culpadas por algo que fizeram ou pelo que poderiam ter feito. Além disso, carregam traumas, mágoas, ódio, amargura e tristeza. Contudo, embora pensem que terão de ficar presas para sempre ao que ocorreu, é possível quebrar esse ciclo e ter uma nova vida.

Em primeiro lugar, é preciso entender que a culpa é uma das dificuldades que uma pessoa enfrenta para superar o passado. Ela faz a pessoa se punir e a afasta das outras e, principalmente, de Deus. O Bispo Sergio Corrêa, responsável pelo trabalho evangelístico da Universal na Bahia, explica que “a origem da culpa é o erro ou o pecado que a pessoa cometeu, que é detectado por sua consciência que começa um processo de cobrança intensa e que a faz lembrar sempre desse passado com tristeza. Por isso ela tem dificuldade de seguir em frente”. A pessoa que a carrega emite sinais muito claros, segundo destaca o Bispo Sergio: “ela vive atormentada pelas lembranças de um passado triste que traz amargura para a sua alma”. O lamento passa a fazer parte do seu cotidiano com as perguntas que não querem calar, como “por que eu fiz isso?” ou “Por que agi assim?” Há, porém, um antídoto para a culpa: o perdão. Só que, apesar de libertador, para que ele aconteça, é imprescindível, como evidencia o Bispo Sergio, que haja um arrependimento sincero, caracterizado pela decisão de não cometer mais aquele erro. E é com esta mudança de comportamento que a pessoa alcança o perdão Divino que lhe traz a paz.

Receber o perdão de Deus, por sua vez, está atrelado também a perdoar a si mesmo e, principalmente, àqueles que causaram mal a você. É neste ponto que, de acordo com Bispo, as pessoas encontram mais dificuldade: “a pessoa vai ter que sacrificar seu sentimento de mágoa e de ódio que borbulha no seu coração contra o outro e vai ter que usar a fé e a obediência na Palavra de Deus contida em Mateus 6.14-15: ‘Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas’”.

O passado a enlouqueceu
A confeiteira Maria Costa, (foto abaixo) de 39 anos, já era casada, mãe de três filhos e frequentava a Universal havia 17 anos quando, da pior maneira possível, ela lembrou de algo do passado e descobriu um sentimento sobre si mesma que a mantinha enganada e com a vida estagnada. Ela confessa o que era: “eu já não tinha contato com meu pai quando soube que ele tinha falecido e que algum familiar precisava ir ao hospital para fazer o reconhecimento dele para a liberação do corpo. Ao chegar no hospital e fazer o reconhecimento, eu acabei passando mal, desmaiei, bati a cabeça e perdi a memória.

Não me recordo de quanto tempo depois a minha memória começou a voltar aos poucos e, em flashes, veio a lembrança de que, quando eu tinha 4 anos, meu pai tentou abusar de mim”.

Assustada com aquelas lembranças, Maria, a partir dali, começou a ser atormentada pelas visões do pai, que a acusava de sua morte, e que, se ela não quisesse ser presa, teria que se matar. Se sentindo culpada pela morte do pai, Maria, segundo relata, se via toda suja de sangue, e, durante os surtos que tinha, gritava pedindo que tirassem aquele sangue dela.

Aliás, ela só consegue contar que isso aconteceu porque seu marido e seus filhos a filmavam durante as crises. Seu filho de 14 anos teve que travar uma luta corporal com ela várias vezes porque ela pegava uma faca para tentar tirar a própria vida. Em outras vezes, a família era informada que Maria tinha sido encontrada em bairros completamente distantes de onde ela morava e em situação de risco. “Eu cheguei a tomar amaciante de roupas e detergente, a comer sabão e a ser levada ao hospital psiquiátrico”, revela. Mas, quando saía do hospital, as crises continuavam e ela, então, foi levada à igreja e contida por várias pessoas. Lá, com a frequência às reuniões, Maria entendeu o que estava acontecendo com ela e compartilha: “durante 38 anos eu guardei todo esse sofrimento para mim e, apesar de frequentar a igreja, eu não conseguia me entregar a Deus e colocar a Sua Palavra em prática, porque carregava essa mágoa do meu pai. Eu dizia que o tinha perdoado, mas falar é uma coisa e perdoar de verdade é outra”.

Depois de um pedido de ajuda de Maria, o pastor conversou com ela e lhe disse que ela precisava entregar sua vida a Deus e que o primeiro passo era deixar o passado para trás, que vivesse dali para a frente e que, se assim o fizesse, em breve ela contaria seu testemunho de superação. Maria, então, tomou essa decisão. “Eu decidi que não queria mais guardar aquele sentimento, me batizei nas águas e no final do ano passado, quando ocorreu a campanha de fé da Fogueira Santa, vi a minha oportunidade, porque faltava ainda o Espírito Santo.” Ela conta o que fez para recebê-Lo: “o meu maior sacrifício foi perdoar o meu pai. Ele já tinha morrido, mas eu liberei o perdão dizendo: ‘pai, eu te perdoo. Eu não guardo mais mágoa do senhor’. Então, [depois da entrega do voto a Deus], desci do Altar leve. Parecia que tinha saído um caminhão de cima de mim. Eu já conseguia sorrir e falar do meu passado sem entrar em crise”.

Algumas semanas depois, Maria recebeu a Presença de Deus e dali em diante tudo mudou. Hoje, a Palavra que tipifica a vida nova dela pode ser lida em 2 Coríntios 5.17: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Ela detalha seu testemunho: “o que aconteceu desde que recebi o Espírito Santo nunca aconteceu antes. Meu marido e meus filhos, que nunca tinham ido à igreja, hoje estão na Presença de Deus comigo. A minha casa tem paz e consigo falar do meu passado naturalmente. Nada me assusta mais”.

Ela destaca a importância do arrependimento: “o que aconteceu comigo me levou a uma entrega sincera, a um arrependimento, porque, enquanto nós não nos arrependemos e não aprendemos a perdoar, nossa vida não muda. Nós ficamos ali tentando e não saímos do lugar. Tem que ter realmente uma entrega verdadeira e isso se resolve no Altar”, finaliza.

Um passado a serviço de Satanás
A família evangélica de Davi dos Reis, (foto abaixo) técnico de informática de 36 anos, escolheu esse nome para ele por causa do rei que foi chamado de “o homem segundo o coração de Deus” (Atos 13.22). Mas quem o conheceu no passado com certeza não compreendia como alguém de quem se esperava uma vida que exaltasse a Deus servisse ao oposto dEle, ou seja, a Lúcifer. “Eu era um adorador de Lúcifer e até fiz um pacto com ele. Eu servi a ele de corpo, alma e espírito, com a promessa de que ele me desse tudo que eu queria. A princípio, ele me deu dinheiro e mulheres, mas, à medida que fui me aprofundando nesse pacto, ele foi exigindo mais de mim”, conta.

Davi fez um pacto de sangue com Lúcifer e seguia rigorosamente os dez mandamentos da bíblia satânica, que, segundo afirma, distorce totalmente os Dez Mandamentos da Palavra de Deus. Sua dedicação era tão grande que ele já estava planejando construir na cidade onde mora, Bom Jesus de Itabapoana, no Rio de Janeiro, um templo para satanás. Ele também já tinha comprado os utensílios de ouro que seriam usados no local. O objetivo da construção era afrontar a Deus, pois esse era seu prazer. “Eu blasfemava contra Ele e O xingava cada vez mais. Fazia tudo que era errado, tudo que era podre, para desagradar a Deus”, diz.

Mas, apesar de tanto esforço para agradar ao diabo e desagradar a Deus, Davi, conforme relata, vivia sendo enganado, como reconhece: “o diabo é tão desgraçado, tão sujo, que ele sempre vai te dar algo com uma mão e tirar com a outra. Foi a partir daí que surgiram os problemas na minha vida e as desgraças foram acontecendo. Eu tinha insônia, crises de ansiedade, medos, depressão, via vultos e ouvia vozes. Como diz o ditado, eu ‘comi o pão que o diabo amassou’”. No auge da depressão, Davi tentou tirar a própria vida. “Eu não estava aguentando mais aquela vida. Aí eu pensava que, se morresse, tudo aquilo acabaria. Então, fui na cozinha, peguei uma faca e botei no meu pescoço. Só que eu não consegui dar um fim naquilo. Ali eu estava no meu limite”, descreve.

Um amigo de Davi, que tinha se convertido a Deus, nunca deixou de acreditar que veria a mudança dele e sempre o convidava para ir à Universal, apesar de Davi sempre recusar o convite. Até que um dia, enquanto estava em casa, Davi sentiu uma vontade enorme de ir à igreja, foi e conta o que aconteceu: “eu lembro até hoje exatamente como eu cheguei lá: cabelo grande, barbudo, cheio de brinco, mas ninguém me discriminou. A Palavra que mexeu comigo na reunião está em Mateus 11.28: ‘Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei’.

Quando ouvi este versículo, senti o amor de Jesus por mim. Então, eu fui até Ele e tudo que eu falei foi: ‘Deus, eu quero o Senhor’”.

Davi foi presenteado com o livro Como Vencer suas Guerras pela Fé, do Bispo Edir Macedo, e, à medida que o lia, as vozes do diabo diminuíam. Quando terminou a leitura, ele conversou com o pastor, que o orientou que o primeiro passo que ele deveria dar para alcançar uma nova vida era o do arrependimento e do batismo nas águas.

“Deus já tinha me mostrado o meu pecado, então abri mão de tudo que eu tinha e era relacionado ao mal e me desfiz de tudo. Começou o meu período de libertação. Eu fazia as correntes de sexta-feira sem faltar e coloquei dentro de mim, na minha mente, a seguinte informação: ‘vou me batizar e me entregar’. A maior decisão da minha vida foi ter me entregado a Deus”, afirma.

Se, no passado, Davi carregava o espírito do diabo, a partir de então ele tinha entendido que precisava ter o Espírito Santo. Então, ele passou a buscá-Lo até recebê-Lo e esclarece o que aconteceu: “eu senti uma paz muito grande dentro de mim e principalmente uma alegria na minha alma e Deus dizendo que eu era Filho dEle. Como Deus pode ter amado uma pessoa como eu? Deus, então, me abençoou com uma família e tem me dado alegria e paz. Hoje, eu boto a cabeça no travesseiro e durmo e tudo que eu faço é para honra e glória do meu Senhor, do meu Deus. Antigamente, eu seguia os mandamentos de Lúcifer e hoje eu sigo os Mandamentos de Deus”, conclui.

Seu passado, seu testemunho
Como foi visto nesta matéria, somente a Presença de Deus é capaz de fazer tudo novo, como está escrito em Isaías 43.18-19: “Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Eis que faço uma coisa nova, agora sairá à luz; porventura não a percebeis?”

Mas, para de fato deixar o passado para trás, é necessário nascer de novo. Isso significa uma transformação interior e ela começa com um sincero arrependimento e uma vida de acordo com o que diz a Palavra de Deus.

Aproveite os últimos dias deste ano e tome também a decisão de deixar a vida velha carregada de um passado de vergonha e procure uma Universal mais próxima de sua casa. Lembre-se: com Deus ao nosso lado, o presente e o futuro serão sempre melhores do que o nosso passado.

Deixe o passado

Primeiro passo: se arrependa sinceramente de todas as atitudes que tomou no passado obscuro que teve

Segundo passo: não volte a cometer os mesmos erros ou pecados, ou seja, morra para essas atitudes que causaram tanto mal a você. Siga o que está escrito em Romanos 6.11: “considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor”

Terceiro passo: siga a orientação dada pelo Espírito ao apóstolo Paulo em Filipenses 3.13-14: “mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus”. Ninguém consegue andar para frente olhando para trás

Uma nova chance

Muitos que um dia conheceram o Amor de Deus se sentem indignos de estar na Presença dEle por terem falhado. O apóstolo Pedro também se sentiu assim. Ele, conhecido por sua intrepidez e por ter um dia jurado que se preciso fosse morreria pelo Messias, depois de tê-Lo negado três vezes, achou que tudo tinha acabado para ele. O Senhor Jesus, porém, não o via assim, tanto que, quando Ele ressuscitou, o Anjo pediu que as mulheres que foram ao sepulcro avisassem não só os discípulos, mas também a Pedro, que eles reencontrariam o Mestre (Marcos 16.7). Ao aparecer para eles, Jesus encontrou Pedro pescando e não o acusou, nem sequer tocou no assunto, mas fez a ele a seguinte pergunta: ‘Pedro, tu me amas?’ E, diante do sim de Pedro, ordenou, em outras palavras, que ele voltasse a fazer o que antes já tinha lhe ordenado: ganhar almas (João 21.1-17). Deus não mudou os planos a seu respeito e, se Ele já o perdoou, quem é você para não se perdoar?

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Colaborador

Núbia Onara / Brezina/getty images / Demetrio Koch