Papa Francisco critica, de novo, a propriedade privada
Pensamento do líder católico se alia a de um "socialista"
O Papa Francisco, líder da Igreja Católica, demonstrou mais uma vez seu desapreço pelo direito individual à propriedade. Dessa vez, em discurso ao Primeiro Encontro Virtual dos Juízes Membros do Comitê para os Direitos Sociais da África e do Continente Americano, ele afirmou:
“Construamos a nova justiça social, admitindo que a tradição cristã nunca reconheceu como absoluto e intocável o direito à propriedade e sempre destacou a função social de qualquer uma de suas formas. O direito de propriedade é um direito natural secundário, derivante do direito que todos têm, que nasce da destinação universal dos bens criados. Não há justiça social que possa ser construída sobre a iniquidade, que pressupõe a concentração de riqueza”.
A declaração gerou reações adversas entre aqueles que defendem o capitalismo e o direito à propriedade individual. Mas essa não foi a primeira vez que isso aconteceu. Anteriormente, por exemplo, o Papa criticou tanto o capitalismo que o economista-chefe do centro de estudos conservador The Heritage Foundation (EUA) Stephen Moore declarou:
“É inquestionável que ele tem se mostrado bastante cético em relação ao capitalismo e ao livre mercado. E eu acho isso muito preocupante.”
Membros da esquerda também notaram a aproximação do Papa com seus ideais. O presidente de Cuba Raul Castro, comunista e irmão do ditador falecido Fidel Castro, aproveitou uma viagem à Rússia para visitar o Vaticano, em 2015. Na ocasião, ele elogiou as declarações papais:
“Se o Papa continuar nesse caminho, eu vou voltar a rezar e retornar à Igreja. Não estou brincando”.
Justiça social?
Chama atenção o fato de o líder da Igreja Católica falar em compartilhar propriedades, quando a própria Igreja não revela ao público a real extensão de suas terras. Além de possuir um país europeu – o Vaticano – a igreja tem terras espalhadas pelo mundo inteiro.
Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo em meados dos anos 1990 afirmava que “Igreja poderia assentar mais de 20 mil famílias” se compartilhasse seus 330,6 mil hectares de terras agrícolas que possui somente no Brasil.
A resposta da Igreja foi que a informação era imprecisa, pois as terras eram divididas em áreas pequenas demais, muitas com menos de 10 hectares cada (100 mil metros quadrados).
O jornalista Dioclécio Luz, em artigo escrito há alguns anos, afirma que “A história da igreja Católica revela que a instituição não tem nada de santa e que as atitudes mais atuais […] é uma continuidade dessa sua ambição pelo poder. É uma história que se inicia há mil anos, quando ela dominava os Estados e ampliava seus territórios, trucidando os adversários; expandiu seu poder com as cruzadas; criou a inquisição para torturar e matar seus inimigos, em especial as mulheres; quase dizima os índios de toda a América; apoiou Mussolini e Hitler e assim conseguiu dinheiro e as terras onde hoje se assenta o Estado do Vaticano; apoiou os ex-nazistas após a Segunda Guerra mundial; protegeu os padres pedófilos da Igreja; faz campanha contra o uso da camisinha; faz campanha contra a descriminalização do aborto; discrimina os homossexuais”.
Já o historiador Laurentino Gomes, em seu livro “Escravidão”, mostra que a Igreja Católica não apenas tomava terras, como financiava o escravagismo – sistema que torturou e matou milhões de pessoas e depois às jogou à rua, sem ter onde morar. O controle era tanto que, por exemplo, “o bispo do Congo e Angola recebia um ordenado de 600 mil réis por ano da Coroa portuguesa, que era pago com direitos de exportação de escravos.”
Repercussão
Internautas desabafaram e questionaram a nova declaração do Papa. Confira algumas deixadas no site Dom Total:
Lia Li registrou:
“Acho que se houvesse mais igualdade haveria menos desigualdade…veja o vaticano com moeda própria, ouro e artes, (até parece outro mundo), terras e mais terras espalhadas pelo mundão afora. Se vendessem para repartir entre os fiéis, haveria nobreza e mais peso nas palavras de quem pode fazer algo se quisesse”.
Juca Costa tem pensamento semelhante:
“O papa deveria ser o primeiro a dar o exemplo. Começando a dividir o Vaticano com os pobres de todo o mundo, como também, partilhar os trilhões de dólares com eles.”
Já Bento Gonçalves afirma:
“Claro, vamos vender essas igrejas que foram todas doadas e nos melhores locais de cada cidade no mundo inteiro. O sapato aperta somente no pé do vizinho, falar é muito fácil, principalmente pra quem nunca trabalhou pra ganhar nada.”
Já no site Renova Mídia, Paulo Arais, por sua vez, questiona:
“Além de nunca ter lido a Bíblia esse hipócrita convenientemente esquece que a Igreja Católica ainda hoje possui muitíssimos bens espalhados pelo mundo.
Será que ele vai distribuir os imóveis e dinheiro da igreja pra mostrar o quanto acredita no que fala?”.