Quando a mídia é usada a favor de interesses

A acusação ao prefeito Marcelo Crivella exemplifica essa estratégia, entenda

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No dia 5 de julho último, o jornal O Globo publicou uma suposta denúncia intitulada “Crivella oferece a pastores cirurgias de catarata e ajuda para problemas no IPTU”.

O título malicioso por si só trazia a intenção de tornar um café com 250 pastores em um “escândalo”, chamando o encontro de “reunião secreta”.

O objetivo com a publicação foi claro: derrubar o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella.

Em seguida, três pedidos de impeachment foram protocolados na Câmara dos vereadores. Um movimento liderado pelo partido político PSOL – que perdeu para Crivella nas eleições municipais cariocas.

A mídia como ferramenta de manobra política

“Não há nenhuma informação sobre recursos da Prefeitura disponibilizados para a Igreja, sobre empregos oferecidos, sobre favores ilícitos”, aponta o jornalista Luis Nassif (foto ao lado), no jornal eletrônico GGN, na publicação “O caso Crivella e o jogo político do denuncismo”.

Segundo Nassif, o caso é um exemplo recente de uma estratégia viciosa utilizada pela mídia e grupos de oposição para derrubar políticos do Executivo.

“Criam-se factoides, explodem as denúncias. O resultado imediato é o enfraquecimento do prefeito ou governador. Enfraquecidos, ficam expostos mais ainda às demandas do legislativo. Consequentemente, há um fortalecimento brutal dos representantes do fisiologismo. E, como a mídia boicotou todas as boas iniciativas da gestão, elas se mantêm invisíveis, não se tornam ativos públicos e, portanto, fica muito mais fácil descartá-las”, analisa.

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Com uma guerra midiática instalada, o foco dos assuntos tratados pelos meios de comunicação se voltam contra o “inimigo”. E quem perde com isso é a população, porque até mesmo as políticas públicas em andamento pela gestão são enfraquecidas e atenuadas pela mídia – alimentando o ciclo de retrocesso de serviços públicos. É o que acrescenta Nassif.

Por exemplo, o ex-secretário municipal de Educação, César Benjamin, tornou-se uma “fonte” para o grupo Globo somente após a sua exoneração do cargo.

Entretanto, o próprio ex-secretário – em entrevista publicada no jornal Extra – discordou das acusações feitas na “denúncia” do O Globo, como destaca Nassif.

“Tenho muitas críticas ao prefeito, mas acho que no episódio da reunião com evangélicos, que O Globo noticiou, ele está sendo crucificado injustamente. O mutirão de cirurgias de cataratas existe há alguns meses, sob controle da Secretaria de Saúde, dirigida por gente séria. Os evangélicos trabalham com pessoas muito pobres e pouco informadas. Imagino que a tal Márcia poderia ajudar no encaminhamento de demandas, mas isso não significa furar fila”, afirmou.

O próprio trabalho desenvolvido na Secretaria Municipal de Educação, do Rio de Janeiro, é um exemplo de uma política pública afetada pela “denúncia”.

“A SME é uma rede heroica e muito injustiçada, principalmente por vocês, jornalistas, sempre ávidos por denúncias”, acrescentou Benjamin.

Com apoio da Universidade de Durham, a rede pública de ensino está realizando uma pesquisa com 2,7 mil alunos, distribuídos em 26 escolas. O objetivo é identificar a qualidade dos alunos distribuídos nessa amostra.

Por meio desse levantamento, nas palavras de Benjamin: “Identificamos um subconjunto de escolas que apresentam resultados muito acima da média da rede, sem que haja diferença de meios, e agora a equipe de pesquisadores está tentando entender o que as torna tão diferentes das outras, para que possamos replicar suas práticas, com as adaptações pertinentes.”

Outra questão trabalhada pela gestão Crivella foi a sanção da lei que estabelece o uso – por comerciantes da capital carioca – de canudos feitos com material ecologicamente correto. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), diariamente, são descartados aproximadamente 1 bilhão de canudos plásticos.

São necessários cerca de 450 anos para que o material se decomponha na natureza.

Promotora sem credibilidade

Segundo noticiou o jornal carioca O Dia, no dia 14 de julho último, a promotora, Gláucia Maria da Costa Santana, que investiga as supostas irregularidades do prefeito do Rio de Janeiro teve o filho nomeado para um cargo de confiança na Casa Civil, durante a gestão do prefeito anterior, Eduardo Paes (DEM).

O rapaz recebeu durante quase um ano um salário de mais de 8 mil reais. O fato faz com que a promotora tenha a sua credibilidade questionada. Entretanto, ela diz se manter resistente em sua decisão.

“Nunca deixei de investigar a prefeitura mesmo com ele lá. Estou neste posto há 18 anos. Vou continuar com a apuração do aparelhamento da máquina municipal por um segmento religioso”, disse Gláucia ao O Dia.

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Colaborador

Por Daniel Cruz / Foto: Agência Brasil Fotografias (CC)/Flickr