Professor: profissão essencial, mas desvalorizada

Durante a pandemia, os profissionais da educação viram problemas antigos se agravarem e lutam para manter a tarefa de mudar o futuro por meio do ensino

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Ser professor no Brasil é um verdadeiro desafio. Lidar com a pouca estrutura – principalmente das escolas públicas –, com o desinteresse dos alunos e com a falta de reconhecimento da sociedade e do poder público estão entre as principais queixas citadas por esse grupo.

Um levantamento realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que a remuneração de um professor no Brasil é menor do que a recebida nos 37 países que compõem o bloco e outros três parceiros que participaram da pesquisa. Só para se ter uma ideia, enquanto um profissional brasileiro recebe R$ 131.407 por ano para lecionar a turmas no nível pré-primário, a média entre os países da OCDE é de R$ 213.711, ou seja, quase cerca de R$ 100 mil a mais.

Proporções semelhantes se repetem entre os docentes de nível primário, secundário e superior. Os professores universitários são os que possuem a maior remuneração no Brasil, porém, de acordo com o levantamento, o salário deles é 48,4% menor do que a média mundial.

Pandemia
Ao longo dos últimos meses, o professor teve de enfrentar um novo desafio: a pandemia. Para manter uma rotina mínima no ensino, os gestores da área implantaram o sistema remoto de aulas, mas isso gerou problemas para alunos que não tinham equipamentos nem acesso à internet. Além disso, muitos professores não tinham conhecimento para lidar com a tecnologia imediatamente. Um levantamento do Instituto Tim revelou que quase 70% dos professores entrevistados em todo o Brasil tiveram dificuldade para se adaptar a essa realidade.

Hoje, mais adaptados, os profissionais enfrentam o ensino híbrido e têm a missão de estimular o interesse dos alunos, já que cerca de 172 mil estudantes brasileiros deixaram de frequentar as escolas em 2020, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Apesar das dificuldades, os professores estão na linha de frente para estimular a educação e combater a evasão escolar, o analfabetismo e a desigualdade social. “Ser um profissional da educação é ser aquele profissional que cuida do futuro do país. Sem educação não há progresso, não há desenvolvimento, não há cidadania”, afirmou o Ministério da Educação (MEC) em artigo publicado no Dia Nacional dos Profissionais de Educação, em 6 de agosto.

No chão da escola
Ronaldo Silva Rodrigues Waffer, (foto abaixo) de 30 anos, conhece bem a realidade do professor no Brasil. Mestre em educação, ele é professor de língua portuguesa e inglesa desde 2011 e hoje atua na rede municipal de ensino de São Paulo e de Itapecerica da Serra.

A decisão de se tornar professor foi tomada ainda na infância. “No Nordeste, eu tive uma excelente educação, mas com muitas dificuldades. Vendo tantas desigualdades e pessoas querendo aprender, mas sem mão de obra humana, vi a necessidade de ser professor.

Surgiu dentro de mim a vontade de ensinar e de alfabetizar, principalmente meu pai, que era lavrador e analfabeto”, relembra. Por isso, para Ronaldo, sua profissão é muito mais do que cumprir uma carga horária: “ser professor é transformar vidas por meio do palco que é o chão da escola”.

Mesmo sendo essenciais para o futuro do país, os profissionais da educação precisam superar obstáculos diários, principalmente nesse período de pandemia. “A primeira grande dificuldade é alcançar os alunos, já que muitos não têm as ferramentas tecnológicas ou não possuem acesso à internet”, diz.

A quebra da rotina diária também foi um dos fatores que mudaram o dia a dia de Ronaldo e de milhões de professores. “Também tivemos que nos adaptar à tecnologia. Nenhum professor da rede pública estava preparado para lecionar de forma remota. Então viramos youtubers do dia para noite. A falta de formação nessa área nos prejudicou”, ressalta.

Segundo ele, ao longo da pandemia muitos pais perceberam a importância do professor. “Muitos nos agradeceram, choraram e deram graças a Deus pelo nosso retorno porque não estavam conseguindo conciliar o trabalho e a educação dos filhos.”

Mesmo em meio às dificuldades da área, Ronaldo explica por que vale a pena continuar lecionando: “a partir do momento que eu incentivo meu aluno, estou preparando um médico, que amanhã pode me operar, um dentista, um advogado e formando alguém para a vida.”

Participe
Todos os anos o dia 15 de outubro é dedicado a homenagear os professores. A Universal também realizará uma celebração para eles. No domingo, dia 17 de outubro, em todos os templos do Brasil, haverá a consagração desses profissionais. No Templo de Salomão, o Bispo Renato Cardoso fará uma oração especial às 9h30. Convide todos os professores e participe!

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Fotos: Getty images e arquivo pessoal