O que a dengue e a covid-19 têm em comum?
Sintomas parecidos podem confundir quem for infectado por alguma delas
Em meio à pandemia de Covid-19 que já atingiu mais de 15 milhões de pessoas e causou a morte de mais de 440 mil no Brasil, outras doenças continuam acometendo a população. É o caso da dengue. Segundo dados do Ministério da Saúde, até novembro do ano passado, foram registrados 971.136 casos e 528 pessoas morreram em decorrência dela, sendo que 77% das mortes ocorreram nos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. Só nos quatro primeiros meses deste ano, a capital paulista, por exemplo, já registrou mais casos de dengue do que em todo o ano passado. Até abril, foram 2,2 mil casos, enquanto em 2020 foram 2.015 registros.
Os sintomas da dengue podem ser confundidos com os da Covid-19 e a relação entre as duas pode ser mais profunda. É o que aponta um estudo coordenado pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Marcelo Urbano Ferreira e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). De acordo com a Agência Brasil, a pesquisa analisou amostras de sangue de 1.285 moradores da cidade de Mâncio Lima (AC) e concluiu que “há um risco aumentado de Covid-19 clinicamente aparente entre as pessoas da região amazônica com infecção prévia por dengue”.
Para o infectologista Antônio Carlos Bandeira, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor de doenças infecciosas e parasitárias na Faculdade de Tecnologia e Ciências (UniFTC), em Salvador (BA), as duas têm sintomas parecidos no início: “a dengue começa com o ‘corpo moído’ pelas dores e geralmente evolui com febre, depois surgem pintinhas vermelhas no corpo, semelhantes às do sarampo. A Covid-19 também apresenta dores no corpo, mas, à medida que avançam os dias, surgem sintomas respiratórios, como obstrução nasal, coriza e dor de garganta”.
Outra semelhança é que ambas são causadas por vírus: “Na dengue, a contaminação se dá pelo vetor, que é o Aedes aegypti. Já a Covid-19 é uma doença de transmissão respiratória e o indivíduo infectado e sem máscara passa o vírus para outra pessoa desprotegida e sem máscara. Nas duas doenças podem acontecer casos de reinfecção.”
Em caso de suspeita de contaminação por qualquer uma delas, Bandeira afirma que o primeiro passo é procurar ajuda médica. “Só o médico é capaz de diferenciar uma da outra. O indivíduo doente não tem capacidade de se autodiagnosticar. Também são necessários exames laboratoriais que apontam as inúmeras alterações e sinais de alerta de que o paciente tem que ser internado”, adverte.
Bandeira ainda aconselha que as pessoas tenham atitudes preventivas: “no caso da Covid-19, ficar distante das outras pessoas e usar máscaras sempre. As melhores são as N95. Para a dengue é preciso cuidar de casa. Observe se há acúmulo de água no telhado, nas calhas e até atrás da geladeira. O mosquito é domiciliável e tem hábitos diurnos”, alerta.