Onde está a qualidade da educação no Brasil?
País lidera ranking mundial de violência nas escolas, enquanto o desempenho de estudantes despenca
O Brasil lidera o ranking de agressões contra docentes, de acordo com uma pesquisa feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre violência em escolas que ouviu mais de 100 mil professores. Na pesquisa, 12,5% dos educadores entrevistados afirmaram ter sofrido agressões verbais ou intimidações por parte de alunos. As consequências da violência são preocupantes para a saúde emocional e física.
Uma pesquisa recente, divulgada em dezembro de 2019, realizada pelo Instituto Locomotiva e pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), revelou que 54% dos docentes já sofreram algum tipo de violência nas escolas. Entre os estudantes, 37% declararam ter sofrido violência.
Outro dado preocupante e que também foi divulgado no mês passado sobre a educação é o resultado do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). No levantamento, foram avaliados 600 mil estudantes de 80 países, sendo 13 mil no Brasil. A posição do Brasil que era a 65ª entre 80, despencou para a 70ª colocação.
Mais de 68% dos estudantes brasileiros estão no pior nível de proficiência em matemática, para se ter uma ideia. É a quinta maior desigualdade do mundo nessa disciplina.
Sem contar os resultados muito abaixo do esperado em língua portuguesa: 50% dos alunos não chegaram ao mínimo de proficiência que devem ter no ensino médio em seu próprio idioma.
Em relação ao nível de escolaridade, os estudantes brasileiros estão atrasados em dois anos e meio na comparação com os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tais como México, Chile, Noruega, Dinamarca, França Cenário pouco propício
Só em 2019, de acordo com o levantamento sobre o estudo de casos de violência nas escolas, citado no início desta matéria, 90% dos docentes e 81% dos alunos relataram casos de violência na rede estadual de ensino. As razões para a maioria dos casos de agressão envolvem bullying, agressão verbal, agressão física e vandalismo.
Para os estudantes, prevalecem os casos de bullying, citados por 62% deles. Já para os professores, os episódios mais frequentes são de agressão verbal, citada por 83% dos educadores.
Os docentes que sofrem com as agressões costumam desenvolver sintomas psicossomáticos, como dores de cabeça, tontura, náusea, diarreia, taquicardia, dores musculares, além do estresse, o que pode contribuir para diminuir a resistência imunológica e abrir portas para diversas doenças.
Como é possível oferecer uma educação de qualidade e com bons rendimentos por parte dos estudantes quando o cenário não é adequado nem para que o docente possa ministrar as suas aulas nem para que os alunos aprendam e absorvam todo o conteúdo do qual necessitam?
Vale a reflexão.