Olhar não tira pedaço?

O mundo prega que aquelas “inocentes” olhadas nas mulheres são inofensivas, mas a realidade não é bem essa

Imagem de capa - Olhar não tira pedaço?

Criou-se há tempos uma “convenção social” de que homens devem, para se afirmar, olhar com cobiça (ou mesmo dar “cantadas”) para quaisquer mulheres que passem por eles. E esse é um comportamento lamentável. Um levantamento da ONG Think Olga revela que 99,6% das mulheres brasileiras já sofreram assédio – a maioria delas em locais públicos. Esse hábito animalesco faz parte do dia a dia de homens de todas as idades, níveis sociais e credos. Mesmo alguns comprometidos dão as “olhadinhas inocentes” e até comentam em alto e bom som sobre as mulheres que passam. Algumas delas, mais fracas de autoestima ou que dão menos importância ao tratamento digno, dizem, inclusive, que gostam disso para que se sintam “apreciadas”, o que, na verdade, é uma grande deturpação dessa palavra e alimenta o ego do assediador.

Essa atitude, no entanto, não é nada saudável, sem falso moralismo. Claro que há mulheres que chamam a atenção, propositalmente ou não, mas as consequências das olhadas não são poucas. Elas nos distraem de atividades importantes (no caso dos motoristas, até acidentes acontecem), alimentam pensamentos impuros, fazem o homem passar a ver a mulher como objeto de prazer, mostram desrespeito pela mulher em geral e são péssimos exemplos para filhos, entre outros transtornos citados pelo escritor Renato Cardoso (veja mais usando o QR Code abaixo). Agir assim é tão prejudicial que até mesmo o Senhor Jesus reservou um espaço em Seu Evangelho para condenar a prática: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno”. (Mateus 5.28-29).

Mas por que é tão ruim?
Além do desrespeito já descrito, esse comportamento ainda traz mais consequências sérias. “Uma olhadinha” é algo muito fácil de sair do controle e, como algumas drogas, o pecador tende a sempre procurar algo mais “pesado”.

Quem começou somente olhando logo passa a dar as famosas cantadas baratas e, não em poucos casos, chega a importunar mulheres fisicamente – o que é crime passível de prisão, caso alguns finjam não saber.

E existem ainda as consequências espirituais. Exagero? Reflita: todos têm os dias contados. Desrespeitar o Evangelho pode ser, literalmente, a última coisa que esse cobiçador fez.

É necessário que o homem utilize a razão e a disciplina, em vez das emoções, que seja maduro e não um moleque movido pelos hormônios. Ao perceber que pousou os olhos sobre uma mulher, desviar o olhar não é impossível, ao contrário do que muitos dizem. É verdade que o pecado não é exclusividade de um gênero apenas, mas o homem de verdade se protege dos “chamados” da carne. Se o ditado diz que “quando um não quer, dois não brigam”, o mesmo também vale para outros verbos.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: getty images