Pandemia da fome
A pandemia do novo coronavírus pode ter um desdobramento aterrorizador: o aumento da fome em todo o mundo. Mais de 135 milhões de pessoas poderão entrar em situação de fome neste ano, segundo um novo informe da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a desnutrição no mundo.
Em 2019, a estimativa era que 130 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar. Ou seja, com as consequências econômicas da Covid-19, o número total de pessoas em situação de fome pode chegar a 265 milhões. África, Ásia e América Latina serão as regiões mais afetadas, de acordo com a ONU. Nos países mais pobres, o aumento do desemprego, a queda nas exportações, a perda de renda, a crise sanitária e a recessão global representam um conjunto de problemas que pode se tornar uma bomba-relógio. “A Covid-19 é potencialmente catastrófica para milhões de pessoas que já estão ‘por um fio’”, disse Arif Husain, economista-chefe e diretor de pesquisa do Programa Mundial de Alimentos.
Para lidar com a crise alimentar, a instituição prevê que sejam necessários US$ 350 milhões de forma urgente, mas, até agora, só um quarto desse valor está disponível. Outro alerta da entidade é que a crise pode estimular uma onda de protestos sociais.
No dia 22 de abril, ministros e secretários de Agricultura de 34 países das Américas se reuniram remotamente para compartilhar políticas e ações para enfrentar os impactos da pandemia de Covid-19 na segurança alimentar de suas populações e nos sistemas alimentares.
O evento inédito foi organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação em Agricultura (IICA) e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). As autoridades destacaram a importância da disponibilidade de alimentos a preços justos, do impulsionamento do comércio de alimentos na região e da segurança e redução de riscos para a saúde de todos os envolvidos na produção, na distribuição e na venda.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Tereza Cristina, participou do evento. “As cadeias agroalimentares serão essenciais para manter o emprego e serão motores para uma rápida recuperação pós-crise”, disse. Ela ainda destacou a importância da agricultura familiar: “o comércio livre e justo é a chave para o fornecimento de alimentos, especialmente para as áreas mais pobres do mundo”.
O informe sobre desnutrição da ONU também aponta dados sobre a crise da Venezuela, que tem 9,3 milhões de pessoas famintas. O país figura entre os quatro maiores no ranking de desnutrição do mundo, superando países africanos como Sudão do Sul, Nigéria e Etiópia. A realidade venezuelana só não é pior do que os problemas enfrentados por Iêmen, República Democrática do Congo e Afeganistão. O PIB per capita da Venezuela caiu 76% entre 2015 e 2020. Com uma inflação de 200% ao mês, o resultado foi a perda de poder aquisitivo da população em 8.000% na compra de alimentos em 2019.
Apesar dos alertas da ONU e dos esforços dos países das Américas no combate à fome, o enfrentamento da desnutrição também depende do envolvimento de toda a sociedade, incluindo empresários, instituições religiosas e terceiro setor. Nesse sentido, as ações organizadas pela Universal com milhares de voluntários no Brasil e no mundo são um exemplo de como o problema pode ser combatido com força de vontade.
Enquanto os países precisam aguardar trâmites burocráticos e políticos para iniciar o combate à fome, os voluntários da Universal entram em ação graças à dedicação de cada um deles. Quem tem fome tem pressa e as ações promovidas pela Igreja são a prova de que a fé e a capacidade de auto-organização são capazes de mover montanhas. Por isso, se você tem participado das ações de coleta e distribuição de alimentos, há uma boa notícia em meio ao caos da pandemia: você está ajudando a mudar a História.