Muitos brasileiros sonham ter o próprio negócio, mas poucos efetivamente se preparam para se tornar empreendedores. Números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em agosto revelaram que o País tinha cerca de 14,6 milhões de microempreendedores em 2022. O número é elevado, mas o que chama a atenção é que 60% deles trabalhavam no mercado formal e tinham sido demitidos, o que indica um perfil de empreendedorismo por necessidade.

Na prática, o empreendedorismo por necessidade é visto como uma alternativa para que o indivíduo busque o seu sustento diário. Mas, se o objetivo é estabelecer uma empresa bem-sucedida, é preciso sair do improviso e passar para a profissionalização, em todos os sentidos.

Criar um plano de negócios, fazer a gestão dos gastos e aprimorar os produtos ou serviços vendidos são alguns passos importantes para crescer, assim como se preparar emocionalmente para enfrentar os desafios que o ato de empreender exige. “Tudo que é ensinado por aí é focado em viabilidade financeira, mas não se fala tanto no emocional, na preparação humana que tem que ser feita para empreender. Por isso é importante se questionar a respeito dos motivos para empreender, além de pensar sobre a mudança de rotina, já que o próprio negócio exige maior dedicação de tempo”, explica Maurício Galhardo, head de educação da F360 Finanças. “Infelizmente, as pessoas romantizam a figura do empreendedor, principalmente quando ele começa a conquistar bens materiais, mas não veem suas dificuldades diárias e o quanto ele precisa se informar para manter a saúde no seu negócio”, avalia.

Perseverar para se superar

O sucesso de um empreendimento é fruto de muito trabalho na direção certa, ou seja, o resultado, na maioria das vezes, não é imediato. “Todo negócio nasce com um plano, que é a cronologia de como tudo deve ser feito, incluindo as metas. Uma vez traçado o plano, nós estamos lançando informações que são previsões, mas que devem ser realistas”, diz. Galhardo destaca ainda que esse plano deve ser atualizado frequentemente com as informações obtidas ao longo do tempo. “Com um planejamento frequente, é possível visualizar onde os erros estão acontecendo, o que permite ajustes rápidos e evita prejuízos”, detalha.

Diante desse cenário, não dá para desistir na primeira falha nem na primeira perda. Por isso, uma das características de um empreendedor de sucesso é a perseverança. Diferentemente do que muitos pensam, essa qualidade não está relacionada apenas à insistência, mas, sim, à constância e à disposição de fazer modificações em seu próprio negócio para tentar mais uma vez. A perseverança ainda é essencial para combater as dúvidas, que podem surgir em meio à adversidade ou por declarações de amigos que desacreditam que a empresa possa dar certo.

Nesse sentido, aqueles que começaram o próprio negócio com base em um sentimento de empolgação acabam desistindo. Por isso, a força de vontade deve ser acompanhada pela paixão pelo empreendedorismo, pela determinação de buscar conhecimento e pela constante busca por melhorias.

Galhardo ressalta, no entanto, que o empreendedor deve tomar cuidado para que a perseverança não se torne teimosia: “isso acontece muito quando o empreendedor começa a ter problemas na gestão e decide insistir com o mesmo ‘modus operandi’, ou seja, insiste naquele modelo de gestão que está dando errado”.

Hora de mudar

Mudar de caminho muitas vezes é uma necessidade, mas nem sempre as mudanças precisam ser drásticas. “Muitas vezes o empreendedor não analisa o que vende ou insiste com produtos ou serviços que não são lucrativos. Por que insistir? Analisar a performance dos vendedores também é crucial. Às vezes reduzir uma equipe e manter aqueles que realmente vendem é o caminho”, conclui. Em outras palavras, mudar não significa desistir. Afinal, um empreendedor deve perseverar no seu negócio, mas não em seus erros.

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