Se você é um empreendedor atingido pelas cheias, saiba como recomeçar

Sebrae RS apurou que 600 mil micro e pequenas empresas foram afetadas diretamente em todo o Estado

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Desde que fortes chuvas atingiram o Rio Grande Sul, a prioridade do poder público e da sociedade civil tem sido o resgate das pessoas atingidas pelas cheias. Daqui para frente estruturas terão que ser reconstruídas e, aos poucos, a atividade econômica também precisará ser restabelecida. O Sebrae RS apurou que 600 mil micro e pequenas empresas foram afetadas diretamente em todo o Estado pelos recentes alagamentos, principalmente na Serra, Vale do Taquari e Região Metropolitana.

“Entendemos que o momento é para salvar vidas, restabelecer os sistemas básicos e garantir a segurança de todos”, destaca Luiz Carlos Bohn, presidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae RS. Para ele, é importante promover o crescimento e a restauração por meio do empreendedorismo.

Histórias de perdas

Várias histórias de pessoas que investiram uma vida em um negócio e perderam tudo se somam nos últimos dias. O repórter Felipe Faleiro acompanhou de perto muitos sonhos irem embora junto com a água da enchente. Ele entrevistou no bairro Vila Nova, em Três Coroas, João Adelar, proprietário de três antiquários e brechós com a esposa Tânia Terezinha Wilbert e a filha do casal, Camili, de 14 anos. Tudo foi praticamente destruído pela lama em uma das unidades.

“Estávamos montando um museu com relíquias e agora não sabemos como vai ser. Perdemos ao menos 3 mil peças de roupas. Nossa motocicleta também ficou debaixo d’água. Não conseguimos organizar nada ainda”, relatou ele a Faleiro.

Orientações para lidar com os prejuízos

Mesmo diante de toda a dificuldade, o professor Diogo Pires, coordenador da Escola de Negócios da Fadergs, explica que os empresários devem esperar os programas de reconstrução e demais incentivos governamentais a serem lançados.

“A crise generalizada no Estado, causada pelas enchentes, tem afetado direta e indiretamente todos os empreendedores locais”, afirma. Somente quando as águas baixarem, as perdas poderão ser calculadas com precisão.

“O que se pode fazer agora é aproveitar ao máximo que os prazos de pagamentos de impostos federais, estaduais e municipais foram estendidos, como o Imposto de Renda, parcelas de ICMS e as de ISS-TP de alguns municípios”, ressalta.

Não se desespere e confira o que pode ser feito

  • Aproveite os prazos estendidos para pagamentos de impostos;
  • Aguarde para fazer um levantamento preciso das perdas;
  • Outros empresários estão passando por situações parecidas, aproveite para fazer contatos e parcerias;
  • Associações comerciais, associações de classe, clubes de comércio são sempre importantes fontes de inspiração, networking e apoio entre empresários;
  • Procure apoio e troca de informações;
  • Negocie diretamente com os fornecedores;
  • O rendimento sobre o capital investido é menor que os juros para tomar dívidas. Manter dinheiro investido nesse momento só se justifica se não tiver pagando nenhum tipo de juro por um financiamento, ou um rotativo, ou um limite;
  • Se possível, não utilize todas as reservas. Tente deixar o suficiente para emergências de caráter pessoal;
  • Reduzir a margem para vender mais rápido os produtos que têm mais saída e/ou estão perto do vencimento;
  • Vender a preço de custo (até um pouco abaixo) aqueles que não giram bem no estoque (não é hora de deixar recurso financeiro parado;
  • Oferecer vantagens (desconto, bonificações, brindes, serviços etc.) para pagamento à vista (dinheiro ou Pix);
  • Evitar empréstimos bancários. Mesmo com taxas que pareçam baixas, em 12 vezes ou 24 vezes, acumula muito juro;
  • Não recorrer ao rotativo do cartão. O pequeno empreendedor muitas vezes usa do cartão de crédito (pessoal ou corporativo) para fazer giro (comprar estoque, por exemplo). Essa nunca é uma boa opção;
  • Cartão de crédito, apenas se você tem certeza que a receita vai entrar em tempo de pagar no vencimento, ou seja, apenas no curtíssimo prazo. Não usar cartão de crédito sem a certeza que haverá dinheiro para pagar a fatura o vencimento.
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Colaborador

Correio do Povo / Foto: Felipe Faleiro