Para não dar voto às deepfakes

Como diria a nossa avó: "nem tudo o que reluz é ouro". Ainda mais às portas das Eleições Municipais e em tempos de fake news

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Muitos alertas dados nos tempos de nossos avós costumam soar muito bem nos dias de hoje. Assim, não é difícil entender que “focinho de porco não é tomada” e que “nem tudo o que reluz é ouro”. Em outras palavras, nem tudo o que parece ser realmente é. Assim, na era das fake news – no bom português, das notícias falsas –, além dos cliques, as mesmas ganham voz, rosto e movimentos através das chamadas deepfakes, conteúdos altamente realistas criados por inteligência artificial (IA). Às portas das Eleições Municipais de 2024, esse conteúdo pode influenciar indevidamente eleitores e, ainda, arruinar a credibilidade dos candidatos.

De olho nessa possibilidade virtual, as deepfakes entraram na mira do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que regulamentou, em fevereiro deste ano, o uso da IA na propaganda de partidos, coligações, federações partidárias e candidatos. As alterações feitas na Resolução nº 23.610/2019, que trata da propaganda eleitoral, incluem a proibição das deepfakes e a obrigação de aviso sobre o uso de IA.

O artigo “Prognósticos das deepfakes na política eleitoral”, disponível no Portal de Revistas da Universidade de São Paulo (USP), aponta que as deepfakes “correspondem ao estágio mais avançado das chamadas fake news ou indústria da desinformação” e que tanto a “desinformação e as fake news trazem efeitos nefastos para o funcionamento do sistema eleitoral democrático, provocando a amplificação da polarização política já existente.” Ainda acentua a grande contribuição da IA “nos mecanismos de persuasão” o que inclui “gerar conteúdos sintéticos cada vez mais fidedignos, a ponto de trazer novos problemas de dissociação cognitiva entre fantasia e realidade”. A publicação considera que “o maior estrago que uma deepfake pode fazer “não é convencer que o falso é de fato verdadeiro, mas, sim, que o verdadeiro é algo falso, incutindo o ‘vírus’ da desconfiança e incredulidade no imaginário coletivo”.

A pirataria da fake news

É importante lembrar que a deepfake não é uma ferramenta ruim, mas sim, “o uso mal intencionado dela”, como conta à Folha Universal Ricardo Holz, especialista em administração pública e autor do livro Manual básico para não ser enganado por políticos. Como ele cita, um agente mal intencionado pode se valer das deepfakes para disseminar notícias falsas: “por exemplo, ao exibir pessoas falando aquilo que nunca falaram, tentando usurpar-se de eventual credibilidade ou influência da vítima”. Quanto ao cenário eleitoral, ele reitera que “a regulamentação do TSE visa evitar a disseminação de informações falsas que teriam o condão de desequilibrar a disputa”. Contudo o eleitor, no papel de consumidor de conteúdo digital, pode se encontrar virtualmente vulnerável. A seguir, saiba mais sobre as deepfakes e como fugir delas.

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Colaborador

Flavia Francellino / Arte: Edi Edson