Pirâmide financeira rouba mais de R$ 100 milhões
Entenda a Operação Black Monday e saiba como se prevenir desse crime
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG) realizaram na última terça-feira (22) a segunda fase da Operação Black Monday. O objetivo é desmantelar um dos esquemas de pirâmide financeira mais lucrativos dos últimos anos.
Contando a primeira fase (que foi realizada em março) e a segunda, a Operação Black Monday já cumpriu 37 mandatos de busca e apreensão e a prisão preventiva de seis pessoas. Pelo menos 30 pessoas estão sendo investigadas, sendo que 21 já foram denunciadas à Justiça.
A Operação já agiu em doze estados brasileiros, mas indícios mostram que a quadrilha atuava em outros estados, além de outros países da América Latina e até da Europa.
O promotor de Justiça Eduardo de Paula Machado, responsável pela operação, explica como a quadrilha atuava:
“Eram sites na internet que propagandeavam educação financeira. Porém, quando a pessoa era contatada, ela não recebia propriamente orientações, por si só, para aprender a investir no mercado financeiro. Ao contrário, ela era direcionada para falsos corretores, falsos analistas financeiros, os quais convenciam pessoas desconhecedoras do mercado financeiro para que fizessem investimentos. Essas pessoas, cada vez mais, colocavam seu dinheiro, supostamente para contratar ações em bolsas americanas, criptomoedas. O que se apurou é que os valores aportados pelas vítimas eram desviados e convertidos em bitcoins, de maneira a se tornarem seguro para ‘os donos’ do esquema criminoso”.
Pelo menos 1.500 pessoas foram vítimas da quadrilha, totalizando um prejuízo de mais de R$ 100 milhões.
A Justiça agora trabalha para recuperar esses valores e redistribuí-los às vítimas. Um dos investigados, inclusive, já aceitou acordo para a devolução de R$ 25 milhões até abril de 2022. Além disso, quase R$ 20 milhões foram recuperados em bens móveis, como joias e carros; em dinheiro em espécie, retido em contas bancárias; e até mesmo em criptomoedas, depositadas na carteira digital do MPMG.
O MPMG, inclusive, criou um e-mail para que as vítimas busquem informações sobre a Operação Black Monday e seus desdobramentos. O endereço é blackmonday@mpmg.mp.br.
O que é pirâmide financeira
O caso investigado pelo MPMG é relacionado a um esquema gigantesco de pirâmide financeira. Entretanto, existem outras inúmeras pirâmides, menores, roubando pessoas todos os dias no Brasil.
Pirâmide financeira é um modelo de negócios que não se sustenta. Ele é baseado, principalmente, na captação de novos membros. Para isso pode-se ou não utilizar um produto. A verdade é que o lucro do negócio não é baseado no produto, mas sim nas pessoas que seguem depositando seu dinheiro.
O modelo é chamado de “pirâmide” justamente porque há uma pessoa no topo que convida um grupo de pessoas para o degrau logo abaixo dele. Esse grupo é responsável por convencer um grupo ainda maior de pessoas para o degrau abaixo.
Para fazer parte do negócio, cada novo membro “investe” junto a quem a cooptou. Essa pessoa, por sua vez, segue pagando a pessoa que a convidou. Repare que a base da pirâmide sempre sustenta quem está mais acima.
Esse modelo não é sustentável. Ao alcançar determinado número de pessoas, a pirâmide financeira “quebra” automaticamente. Isso porque cada membro deve conseguir mais vários membros. Para que uma pirâmide se sustentasse, seria necessário haver pessoas infinitas. Assim que os novos membros deixam de existir, os prejuízos aparecem e a pirâmide é desmantelada.
Nesse ponto, quase sempre, os criadores do esquema já roubaram muito dinheiro e fugiram. Se torna praticamente impossível alcançar os criadores que lucraram no negócio.
5 passos para não ser vítima
1- Não acredite em lucro fácil
Pirâmides sempre prometem retorno financeiro rápido e alto. Os golpistas apresentam o produto como “sem riscos”. Mas isso não existe. Todo investimento tem um risco. E, quanto mais rápido e alto for o possível retorno, maior é o risco de perder tudo.
2- Avalie o produto
Como escrito acima, uma pirâmide pode ou não utilizar produtos – como cosméticos ou criptomoedas, por exemplo. Avalie se a rentabilidade desse produto é a mesma propagandeada. Caso você não entenda o produto, afaste-se.
3- Não acredite em quem precisa recrutar
A pirâmide é baseada em novos membros. Se seu pagamento for baseado em quantas pessoas você consegue aliciar, suspeite.
4- Entenda o produto e a empresa
Esquemas de pirâmide, embora bem elaborados, propositalmente deixam as informações confusas e incompletas. Se você não entender exatamente no que está investido, não invista.
5- Pesquise
Antes de investir seu dinheiro em qualquer negócio, é necessário pesquisar o histórico da empresa e dos “empresários” envolvidos. No caso de empresas que se dizem financeiras, como corretoras e fundos de investimentos, é possível buscar informações sobre elas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).