Precisando de ajuda para dormir?

A venda de medicamentos para insônia no Brasil cresceu 100,5% de 2022 para 2023, mas será que essa é a melhor opção para se livrar do problema? Descubra

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Em um único dia vivemos diversas jornadas que incluem trabalho, estudos, família, amigos, cuidados com a saúde e outras atividades que ocupam muitas horas e, com isso, o sono acaba sendo negligenciado. Não é à toa que sete a cada dez brasileiros sofrem com alterações no sono, segundo estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A neurologista, mestre em medicina do sono e vice-presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS), Marcia Assis, é enfática ao resumir que “o sono é fundamental para a saúde física e mental”. Afinal de contas, quando não temos uma noite de sono adequada, é comum que apresentemos cansaço, sonolência, dificuldade de concentração, alterações do humor, irritabilidade e maior propensão a cometer erros e causar acidentes.

Quando a dificuldade em dormir é constante, ela é chamada de insônia. “A insônia é definida como dificuldade em iniciar o sono, manter o sono ou um despertar precoce, antes do horário previsto, apesar das condições adequadas para dormir. Além disso, a dificuldade para dormir causa prejuízo diurno. Nesse caso, a dificuldade para dormir ocorre por pelo menos três vezes na semana por pelo menos três meses”, explica.

Cuidado: nem toda ajuda é bem-vinda

Na ânsia de dormir, há quem recorra a remédios. Um levantamento da Epharma mostra que a venda de medicamentos para insônia cresceu 100,5% de 2022 para 2023. Esse cenário é alarmante, especialmente se considerarmos o levantamento do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ) que revela que 89% dos brasileiros se automedicam.

Diversos medicamentos, inclusive os considerados “naturais”, vêm sendo usados indevidamente para combater a insônia. Mas será que vale solucionar o problema do sono à custa de outro vício? “O que vimos nos últimos anos é que houve um aumento da venda desses medicamentos desproporcional ao aumento dos casos de insônia. Isso eleva o risco de abuso e de dependência, de pessoas que podem estar utilizando uma dosagem superior à recomendada. Existem muitos relatos em consultórios e até na mídia de pessoas que utilizaram, por exemplo, o zolpidem durante o dia, quando esse remédio deve ser usado ao deitar, para dormir e à noite. Então, realmente, esse número alto de vendas reflete que a medicação está sendo usada de forma indevida”, acrescenta Marcia.

O que fazer?

Ao notar um possível quadro de insônia, o primeiro passo é procurar um profissional da saúde qualificado, que avaliará não apenas a queixa em relação à dificuldade em ter uma boa noite de sono, mas também investigará se há outras doenças que podem estar associadas a ela (como ansiedade, depressão e dor crônica), uso de medicamentos que interferem no sono, além de hábitos que podem estar perpetuando a insônia. “A primeira alternativa para o tratamento da insônia não é medicamentoso, mas a terapia cognitivo-comportamental para insônia realizada por um profissional especializado na área da psicologia do sono. É necessário fazer uma avaliação muito detalhada antes de optar pelo uso de fármacos. Há várias classes de fármacos para insônia que atuam com mecanismos diferentes e, por isso, o paciente precisa ser monitorado e acompanhando para que seja avaliado se houve melhora do sono e se o remédio não causou efeitos colaterais”, diz.

Como todo e qualquer problema de saúde, a indicação é não tratar apenas os sintomas, mas encontrar a causa e solucioná-la de vez. Por isso, ao notar os primeiros sinais de que seu sono pode estar sendo afetado, o ideal é que você reveja seus hábitos. Uma sugestão da médica é fazer a higiene do sono (leia mais dicas no quadro abaixo), que é recomendada a todos que desejam dormir bem e, assim, ter mais saúde e disposição para lidar com as tarefas do dia a dia.

[Falta arte]

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Colaborador

Laís Klaiber / Foto: Filmstax/GettyImages / Arte: Edi Edson