Pornografia: maior site adulto do mundo é processado por tráfico sexual
Plataforma se viu obrigada a excluir 80% de seu conteúdo, mas vídeos criminosos ainda estão no ar
O maior site pornográfico do mundo foi obrigado a excluir 80% de seu conteúdo após acusações de que a plataforma continha vídeos de pedofilia, estupro e outros crimes. No total, dez milhões dos 13,5 milhões de vídeos que o site hospedava foram excluídos.
Há muito tempo se sabe que a maior parte dos vídeos nesse tipo de site são criminosos, já que as pessoas que aparecem nos filmes não costumam dar consentimento para divulgação do material. Inclusive, há “categorias” de vídeos feitos sem que a vítima soubesse. Há até mesmo vídeos de mulheres em lojas ou transportes públicos, por exemplo.
E isso não é exclusividade do site em questão. A empresa proprietária possui outros dois dos cinco maiores sites pornográficos do mundo. Todos esse sites agem da mesma maneira.
Entretanto, uma reportagem publicada no dia 4 de dezembro no importante jornal americano The New York Times relacionou os vídeos do site ao tráfico sexual. De acordo com a matéria, os donos do site lucravam com crimes como sequestro e estupro, inclusive de menores de idade. Isso porque cada acesso a vídeos como esse é monetizado.
Não é possível saber com exatidão o lucro desse tipo de empresa, mas sabe-se que esse site em questão foi fundado em 2007 e vendido em 2010 por U$ 140 milhões (o equivalente a R$ 242 milhões, na época). Três anos depois, o fundador comprou o site de volta. Tamanha quantia indica que o site rende muito mais.
Resposta tardia
Acusações como essa são feitas há anos. No entanto, as vítimas nunca recebem a Justiça. Isso porque é possível fazer o download das imagens. Assim, mesmo que um vídeo seja apagado, ele será repostado por outro usuário. Uma vez na internet, aquele conteúdo jamais poderá ser verdadeiramente removido.
Ademais, esse site tinha regras claras a seus funcionários para que eles não excluíssem os vídeos.
“Nosso trabalho era encontrar desculpas esquisitas para manter os vídeos em nosso site”, conta um ex-funcionário ao jornal inglês Daily Mail.
De acordo com ele, o processo para exclusão de um vídeo denunciado poderia levar meses ou até mesmo ser ignorado. Além disso, havia uma meta de adicionar 400 vídeos por dia, o que fazia com que os funcionários ignorassem crimes, mesmo que fossem evidentes.
O site só retirou o conteúdo do ar após duas grandes patrocinadoras, a Visa e a Mastercard, removerem seu suporte financeiro. Para diminuir o prejuízo, a plataforma afirmou que jamais compactuou com qualquer tipo de crime, retirou o conteúdo postado por usuários não-assinantes e prometeu maior supervisão. No dia seguinte, ainda havia milhares de vídeos criminosos no ar.
Quem assiste financia os crimes
Esse tipo de site lucra de três maneiras: vendendo dados de visitantes (clique aqui e saiba mais sobre isso), monetizando todos os vídeos postados e vendendo anúncios.
Dessa maneira, cada vez que alguém assiste a um vídeo pornográfico está diretamente enviando dinheiro ao site, além de incentivar que empresas paguem propagandas.
Usuários que postam o conteúdo também podem ganhar dinheiro quando seus vídeos têm acesso. Assim, criminosos são incentivados a seguirem postando vídeos de pedofilia, zoofilia, assédio, estupro e até mesmo sequestrando pessoas para produzir esse tipo de conteúdo.
Aliás, é pelo crime de tráfico sexual que esse site está sendo processado nos Estados Unidos. Quarenta vítimas denunciaram a plataforma e todos os dias mais testemunhas surgem.
Embora seja um avanço no combate aos crimes que a pornografia envolve, ainda há muito a ser feito. Conforme afirma o Bispo Renato Cardoso em seu blog, “todos os dias, milhares de adolescentes e jovens adultas entram para a indústria da pornografia. A maioria delas, não porque são sem-vergonhas (algumas são apenas crianças). São induzidas pela promessa de ganhar muito dinheiro. Dinheiro que vem de homens que, a cada dia, fazem a indústria pornográfica crescer mais”.