Pesquisadores estudam tratamento à COVID-19 a partir de anticorpos e soro de animais
Estudos no Brasil e nos Estados Unidos anunciam testes clínicos. Saiba mais
Uma empresa norte-americana de biotecnologia anunciou os testes clínicos de um tratamento ao novo coronavírus, que envolve anticorpos produzidos por vacas. Em laboratório, a técnica desenvolvida pela SAb Biotherapeutics se mostrou até quatro vezes mais eficaz do que o uso de plasma convalescente, de humanos curados, na prevenção de entrada do vírus nas células.
Segundo a empresa, o sangue das vacas pode conter o dobro de anticorpos por mililitro em comparação ao sangue humano. Além disso, elas possuem muito mais sangue do que outros animais testados em técnicas semelhantes. A empresa ainda pontua que apenas um animal poderia produzir anticorpos suficientes para tratar centenas de pacientes por mês.
Há cerca de 20 anos, os pesquisadores da SAb Biotherapeutics começaram a estudar os anticorpos produzidos pelas vacas. Antes mesmo de eclodir a pandemia da COVID-19, a empresa já havia concluído um ensaio clínico com anticorpos gerados contra a síndrome respiratória do Oriente Médico (MERS) e outras infecções virais. Agora, quer testar se as infusões de anticorpos extraídos do sangue das vacas impedem as pessoas saudáveis de serem infectadas pelo novo coronavírus e se provam ser benéficas para pacientes que já estão doentes.
Soro hiperimune
No Brasil, pesquisadores do Instituto Vital Brazil e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estudam um soro hiperimune que pode tratar a COVID-19. Neste caso, o soro é feito a partir do plasma sanguíneo de cavalos, com anticorpos. Esse medicamento é do mesmo tipo usado contra a raiva e contra picada de animais peçonhentos.
Os animais recebem pequenas doses de fragmentos do vírus isolado e inativado para que criem anticorpos. A previsão é que em cerca de quatro meses o medicamento já esteja disponível para testes clínicos, que incluem testes em humanos. Assim, em seis meses, seria possível produzir o soro em larga escala. O Instituto possui capacidade para produzir o quantitativo para 100 mil tratamentos por ano. Os testes começaram no final do mês de maio último.
Outra pesquisa do instituto brasileiro estuda anticorpos e DNA de lhamas. Vale lembrar que todos os testes citados ainda estão em fase laboratorial e não começaram a ser aplicados em humanos. Ademais, até agora, nenhum tipo de tratamento baseado em anticorpos de animais foi aprovado para o tratamento de doenças.
Corrida em prol de um tratamento eficaz
Na falta de uma vacina, e na corrida em prol de um tratamento eficaz contra o novo coronavírus, outros estudos também fazem testes para desenvolver uma forma de conter a pandemia. A Rússia aprovou um remédio antiviral promissor ao tratamento da COVID-19. Leia mais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também anunciou a retomada dos testes com hidroxicloroquina. Uma análise demonstrou que não há maiores riscos a pacientes tratados com o remédio. Saiba mais clicando aqui.