Pergaminho bíblico mais antigo é “redescoberto”
Manuscritos são do livro “Deuteronômio”, de quase mil anos antes de Cristo
O manuscrito bíblico mais antigo já registrado foi “redescoberto”. Trata-se de parte do livro “Deuteronômio”. De acordo com o cientista responsável pela descoberta, é possível que os pergaminhos tenham pertencido ao próprio Moisés.
A descoberta está no artigo “The Valediction of Moses: New Evidence on the Shapira Deuteronomy Fragments” (A Valedição de Moisés: Novas Evidências sobre os Fragmentos do Deuteronômio de Shapira”, em tradução livre), publicado pela revista científica alemã Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft, especializada em teologia, linguística e história da Bíblia Hebraica.
O documento consiste em 15 fragmentos de pergaminhos, datados da época do Primeiro Templo de Salomão, por volta de 957 a.C..
A história dos fragmentos
A comprovação de que esse pergaminho, conhecido como “Pergaminho de Shapiro,” realmente é um texto original bíblico foi publicada apenas em março de 2021. Entretanto, essa descoberta foi realizada por meio de fotografias e registros históricos. Na verdade, os fragmentos estão desaparecidos há mais de um século.
Esse documento foi descoberto em 1883, em uma caverna próxima ao Mar Morto, em Israel. Seu descobridor foi o comerciante de antiguidades de Jerusalém Moses Willhelm Shapira. Na época, ele já havia descoberto e vendido cerca de 260 peças “genuínas” de manuscritos antigos hebraicos ao Museu Britânico (Inglaterra).
Shapiro vendeu esses fragmentos de Deuteronômio por um milhão de libras, o equivalente a 28.900.000 libras atuais. Em reais atuais, esse valor seria quase 224 milhões.
Nessa época, os estudos de antiguidades bíblicas ainda eram uma área recém-inaugurada, não contando com as tecnologias utilizadas atualmente. Portanto, existiam muitas peças falsas nas mãos de enganadores.
Um dos mais importantes estudiosos da época, o arqueólogo francês Charles Simon Clermont-Ganneau, visitou o museu para ver os fragmentos em exibição e rapidamente os declarou falsificados.
Cientistas do Museu Britânico acreditaram em Clermont-Ganneau e também declararam as peças como falsas. Em pouco tempo o museu vendeu o pergaminho por um baixo “valor simbólico” e, em 1885, os fragmentos já estavam desaparecidos novamente.
Descoberta amparada pelos pares
Embora o documento original não possa ter sido analisado nos dias atuais, as fotografias e os registros escritos sobre ele foram material suficiente para o especialista israelense-americano Idan Dershowitz, da Universidade de Potsdam (Alemanha) avaliasse a linguística e a literatura contida nos fragmentos.
Durante anos ele trabalhou reconstruindo o pergaminho e traduzindo-o. Ele utilizou transcrições, desenhos e outros trabalhos de estudiosos do século 19 para reconstruir os textos nas partes do manuscrito.
Antes e após a publicação, especialistas de diversos países tiveram a oportunidade de avaliar o trabalho de Dershowitz e atestarem sua validade. Cientistas de Harvard e da Universidade do Texas (EUA) declararam seu entusiasmo com a descoberta.
Até mesmo cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém (Israel), uma das maiores instituições no estudo de antiguidades bíblicas, atestou a descoberta de Dershowitz. Agora, os cientistas trabalham na busca do pergaminho que talvez já tenha passado pelas mãos de Moisés.
Essa é a segunda descoberta de artefatos bíblicos importantes nas últimas semanas. Recentemente, arqueólogos encontraram uma banheira pública na qual o próprio Senhor Jesus, provavelmente, se banhou. Clique aqui e saiba mais sobre o assunto.