Redes sociais e os danos às redes humanas
Ouso excessivo de redes sociais prejudica o funcionamento da mente. Pode não ser novidade para alguns, mas muita gente ainda não sabe disso ou resolveu não ligar para isso, a despeito dos danos à qualidade de vida a curto, médio e longo prazos. Sim, a dependência das redes é um fenômeno bem maior do que se imagina. Muita gente percebeu isso no dia 4 de outubro deste ano, quando uma pane nos servidores do Facebook, Instagram e WhatsApp paralisou essas redes por seis horas e deixou muitos usuários de cabelo em pé. Alguns simplesmente pararam suas vidas, “empacados” sem as redes; outros até recorreram a psicoterapeutas. O defeito serviu para “acordar” alguns sobre a dependência que nem mesmo eles sabiam que tinham. Entretanto a maioria simplesmente “caiu no sono” novamente no travesseiro das redes sociais assim que elas voltaram a funcionar. Se as redes virtuais viciantes fossem só as três citadas, o dano às redes humanas talvez fosse menor, mas a lista engorda com Twitter, Snapchat, TikTok e muitas outras.
Claro, há como usar positivamente as redes e os demais recursos da internet. Nem a web nem as redes são vilãs, mas são, sim, ferramentas para se fazer o mal, tanto a indivíduos quanto à sociedade como um todo. E muitas se empenham nisso, pois, além de viciar gerar lucros para elas, há também interesses políticos por trás delas. Basta assistir ao documentário O Dilema das Redes (Netflix, 2020) para entender os grandes danos a que usuários dessas plataformas estão se submetendo.
Uma pesquisa realizada pela Royal Society for Public Health (RSPH), órgão de saúde pública do Reino Unido, mostrou que as redes sociais mais usadas provocam efeitos positivos ou negativos à saúde mental e física, dependendo da utilização. Instagram e Snapchat são as mais nocivas ao funcionamento e à formação da mente de crianças e jovens, pois são focadas na imagem e podem gerar sentimentos de inadequação, baixa autoestima e ansiedade. “A mídia social tem sido descrita como mais viciante do que cigarros e álcool e agora está tão enraizada na vida dos jovens que não é mais possível ignorá-la”, diz a diretora-executiva da RSPH, Shirley Cramer. Segundo os dados coletados, compartilhar fotos pelo Instagram impacta negativamente o sono, a autoimagem e aumenta o medo de jovens de não se sentirem integrados. Cerca de 70% dos jovens disseram que o aplicativo fez com que eles se sentissem pior quanto à própria imagem – índice que aumenta para 90% quando contadas apenas as meninas. O estudo aponta que pelo menos 17% dos jovens terão episódios de transtorno de ansiedade ao longo da vida. Não por acaso, ansiedade e depressão aumentaram 70% entre o público jovem nos últimos 25 anos, justamente o período no qual o engajamento dos usuários da web em redes sociais e similares se solidificou. E tem mais: segundo a RSPH, mais de duas horas de uso das redes por dia resultam em um ou mais problemas de saúde mental.
Usar as redes, em si, não é o problema. O problema é passar horas ali, substituindo atividades sociais presenciais, exercícios físicos, períodos de estudo e trabalho ou as tão necessárias horas de sono. Quer saber se sua mente já está sendo afetada pelo uso excessivo das redes? O estudo elenca os sintomas: ansiedade ao ficar sem conexão com a internet ou sem um dispositivo eletrônico à mão; checar a todo momento se há nova reação on-line a você; não focar em outras atividades (como estar à mesa com a família) por não poder olhar o celular; se achar na obrigação de postar tudo o que faz e usar as redes como “fuga” dos problemas pessoais, etc.
Em suma: para tirar proveito do uso das redes sociais, são necessários equilíbrio e sabedoria. Caso contrário elas destruirão sua mente e seu espírito. E não se engane: é com isso que essas grandes empresas lucram.