O que Diná pagou para ver?

Uma mera espiada foi suficiente para seduzir e ferir a única filha de Jacó. Com a história dela, a novela Gênesis fará o público aprender a olhar para si mesmo

Imagem de capa - O que Diná pagou para ver?

Se você pudesse sair de onde está para ver qualquer coisa, para onde iria? Essa liberdade com ares sedutores colocou a personagem bíblica Diná em apuros, como poderá ser visto na novela Gênesis, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 21h, na Record TV. Diná, interpretada por Giovanna Coimbra, era filha de Lia (Michelle Batista/Ingra Lyberato) e Jacó (Miguel Coelho/Petrônio Gontijo). A sexta e penúltima fase da superprodução retrata o momento em que o caminho da moça se cruza com o de Siquém, vivido pelo ator Marcelo Filho.

Embora a Bíblia não dê muitos detalhes sobre quem foi Diná, conseguimos entender muito a seu respeito por meio deste versículo: “E saiu Diná, filha de Lia, que esta dera a Jacó, para ver as filhas da terra.” (Gênesis 34.1). Ao sair para ver as filhas da cidade vizinha ao acampamento, Diná foi violada por um dos príncipes daquela terra que, por incrível que pareça, a Bíblia relata como o filho mais honrado daquele rei. (Gênesis 34.19). Ao pedir para se casar com ela, pois “apegou-se a sua alma com Diná”, os filhos de Jacó fingiram conceder a mão da irmã a ele, com a condição de que todos os homens daquela cidade fossem circuncidados. Ao longo do capítulo 34 de Gênesis, é possível acompanhar o desfecho: “E aconteceu que, ao terceiro dia, quando estavam com a mais violenta dor, […] Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, […] e mataram todos os homens. […] E eles disseram: Devia ele tratar a nossa irmã como a uma prostituta?” (Gênesis 34.25-31). Depois da tragédia, Deus orientou que Jacó voltasse para Betel. (Gênesis 35.1).

ENTRELINHAS
Diná “foi um dentre os sete filhos de Lia com Jacó e, dos 13 filhos que tiveram, a única mulher”, conta Raphaela Castro, uma das autoras da novela Gênesis, em parceria com Camilo Pellegrini e Stephanie Ribeiro. Ao falar com exclusividade à Folha Universal, ela observa que, “embora a Bíblia não dê esse detalhe, Diná foi uma moça muito protegida por ser a única mulher entre tantos homens e também pela diferença de idade entre eles. Mas, por causa disso, também era protegida de conhecer outras coisas. Na verdade, a vida que Jacó e os patriarcas levavam era mais isolada. Eles não se misturavam com outros povos”. Eles estavam acampados perto da cidade de Siquém quando Diná resolveu ver as mulheres do lugar. “Se a Bíblia deu esse detalhe, é um indício de que não era uma coisa que se fizesse comumente”, cita.

OS OLHOS DE DINÁ
Raphaela lembra que, geralmente, quando uma pessoa cresce em um ambiente bom, ela tende a ser ingênua e pensar que todo lugar é assim. Diná era inocente, mas também curiosa. “Compreendemos que ela tinha essa curiosidade de saber ‘o que mais’ – um pouco do que Eva teve em relação ao fruto que Deus tinha proibido. A história da Diná ilustra os perigos e as consequências disso e, principalmente, ensina a valorizar o bem que você tem: Diná só deu valor ao bem quando o perdeu. Ela achava que o bem que tinha não era suficiente até que conheceu o mal.”

A principal questão é justamente entender como o coração pode ludibriar uma pessoa a partir daquilo que os olhos veem sem que ela enxergue, raciocine e faça ponderações. “Por causa do coração, você vê o que não existe e ignora fatos que são óbvios para qualquer pessoa à sua volta. Pelo fato de Diná previamente desejar aquilo, o coração dela a ilude e isso traz consequências terríveis para ela naquele momento, para outras pessoas, para o futuro e para a família dela. É uma história muito poderosa que qualquer um vai se identificar porque já passou por isso, está passando ou tem esse sentimento.”

O Bispo Edir Macedo falou da história de Diná em uma meditação. Para ele, Diná “caiu na tentação de ver as filhas da terra, como elas andavam e as roupas que vestiam. Você verifica que Abraão, Isaque e o próprio Jacó estavam sempre dentro de seus acampamentos, mas aqueles que saíram acabaram se perdendo, perdendo a Fé e aprendendo os valores que levam à perdição”, disse.

VALE A PENA?
A verdade é que enquanto Diná estava com as filhas do acampamento ela estava debaixo de uma proteção, mas, ao deixá-lo, ela se tornou vulnerável. Infelizmente, muitas pessoas agem como Diná atualmente e amargam o mesmo fim: elas deixam de lado a comunhão e a proteção espiritual para bisbilhotar e fazer o que bem entendem longe dos olhares do acampamento, de suas Igrejas. Como Diná, muitos não estão enxergando a própria vida espiritual nem os perigos que estão a um palmo do próprio nariz.

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Colaborador

Flavia Francellino - Foto: Reprodução