Por que o Facebook perdeu R$ 300 bilhões essa semana?

Campanha contra discursos de ódio está por trás do prejuízo

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Em poucos dias a campanha #StopHateforProfit fez com que o Facebook perdesse U$ 56 bilhões em valor de mercado. Isso equivale a mais de R$ 304 bilhões. Todo esse prejuízo foi causado, principalmente, pela perda de anúncios de multinacionais, que se recusam a pagar anúncios ao site neste momento.

#StopHateforProfit pode ser traduzido como “#PareComÓdioporLucro”. A campanha afirma que o Facebook e outras redes sociais, como Twitter e Instagram, evitam excluir e punir discursos de ódio e notícias falsas porque, mantendo-os online, o lucro é maior.

Isso aconteceria porque discursos de ódio e fake news geram muito “engajamento” (comentários, curtidas, descurtidas, enfim, reações de outros internautas”. E, quanto maior a interação de usuários, mais as redes sociais lucram com publicidade, principal fonte de renda desse tipo de site.

Dessa maneira, quando mais de 150 empresas aderiram ao #StopHateforProfit, a arrecadação com publicidade despencou. Isso fez com que as empresas, em especial o Facebook, perdesse muito valor de mercado.

O baque foi tão grande que o fundador e maior acionista do Facebook, Mark Zuckerberg, perdeu o equivalente a R$ 38 bilhões.

A resposta do Facebook

Quando multinacionais como a Coca-Cola, a Unilever e a Starbucks anunciaram que deixariam de pagar publicidade às redes sociais, dezenas de empresas de todos os tamanhos quiseram seguir o exemplo.

Diante de tamanha perda financeira, Zuckerberg anunciou, no último dia 26, que o Facebook passará a rotular publicações com potencial de causar dano ou desinformação. Também informou que vai proibir anúncios que digam que “pessoas de raças, etnias, nacionalidades, religiões, castas, orientações sexuais, identidades sexuais ou status de imigração específicos” são ameaças aos demais.

Entretanto, isso não é o suficiente para os organizadores de #StopHateforProfit. Para eles, “uma pequena quantidade de pequenas mudanças não vai nem causar um arranhão no problema”.

O objetivo agora é fortalecer a campanha na Europa e em outros países pelo mundo.

Tudo isso para que seja criada uma infraestrutura permanente de direitos civis dentro do Facebook. Ademais, a campanha quer que a rede social submeta conteúdo a auditorias independentes, procure e remova grupos públicos e privados que publicam conteúdos de ódio e desinformação e crie equipes especializadas em revisão de reclamações.

Prejuízo aos usuários

Os principais prejudicados pelos discursos de ódio e fake news são os próprios usuários das redes sociais. Em especial, os pertencentes a grupos subalternizados. Um estudo realizado pelo Pew Reseacher Center (centro de pesquisa americano especializado em tecnologia) revelou que:

– 41% das pessoas conectadas à internet já sofreram assédio;

– 58% desse assédio aconteceram em redes sociais;

– 62% da população consideram que o assédio online é um problema sério.

O objetivo desses agressores é fazer com que os internautas odeiem o alvo de suas críticas. A Universal, por exemplo, é constantemente atacada com discursos de ódio e fake news. Somente nos últimos dois meses, já foi dito que a Universal vende álcool em gel ungido contra o novo coronavírus, cancelou todas as reuniões e vende canetas ungidas para estudantes que vão prestar o ENEM. Tudo mentira! Clique aqui e saiba mais sobre os mitos e verdades sobre a Universal.

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Colaborador

Andre Batista / Foto: Getty Images