Parecia uma espinha no pescoço, mas era um câncer

Saiba como Sidnei Camargo reverteu a seu favor o que parecia o pior pesadelo da sua vida

Imagem de capa - Parecia uma espinha  no pescoço, mas era um câncer

Em 2020, o vidraceiro Sidnei Alves de Camargo, hoje com 56 anos, notou que um caroço apareceu em seu pescoço. Ele conta o que aconteceu dali em diante: “eu apertei o caroço pensando que fosse um cisto ou uma espinha, mas, com o passar do tempo, a região começou a coçar e a incomodar muito. Fui ao médico, ele prescreveu um medicamento, mas dias depois o que era uma suposta espinha foi crescendo e ficou do tamanho de um tomate. Foi retirado um pedaço para fazer biópsia, mas a própria médica avisou que o ponto iria estourar, o que de fato aconteceu. Estourou e foi questão de semanas para que tomasse parte do rosto e do pescoço e eu sentia dores insuportáveis”.

Os médicos confirmaram que se tratava de um câncer maligno no pescoço. À época, era o auge da pandemia de covid-19 e Sidnei recorda que viu muitas pessoas entrarem no hospital com falta de ar. Ele estava rodeado de pessoas com a enfermidade, o que tornou as visitas ao hospital ainda mais tensas.

Sidnei começou a fazer o tratamento, que parecia não surtir efeito. “Eu ia todos os dias ao médico, fazia radioterapia muito forte e o processo foi muito cansativo. Senti um enjoo intenso e tive queda dos pelos e dos cabelos. Cheguei aos 39 quilos e todos os meus dentes foram removidos por causa de uma infecção bacteriana”, conta.

Reação da fé
Quando Sidnei descobriu a doença, ele já estava frequentando a Universal a convite de um amigo, mas ainda não tinha entendido o poder da fé. Por isso, depois de receber o diagnóstico e com o transcorrer do tratamento, que inicialmente não fez efeito, em vez de buscar a cura na fé, ele cogitou outra possibilidade para acabar com aquele problema: uma voz lhe dizia que a melhor forma de resolver o problema seria cometendo o suicídio.

“Eu só pensava em tirar minha própria vida. Sentava sozinho no quintal de casa, com um sol muito quente, as moscas ficavam em cima de mim me importunando, apesar de eu usar um curativo com carvão ativado para isolar o cheiro, que era insuportável. Dava para sentir o mau cheiro a mais de uma quadra de distância. Então, aproveitei que estava sozinho em casa e fui escrever uma carta para minha família explicando que eu iria tirar minha própria vida, pois não aguentava mais a situação. Enquanto planejava escrever essa carta minha mãe apareceu de repente e perguntou o que eu estava fazendo. Quando eu contei, ela questionou minha fé e disse: ‘você não tem ido à igreja? Deus vai te curar. Sua fé vai te curar’”.

Naquele instante, Sidnei compreendeu que ele já estava tendo acesso ao que poderia reverter aquele quadro. “Passei a fazer o tratamento da água do milagre consagrada na igreja semanalmente. Todos os dias eu precisava ir para o hospital às 6 horas da manhã, de bicicleta, fazer quimioterapia e radioterapia. Eu saía do hospital às 16 horas e ia direto para a igreja. Mesmo que estivesse chovendo e com aquela massa enorme no pescoço, eu colocava a capa e ia para a igreja”, diz.

À medida que participava das reuniões, sua fé era estimulada, Ele foi compreendendo que maior do que o milagre da cura de seu corpo seria a cura da sua alma e o começo de uma nova vida. “Eu obedecia aos ensinamentos e abandonei o vício em álcool e em cigarro que eu tinha desde os 15 anos. Larguei a mentira, abandonei as coisas erradas, me batizei nas águas e entreguei minha vida ao Senhor Jesus”, relata.

Durante dois anos, Sidnei perseverou na sua luta contra o câncer até que, enfim, obteve a vitória. “Hoje não existe mais tumor no meu pescoço.

Os médicos não acreditam na forma como estou hoje em comparação ao modo como eu estava e reconhecem a minha fé. Não sinto mais absolutamente nada que decorra do câncer e meu pescoço está limpo. Continuo fazendo acompanhamento médico, mas já estou recebendo alta da nutricionista e não faço mais nenhum tratamento. Agora estou apenas aguardando completar cinco anos do tratamento para que eu possa implantar os dentes”, comemora.

Câncer de orofaringe

A orofaringe é uma região logo atrás da boca e abrange, entre outras, as estruturas do palato mole, a úvula (campainha), amígdalas e a base da língua (parte de trás da língua).

No caso do Sidnei, o câncer teve foco na base da língua e avançou para a região cervical (pescoço).

A grande maioria dos tumores nessa região está relacionada ao hábito de fumar e de consumir álcool e associada à infecção do vírus HPV (vírus do papiloma humano). Esses tumores causam dor de garganta, dor de ouvido e, em casos mais avançados, dificuldades de engolir e respirar.

É comum surgirem metástases para os linfonodos do pescoço (caroços na lateral do pescoço). O diagnóstico de câncer na região da orofaringe só é possível depois que for realizada uma biópsia da lesão.

Além disso, para avaliar melhor a abrangência dos tumores, é necessário fazer um exame de imagem.

Apesar dos avanços nos tratamentos com radioterapia e quimioterapia, a cirurgia também pode ser indicada.

Fonte: Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço

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Colaborador

Núbia Onara / Fotos: cedidas