Prostitutas que atuam no maior prostíbulo da América Latina recebem apoio para mudar de vida
Voluntários oferecem ajuda psicológica e jurídica para garotas de programa
O programa social Raabe, grupo de amparo a mulheres vítimas de abuso ou trauma, tem prestado atendimento no maior prostíbulo a céu aberto da América Latina: o bairro de Itatinga, localizado em Campinas (SP). As voluntárias do programa estão oferecendo atendimento psicológico e jurídico para garotas de programa que frequentam o local.
A ação acontece sempre no 3º domingo de cada mês, quando cerca de 20 voluntárias saem às ruas de Itatinga para convidar frequentadoras do local para uma palestra motivacional, onde aprendem como superar os traumas e a buscar novas perspectivas de vida.
No final da palestra, as voluntárias servem um café da tarde e realizam o atendimento individual.
Segundo a coordenadora-geral do Raabe, Fernanda Lellis, o grupo atua em prol da valorização da mulher e apoia o início de uma nova vida daquelas que já sofreram, ou ainda sofrem com qualquer tipo de discriminação e violência. “Nenhum ser humano merece ser discriminado. Não concordar com a vida que o outro leva, não te dá o direito de agredi-lo e nem de desmerecê-lo”, concluiu Fernanda.
Bairro de Itatinga
O bairro foi criado pelo poder público em 1966. De acordo com a arquiteta, urbanista e professora Diana Helene, que estudou a região em sua tese de doutorado, o diferencial do local é ter sido criado exclusivamente para concentrar, numa área distante da cidade, todas as atividades ligadas à prostituição – a cerca de 10km de distância. “No Brasil, não existem outros bairros criados pelo planejamento urbano para esse fim”, explica Diana.
Saiba mais sobre o programa social
Desde novembro de 2011, o Raabe ampara mulheres vítimas de violência doméstica e abusos, oferecendo-lhes atendimento jurídico, social, emocional e espiritual. São realizados cursos e palestras que auxiliam no resgate e fortalecem a autoestima da mulher.
O grupo está presente em todos os estados brasileiros, nos Estados Unidos e em outros países da Europa e da América Latina.
Em 2018, 102 mil mulheres foram atendidas pelo programa social.