Saiba o que é mito e verdade sobre a transmissão do novo coronavírus
Pessoas assintomáticas podem contaminar outras pessoas, apesar do potencial de transmissão da doença ser mais baixo, afirma infectologista
A pessoa sem sintomas não transmite – Mito
Segundo o infectologista Carlos Fortaleza, da Sociedade Paulista de Infectologia, mesmo a pessoa que não apresenta nenhum sintoma pode transmitir o novo coronavírus. “A transmissibilidade pode ser menor, existe uma relação entre a intensidade dos sintomas e o quanto a pessoa transmite, mas alguns casos isso foge à regra.”
Ele explica que pré-sintomáticos, aqueles que adquiriram o vírus, mas ainda não apresentaram sintomas, possuem grande chance de infectar outras pessoas. “Cerca de dois dias antes dos primeiros sintomas aparecerem, a chance é muito alta.” Outro caso são os oligossintomáticos, ou seja, pessoas que apresentam sintomas muito leves e muitas vezes nem percebem que estão doentes. “Essas possuem grande chance de transmitir também. Algumas pessoas, por motivos que não sabemos, são super-contaminadores e acabam infectando muitas pessoas, mesmo com sintomas leves”.
O vírus só é transmitido quando a pessoa tosse – Mito
A Covid-19 é transmitida, principalmente, por gotículas, partículas que saem das vias respiratórias. Fortaleza explica que essas gotículas são liberadas, também, quando falamos e respiramos. “Quando a pessoa tosse, a pessoa libera mais gotículas e ela pode ir um pouco mais longe.” O médico explica que, quando a pessoa canta ou faz exercício físico, a distância também pode aumentar. A distância que as gotículas podem atingir é de até 2 metros.
O vírus pode ficar pairando no ar – Verdade
O vírus pode ficar pairando no ar por alguns minutos nos casos em que há produção de aerossol. “O aerossol é uma partícula muito pequena, ela vai mais longe que a gotícula e normalmente é produzida no ambiente hospitalar.” O médico explica que normalmente o aerossol é produzido em procedimentos como a intubação do paciente e que é muito difícil que se produza esse tipo de partícula em outras situações.
Máscara de pano protege menos – Verdade
Ainda estão sendo realizados estudos para determinar o nível de proteção da máscara de pano. A máscara n95 (foto), protege 95% das partículas. A máscara cirúrgica não consegue proteger de partículas aerossóis, mas é eficaz contra as gotículas e possui um nível de 80% de proteção. As de pano parecem ter um nível próximo aos 50% de proteção. “O nível de proteção é um pouco maior se a pessoa infectada é quem utiliza e os níveis de proteção se combinam, caso as duas pessoas utilizem.” O médico afirma que os testes para determinar os níveis de proteção são em condições laboratoriais. “É um pouco complicado extrapolar os resultados para a vida real, pode não ser exatamente essa a proteção”.
A pessoa continua transmitindo depois de curada – Mito
Segundo Fortaleza, estudos feitos na Alemanha e nos Estados Unidos mostraram que a transmissão ocorre até o oitavo dia de sintoma. “Nos hospitais, se mantém a pessoa isolada depois desse período se os sintomas persistirem, mas o que mostram os estudos é que, mesmo com sintomas, o paciente para de transmitir depois do oitavo dia”.
Não devemos usar o elevador com mais de uma pessoa – Verdade
O médico explica que o elevador, por ser um ambiente fechado, pode ser um local facilitado para a transmissão, mesmo que todos utilizem máscaras. “O ideal é que uma pessoa de cada vez utilize o elevador, ou pelo menos, pessoas do mesmo apartamento.” Segundo o infectologista, é possível pegar o vírus encostando em superfícies contaminadas e levando ao rosto, porém é mais difícil de acontecer. “A principal forma de transmissão é por meio de gotículas respiratórias, por isso precisamos evitar aglomerações e manter o distanciamento social.”
O vírus continua ativo até uma semana nas superfícies – Depende
Testes laboratoriais mostraram que, sim, o vírus pode ficar até uma semana viável em superfícies lisas, frias e metálicas, segundo o infectologista. Porém, ele explica que não é possível determinar quanto tempo o vírus permanece capaz de contaminar uma pessoa em uma superfície. “Os testes são em condições laboratoriais com culturas de células. Na vida real não temos como saber quanto tempo ele permanece em superfícies.”
O vírus não sobrevive na piscina – Não é possível confirmar
O médico explica que ainda estão sendo realizados para saber quanto tempo o vírus pode ficar ativo na água. “Muito provavelmente ele não deve resistir ao cloro, mas não é possível afirmar.” Fortaleza acrescenta que não é recomendado ir à piscina, pois são ambientes compartilhados e deve se evitar o contato com outras pessoas.
Animais domésticos transmitem a doença – Mito
Segundo o infectologista, foram registrados poucos casos de animais que adquiriram Covid-19, mas não existiu nenhum caso de transmissão desses animais para humanos.