Perda de massa muscular em idosos afeta qualidade de vida

Isolamento e falta de atividade física aceleram perda de massa magra e podem prejudicar a saúde de pessoas com mais de 60 anos

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O isolamento social pode trazer um efeito perigoso para a saúde dos idosos: a aceleração da perda de massa muscular. Isso porque, ao passar mais tempo em casa, eles se movimentam menos e fazem menos atividades físicas.

A perda de massa muscular é a redução de massa magra e está relacionada ao envelhecimento. Esse processo é chamado de sarcopenia – palavra derivada do grego que significa perda de carne. De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, cerca de 15% dos brasileiros têm sarcopenia a partir dos 60 anos. O número pode chegar a 46% depois dos 80 anos. Vale lembrar, entretanto, que pessoas a partir dos 30 anos já apresentam queda na massa muscular, que piora com o avanço dos anos.

Causas e sintomas
Além da falta de exercício físico, a perda de massa muscular tem outras causas associadas, como esclarece a médica nutróloga e endocrinologista Raquel Constantino: “a sarcopenia do idoso é causada por alterações hormonais e fisiológicas próprias do envelhecimento, associadas ao sedentarismo e à má alimentação. Na quarentena, isso foi potencializado, pois muitos idosos não conseguiram fazer fisioterapia e ficaram mais parados dentro de casa”.

Ela cita alguns sinais que indicam o problema: “se a pessoa não está conseguindo realizar atividades que fazia antes, como subir escadas e trocar uma lâmpada ou carregar uma mala, pode estar sarcopênica. Outros sinais são desequilíbrio ao andar e quedas constantes”.
A sarcopenia pode ser identificada por exames. “O diagnóstico pode ser feito por meio de exames como a tomografia da região da perna e do abdome, para verificar o tamanho do volume muscular. Às vezes fazemos a densitometria com ultrassom”, afirma a médica.

Qualidade de vida
Raquel alerta que a massa muscular é fundamental para a qualidade de vida e para a autonomia de quem tem mais de 60 anos. “Os músculos dão sustentação ao corpo e têm outras funções, como finalização hormonal, força, mobilidade e estão relacionados à atividade dos neurônios. Quando o idoso tem perda de massa muscular, ele passa a ter dificuldades para manter a postura e se movimentar, caminhar e fazer atividades do dia a dia. Ele perde a autonomia e, em casos avançados, precisa até de cadeira de rodas”, alerta.

Ela explica ainda que é possível combater a perda de massa muscular adotando algumas atitudes: “a prática de exercício físico regular e uma dieta equilibrada são fundamentais. É importante ingerir alimentos ricos em proteínas em todas as refeições do dia. A proteína pode ser de origem vegetal, como os feijões e a soja. O Ministério da Saúde recomenda a ingestão de 0,8 grama de proteína por quilo de peso corporal”, orienta.

Outra dica é a prática de atividades dentro de casa, com a orientação de profissionais de educação física e fisioterapeutas. “Para os pacientes com diagnóstico de sarcopenia, há a recomendação de suplementação, como o whey protein (proteína do soro de leite) para idosos. Temos ainda medicações e alguns hormônios sintéticos, mas o uso deve ser feito sob orientação médica”, diz a médica.

Grupo Calebe
O Bispo Antônio Santana, coordenador nacional do Calebe, explica que o grupo se adaptou para manter o contato com os idosos mesmo com o isolamento. “O trabalho do Calebe estava focado em atividades presenciais para a melhor idade, como artesanato, costura, danças, caratê, ginástica, etc. Isso dava muita motivação a eles. Nós passamos a usar mais as redes sociais, para oferecer aulas, orientações com especialistas e fazê-los se movimentar.”

Para estimular a interação, o Calebe está fazendo transmissões ao vivo e desafios nas redes sociais. “A nutricionista, a fisioterapeuta e as professoras de ginástica e de artesanato dão orientações. Também temos desafios semanais e pedimos que os idosos nos enviem fotos e vídeos por WhatsApp”, detalha o Bispo.

Além disso, o grupo atende necessidades específicas de cada idoso. “Há pessoas que têm dificuldade para acessar as redes sociais, então nós fazemos chamadas telefônicas, conversamos, prestamos assistência espiritual. Em alguns casos, nossos voluntários levam alimentos até a casa da pessoa”, finaliza o Bispo Santana.

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Colaborador

Rê Campbell / Foto: getty images / Arte: Eder Santos