Onde está sua vaidade?
Seja na aparência, seja nos anseios da vida terrena ou até dentro da igreja, é necessário cuidado para que a falta de modéstia não cresça como erva daninha
“Qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória. Valorização que se atribui à própria aparência, ou quaisquer outras qualidades físicas ou intelectuais, fundamentada no desejo de que tais qualidades sejam reconhecidas ou admiradas pelos outros”. Segundo o dicionário, essa é a definição de vaidade, que é confirmada com a visão de uma pessoa vaidosa que comumente temos.
Quando pensamos em vaidade nossa imaginação logo esboça o perfil de alguém que dedica horas à academia, sujeita-se a dietas, está sempre com as vestimentas seguindo a moda do momento e não mede esforços nem investimentos financeiros para estar dentro do tal padrão de beleza, mesmo que isso signifique sacrifícios e fazer uso de dezenas de produtos, medicamentos e procedimentos estéticos. Só que no íntimo dessa pessoa não está necessariamente o desejo de ser saudável e se sentir bem consigo mesma, mas, sim, se sentir aceita, ganhar reconhecimento e receber elogios.
Fundamentar a vaidade apenas no aspecto físico é comum ao ser humano, afinal nossa inclinação é olhar tudo com os olhos naturais e focar as mazelas naquilo que é tangível e passageiro. Todavia, no rol sutil, porém nitidamente perceptível da vaidade, também estão outras vaidades como a sina por ser o melhor nos estudos, levando ao esgotamento mental ou dezenas de diplomas a acumularem pó; a obsessão por ser o número um em seu ramo de atuação profissional, tornando o ambiente de trabalho tóxico; o desejo de ter cada vez mais seguidores e curtidas nas redes sociais, mesmo que isso signifique se expor desnecessariamente ou viver uma vida de fachada; estar em um relacionamento amoroso apenas para mudar o status; e pasme: até mesmo a busca por ser batizado com o Espírito Santo ou ansiar por uma posição no corpo eclesiástico pode estar ligado à vaidade, quando a pessoa deseja o Espírito de Deus e faz a Obra dEle apenas para dizer “eu tenho” e “eu faço” e não para, de fato, conhecê-Lo, fazer a Vontade do Pai e cumprir a Sua Palavra.
A vaidade das vaidades
A Bíblia traz diversos exemplos e passagens para alertar sobre a vaidade e o seu mal. Em meditação sobre o tema, o Bispo Edir Macedo alerta que a vaidade suscita o apelo de a pessoa ser glorificada, honrada e laureada, levando-a a se colocar no lugar que pertence a Deus. “Não estou falando da vaidade física. Estou falando da vaidade espiritual, que é pior. A vaidade física já leva a ruína, imagine a espiritual”, explica ele. “Esse é o grande pecado que envolve as pessoas dentro das igrejas. Muita gente quer ser reconhecida e quando não é, fica triste e sai da igreja, deixando a fé por uma porcaria de vaidade que vai ficar toda por aí”.
Jó 15.31 adverte: “não confie, pois, na vaidade, enganando-se a si mesmo, porque a vaidade será a sua recompensa”. Mas, o que verdadeiramente se ganha com a vaidade? Frustração por elogios vazios, desfiguração da própria aparência, doenças físicas e emocionais pelo esforço vão, perda da paz, reconhecimento de pessoas pela beleza que se deteriora ou pelo trabalho realizado na igreja ao preço de ouvir do Senhor Jesus “apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7.23), por correr atrás das vaidades que massageiam o ego e o orgulho diante de uma posição ilusória de servo.
“O servo não tem vaidade. Se o servo tem alguma coisa que valha a pena é esperar e aguardar que o seu Senhor venha honrá-lo. É isso que Jesus disse com ‘se alguém Me servir, Meu Pai o honrará’ (João 12.26). A vaidade não se aproveita para absolutamente nada. Se você seguir a vaidade e der ouvidos à sua vaidade, estará se encaminhando para a cova e, o pior de tudo, a sua alma vai para o inferno”, ressalta o Bispo Macedo.
Equilibrando ações e anseios
Até a melhor das intenções, metas e escolhas pode culminar em vaidade. Quando não se enraíza desde o princípio, ela fica à espreita, esperando uma brecha no dia a dia, no trabalho e nas conquistas daquilo que está “debaixo do sol”. Então, onde está a linha tênue entre viver e se envaidecer?
Fugir da vaidade não significa abandonar a academia, ignorar a saúde de seu corpo ou não cuidar de sua aparência, tampouco deixar de aprimorar seus talentos, não desejar o avanço de sua vida profissional ou recusar qualquer eventual posição no exercício da Obra de Deus. É importante se atentar para a saúde e refletir a beleza interior no exterior, assim como dar o seu melhor em tudo o que se propõe a fazer e aceitar quando tal dedicação lhe traz algum retorno. Tudo com equilíbrio e mantendo o foco no que realmente importa.
É necessário discernimento e uma autoanálise constante de suas intenções por trás de cada aspiração, das ações diárias e até das reações diante da retórica de outros, principalmente quando se tratar de elogios e gratificações. Isso porque fugir da vaidade não é fugir das responsabilidades de uma vida abundante neste mundo, mas é jamais se esquecer do que é eterno. É se colocar na posição de servo fazendo o seu melhor com humildade e reconhecer que toda honra e glória pertence única e exclusivamente ao Altíssimo. Como está escrito: “mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me entender e Me conhecer, que Eu Sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas Me agrado, diz o Senhor” (Jeremias 9.24).