Ser cristão e ser homem

As duas coisas estão mais ligadas do que muitos imaginam e refletem nas pessoas ao redor

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Nos tempos bíblicos, o homem devia ser responsável pela vida espiritual do lar e se esforçava para servir de exemplo, com base no que aprendia sobre Deus.

Em vez da postura leviana de “faça o que eu digo, não o que eu faço”, infelizmente tão comum em muitos que detêm a autoridade em qualquer lugar, havia no homem hebreu do Antigo Testamento um esforço em ensinar por suas atitudes, fossem eles pais, chefes, patrões e até reis e outros dirigentes políticos. Um líder que inspira com sua pessoa é melhor que aquele que impõe uma postura sem ele mesmo praticá-la.

Quando Davi estava para morrer, aconselhou seu filho e sucessor Salomão: “Eu vou pelo caminho de toda a terra (a morte); esforça-te, pois, e sê homem” (1 Reis 2.2). Em seguida, explicou o “ser homem”: “E guarda a ordenança do Senhor teu Deus, para andares nos Seus caminhos, e para guardares os Seus estatutos, e os Seus mandamentos, e os Seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na lei de Moisés; para que prosperes em tudo quanto fizeres, e para onde quer que fores”(1 Reis 2.3).

Com isso, Davi ensinava que não bastava a vontade humana, mas também seguir a de Deus para ser um homem digno. Inclusive ao errar, pois o pai de Salomão também errou ao afastar-se da vontade do Altíssimo, mas se arrependeu sinceramente e logo voltou aos Seus caminhos. Foi homem também em reconhecer seus tropeços e se redimir.

Com a vinda do Senhor Jesus ao mundo, isso não mudou. Dietrich Bonhoeffer, teólogo e escritor alemão, escreveu sobre ser homem em Deus na pior fase de sua vida, preso em um campo de concentração nazista entre 1943 e 1944: “ser cristão não significa ser religioso em determinada direção e sob a pressão de qualquer método, tornar-se algo (pecador penitente ou santo), mas, ao contrário, ser cristão é ser homem. Não apenas um certo tipo de homem, mas aquele que Cristo cria em nós. Não é o ato religioso que produz o homem, mas sim a participação no padecimento de Deus na vida do mundo”. Adolf Hitler temia tanto esse ensinamento de Bonhoeffer que mandou prendê-lo e fuzilá-lo. Temia que o homem alemão obedecesse a Deus e não se sujeitasse à pior ditadura de todos os tempos, sendo livre.

Hoje muitos usam a mídia para desfazer o que significa ser homem de verdade, corroendo a masculinidade (a saudável) aos poucos. Entretanto, aquele que opta por Deus e não abre mão dEle usa a Fé inteligente contra essa sabotagem do mal.

Um homem obediente ao que Deus quer para sua vida é coerente. Ele sabe que o que aprende na Bíblia e no Altar deve ser levado para a “vida lá fora”. Aplica a justiça e a honestidade aos negócios, às amizades e onde tudo começa numa vida em sociedade: em casa.

Não basta levar os filhos a uma igreja para que se formem futuros cristãos. É preciso ser aquele homem de que Bonhoeffer falou e as crianças se espelharão nele. Os pequenos se inspiram em atitudes como o carinho e respeito que o homem demonstra pela esposa, as boas maneiras, a vontade de aprender, o profissionalismo, o uso inteligente do dinheiro e a firmeza contra os vícios. A melhor maneira de formar os bons homens do futuro é, antes de tudo, ser um, como Deus o criou para ser.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Getty Images