O que a depressão tem tirado de você?

Além da vontade de viver, a condição tem feito muitas pessoas perderem carreira, família e sonhos. Saiba como combater e vencer esse mal do século

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“Por causa da depressão, eu passei dois anos sem sair da cama”. Esse foi o ponto mais baixo que Camila Carla Reis da Silva Soares, de 35 anos, chegou. Casada, mãe de dois filhos e natural de Teresina, no Piauí, a cabeleireira deixou sua cidade natal em busca de uma vida melhor em São Paulo, mas teve todos os seus sonhos e projetos roubados pela depressão. Foram anos de sofrimento e tentativas frustradas de tratamento, até que, como veremos mais adiante, um convite fez a sua história de vida ter um antes e um depois, colocando a depressão no passado.

Atualmente, essa é uma das doenças que mais preocupam os cientistas. São inúmeros os estudos que buscam desvendar o que está por trás dessa condição devastadora, que afeta 300 milhões de pessoas por todo o mundo – número maior que a população inteira do Brasil (hoje em 215,3 milhões). Há pesquisas recentes que apontam o excesso de açúcar como fator de risco para a depressão. Outros destacam a dengue e até o estilo de vida contemporâneo.

“A vida corrida, as cobranças do dia a dia, a internet com pressa de dar respostas rápidas, o abuso de álcool, o estresse, a falta de tempo para buscar coisas que o indivíduo gosta, a falta de emprego e as preocupações são alguns dos fatores que têm levado ao aumento expressivo no número de pessoas com depressão atualmente”, explicou a psicóloga Donzilia Aveiro, em entrevista à Folha Universal.

Assim como os fatores de risco para a depressão são incontáveis, os sinais deixados pela doença também são vastos, como enumera a especialista: “comprometimento do humor, sentimento de tristeza, vazio emocional, perda de interesse, ansiedade, insônia, falta de esperança, pensamentos de morte, entre outros”.

É possível notar que a princípio tais sintomas afetam diretamente o emocional, ou seja, o interior de cada indivíduo e, aos poucos, vão ganhando mais espaço, marcando todas as áreas da vida com seus rastros de destruição. “A curto prazo, a depressão interfere na vida diária da pessoa, na capacidade de trabalhar, no sono, na alimentação e nos relacionamentos. Ela perde o interesse por tudo e normalmente não consegue reagir a essa situação”, explica Donzilia.

Sem motivação e com tantos conflitos internos, é difícil manter a mente no lugar. E é justamente essa desordem de sentimentos e pensamentos que faz da depressão uma doença tão incapacitante. Em 2023, cerca de 150 mil pessoas
foram afastadas do trabalho em razão da depressão e da ansiedade, segundo o Ministério da Previdência Social. Esse número, no entanto, pode ser muito maior se consideradas as pessoas que atuam no mercado informal ou que possuem o próprio negócio.

Esse impacto na vida profissional é só a ponta do iceberg. “Por não se sentir fazendo parte do mundo, a pessoa com depressão pode distorcer a realidade ou não se interessar em fazer parte dela”, completa a psicóloga. Assim, a depressão não afeta apenas o indivíduo que sofre com a condição, mas faz com que todos que estejam ao redor também sofram. E esse argumento surge, muitas vezes, para alimentar pensamentos de morte – caminho que não resolve o problema e traz ainda mais sofrimento.

Depressão não é frescura

É importante entender que quem sofre com depressão quer tirar a dor que carrega em seu peito e para isso precisa de ajuda. Nem sempre há motivos evidentes para a insatisfação ou a tristeza profunda. Quem já passou pelo problema relata que a dor simplesmente está ali, sem explicação. “Existem casos que estão relacionados ao luto ou a decepção, mas muitas pessoas têm chegado até nós contando que a depressão surgiu do nada; elas dormiram felizes e acordaram tristes, se afundando a cada dia”, explicou o Pastor Jefferson Garcia, responsável pelo projeto social Depressão Tem Cura (DTC).

Ele conta que entre as maiores frustrações das pessoas está a falta de resultados positivos nos tratamentos clínicos. “Isso acontece porque, apesar do físico apresentar problemas, a raiz da depressão está na alma”. E nesse sentido, medicamentos ou sessões de terapia são limitados, o que não significa que a depressão é incurável. Ao contrário, demonstra apenas que o caminho para a cura desse mal é a fé.

Na prática, a fé depositada na Palavra de Deus tem o poder de transformar qualquer situação. Isso porque ela muda a forma com que a pessoa enxerga as coisas e esse é o início de uma nova vida, afinal “os olhos são a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será cheio de luz. Mas se os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas” (Mateus 6.22-23).

A fé inteligente leva o indivíduo a tirar o seu coração das dores e dos traumas do passado para se agarrar a Deus e às Suas promessas. Assim, ele passa a crer que o Altíssimo conhece a cada um detalhadamente (Jeremias 1.5), que é amado de forma incondicional (João 3.16) e que não precisa ter medo, pois não está sozinho (Deuteronômio 31.8). A determinação em trocar os pensamentos de morte pelos pensamentos de Deus faz a diferença na vida dos que creem.

Para aqueles que ainda resistem em crer que a cura está a uma atitude de fé de distância, vamos retomar a história de Camila, que conhecemos no início desta reportagem.

Sofrendo calada

“Eu já nasci em desvantagem, criada pela minha avó em meio à miséria, sem alimentos, roupas ou calçados, nem uma cadeira para sentar. Toda essa limitação me fez uma criança deprimida. Para sair dessa situação, eu decidi me casar aos 13 anos, mas nada mudou. Fiz minha casa de barro e usava xampu, sabonete e creme dental de soda. Tudo o que eu tinha vinha de doações ou era obtido no lixo”, relata ela.

Na tentativa de mudar esse cenário, ela, o marido e seus dois filhos saíram da capital piauiense em direção à São Paulo, onde encontraram ainda mais dificuldades. “Morávamos em um porão. Por um tempo, eu lutei para sair daquela situação, mas chegou um dia em que eu me entreguei à tristeza profunda. Eu chorava o tempo todo, sentia um vazio na minha alma e já não queria mais levantar da cama”, revela.

Sem vontade de viver, Camila buscou a ajuda de especialistas. “Eu fiquei fazendo tratamento por dois anos, fui internada três vezes pelo Caps (Centro de Atenção Psicossocial), tentei suicídio três vezes, ganhei muito peso e, para mim, parecia que não havia mais saída”, conta. “Eu perdi tudo para a depressão, até a fala, porque eu tinha decidido que não adiantava falar, já que eu tentava explicar o que eu sentia e parecia que ninguém me entendia”, completa.

Toda essa dor chegou ao fim quando Camila foi ao Templo de Salomão, em São Paulo. “Eu fui no evento Vida a Cores. Assim que eu entrei lá, já senti paz, mas tudo mudou quando fui diante do Altar e entreguei a Deus todo o meu passado. Fui sincera e lembrei de tudo, deixando todos os meus sofrimentos no Altar: os dias que passei em meio ao lixo, a miséria e inclusive tudo o que os médicos já tinham falado sobre meu diagnóstico. Tive alguns minutos para falar com Deus e, quando eu abri os meus olhos, enxerguei as coisas diferentes. Eu estava leve, com a alegria dentro de mim”, descreve.

A mudança dela foi acompanhada pelo empenho em conhecer a Deus e alimentar a alma de Sua Palavra. Gradativamente, o exterior também foi restaurado. Camila passou a ter forças para investir em seu casamento, desenvolveu seu talento como cabeleireira e hoje se dedica também a ajudar aqueles que sofrem com a depressão. “Hoje eu consigo falar para as pessoas com depressão que há uma saída. Quando nos entregamos a Deus, a tristeza e o passado se transformam em
nada”, conclui.

O poder restaurador da fé

Atuando como jogador de futebol no exterior, Lucas Fernando Batista de Souza, de 36 anos, vivia uma vida marcada por festas, relacionamentos casuais e ostentação. “Depois de um campeonato, vim passar férias no Brasil e gastei todo o dinheiro que ganhei em um mês. Nesse período, um suposto empresário disse que me levaria para jogar na Europa, então saí do meu time para crescer profissionalmente, mas descobri que tinha caído em um golpe. Naquele momento me vi sem contrato, sem dinheiro e sem perspectiva”, conta.

Em poucas semanas, a vida de Lucas virou de ponta-cabeça e, para se sustentar, passou a trabalhar com o pai como ajudante de obra. “Ali, a depressão veio pesada, alimentada pela culpa. Eu ficava trancado no quarto e não queria saber de mais nada”, afirma. Nesse período, o que não faltou foram tentativas de ser feliz. “Eu tentava me preencher com trabalho e com dinheiro. Mas, como as coisas davam errado, eu ficava pior, a ponto de ter pensamentos de morte”, revela.

Nessa condição de tristeza profunda, Lucas conheceu a sua atual esposa, a nutricionista Priscilla de Souza Silveira, de 40 anos, que já tinha um histórico de uma década de depressão. Ela conta como era o seu sofrimento antes de conhecer Lucas: “tive um quadro depressivo depois do suicídio do meu pai, em 2016. Como eu não o via há muitos anos, algumas pessoas disseram que ele tinha morrido em meio ao abandono. Essas palavras entraram dentro de mim e junto veio a depressão”.

Desse momento em diante, a vida dela mudou. “Eu tranquei a faculdade, não dormia, passei a ter fobia de dirigir e entrava em pânico quando ouvia um telefone tocar, com medo de serem notícias ruins”, relata. Na tentativa de ter uma rotina normal, Priscilla obteve o apoio de psiquiatras e psicólogos, mas, conforme ela diz, “os remédios não conseguiram me estabilizar e, então, eu tentei me matar pela primeira vez”.

Depois de se recuperar fisicamente, Priscilla encontrou nos vícios uma fuga temporária para a dor. “Eu comecei a misturar a medicação para a depressão com o álcool e quando vi eu estava com um quadro de alcoolismo. Nessa situação, meu primeiro casamento não aguentou. Separada, comecei a ter crises piores, conheci as drogas e cheguei ao ponto de dormir na rua, sem saber onde estava”, declara.

Priscilla diz que na sua mente só passavam pensamentos negativos e de morte. “Eu achava que eu não tinha valor, que minha vida não tinha jeito, que eu não teria futuro por não ter estudado, que era uma vergonha para a minha família. E isso dava força ao pensamento de que eu não queria mais existir”, afirma. Mesmo assim, Priscilla deu início a um relacionamento com Lucas e juntos foram ao fundo do poço: “tínhamos muitas brigas, eu me automutilava e cheguei a esfaqueá-lo. E o pior é que as pessoas não entendiam e achavam que era falta de caráter”, observa.

Foram inúmeras tentativas de suicídio até que o casal conheceu a Universal por meio da mãe de Priscilla. Lucas explica como isso aconteceu: “ela ainda estava internada depois de mais uma tentativa de suicídio, quando o pastor foi até o hospital fazer uma oração. Ele falou que se eu me apegasse à Palavra de Deus tudo iria ser diferente e eu cri. Tirei uma foto dela no hospital para servir de testemunho, ela se recuperou, saiu do hospital e nós passamos a frequentar as reuniões. Entendemos que o nosso maior problema era espiritual e passamos a lutar com Deus”.

Priscilla afirma que não foi da noite para o dia que a mudança aconteceu, mas que sua transformação se deve ao fato de ela aprender a exercitar a fé e deixar de ouvir seus próprios sentimentos: “eu passei a dizer para mim mesma que eu estava curada, todos os dias. E quando eu menos esperava, não sentia mais necessidade de tomar a medicação e desapeguei da dor de tudo o que eu tinha perdido. Por meio da fé, recebi o Espírito Santo e fui cheia da alegria que vem de Deus. Desde então, já passei por muitos problemas até bem graves, mas nada me tirou a alegria e a paz que Deus me deu”.

Hoje, Lucas e Priscilla estão curados da depressão, têm um casamento abençoado e são empresários. “Trabalhamos com negociações internacionais de jogadores. Onde eu tinha sido envergonhado, Deus restituiu”, finaliza ele.

Tem jeito para você

Essas histórias não deixam dúvidas que a depressão pode ser vencida por meio da fé manifestada em Deus. Independentemente da sua condição, de tudo o que você já perdeu ou até dos pensamentos que têm rondado sua mente, há uma saída. Faça diferente, entregue a sua dor a Deus e deixe que Ele trabalhe para curá- la.

Em todos os templos da Universal, é possível encontrar voluntários do grupo Depressão Tem Cura. Eles estão preparados para amparar gratuitamente aqueles que sofrem com a depressão e os familiares que buscam a cura de seus entes queridos. Para conhecer esse projeto, acesse o site depressaotemcura.com ou envie uma mensagem de WhatsApp para (11) 3573-3662. Uma coisa é certa: você não está sozinho.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Fotos: Thai Liang Lim/GettyImages, Demétrio Koch, Produção Solo Sagrado/DF e kieferpix/GettyImages