Registro de maus-tratos contra crianças e adolescentes cresceu no Brasil

Especialista disse que a pandemia foi um catalisador de violência contra menores de idade

O número de registros de maus-tratos contra crianças e adolescentes no Brasil cresceu 21,3%, em 2021. Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que só ano passado foram 19.136 ocorrências de maus-tratos em menores de idade, de 0 a 17 anos. Em 2020 eram 15.846 ocorrências nessa faixa etária.

Por que a pandemia contribuiu com este cenário:

Em entrevista ao R7, Sofia Reinach, pesquisadora associada do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, disse que a pandemia contribuiu para subnotificações do crime, sobretudo quando o isolamento por causa da Covid-19 estava mais rígido.

  • “A subida tão expressiva desse número se deve à queda significativa dos registros em 2020. Isso não significa que tenha sido um ano de baixa violência, mas sim que os casos não chegaram às delegacias.”

O cientista social Lucas Lopes, do grupo coordenador da Agenda 227, reiterou que a pandemia foi um catalisador de violência.

  • “Escolas e espaços educativos deixaram de fazer as denúncias. Professores são responsáveis por identificar não só as marcas físicas, mas também as mudanças de comportamento. As crianças tendem a procurar um adulto de confiança para revelar a violência sofrida e isso traz responsabilidade à notificação.”

Por que é importante falar sobre isso:

  • Muitas são as formas de violência contra menores de idade. Hoje, as crianças e adolescentes no Brasil são em maior número vítimas de violência sexual (estupro, pornografia, exploração), segundo o estudo.
  • Na sequência, estão os maus-tratos bem como lesão corporal. Em seguida, abandono de incapaz e abandono material.
  • Crimes que, na maior parte das vezes, ocorrem dentro das residências, por pessoas conhecidas das vítimas.
  • Ainda assim, os boletins de ocorrência não trazem detalhes dos agressores, não têm campos preenchidos, o que prejudica o entendimento das circunstâncias do crime.

Denúncias pelo Disque 100:

Além disso, apenas no primeiro semestre deste ano, o Disque-100, do governo federal, registrou 72 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Foram 22 mil denúncias a mais do que no primeiro semestre de 2021. São 17 denúncias a cada hora no país.

Assista abaixo à matéria exibida recentemente no Jornal da Record:

Trabalho social da Universal

Quase 34 mil crianças e adolescentes residem em abrigos no País, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). São menores de idade que receberam medidas protetivas de acolhimento institucional. Isso acontece quando se detectam situações de risco, como negligência, abandono ou maus-tratos.

Para ajudar na inclusão social, motivar e trazer esperança para eles, o Movimento Sócio Abrigo, da Universal, faz um trabalho modelo em todos os estados brasileiros bem como no exterior, e ajuda milhares de crianças e adolescentes, de zero a 18 anos, que vivem em abrigos e casas de acolhimento — os antigos orfanatos.

  • “Esse trabalho se espalhou nas mais de mil casas do Brasil. Atendemos cerca de 300 mil a 400 mil pessoas com esse movimento porque, além de crianças e adolescentes, também atendemos mulheres que vivem em abrigos, refugiados que são acolhidos e também nas unidades socioeducativas”, explicou o Pastor Ulysses Gomes, em recente atividade com um grupo de crianças e adolescentes que vivem em abrigos de São Paulo.

Leia mais: Crianças que vivem em abrigos visitam Aquário de SP pela 1ª vez

A saber, você também pode fazer parte deste trabalho. Torne-se um voluntário (encontre o endereço de uma Universal perto de você) ou colabore pelos canais de doação. Para saber mais sobre as ações que a Universal realiza no Brasil e em vários países, clique aqui.

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Colaborador

Redação / Fotos: iStock e Reprodução