Ao longo deste ano, as casas de apostas ganharam espaço nas redes sociais, na galeria de aplicativos do celular, nas manchetes e nos debates. Um levantamento da Web Estratégia aponta que a busca por palavras-chave relacionadas a essa prática aumentou mais de 300% em um ano e o governo federal teve de intervir para regulamentar a atividade para evitar que esses jogos fossem utilizados para lavar dinheiro, até porque, segundo uma nota técnica do Banco Central, mais de R$ 20 bilhões foram identificados em transferências via PIX para casas de apostas on-line.

Um relatório do Instituto DataSenado revela que mais de 22 milhões de brasileiros realizaram alguma aposta no período de um mês. Em outro estudo, o Banco Itaú projeta que as apostas on-line farão com que os brasileiros percam R$ 24 bilhões neste ano.

Quer saber um dado mais alarmante? Uma pesquisa do PoderData mostra que 30% dos beneficiários do Bolsa Família afirmam terem realizado apostas on-line; enquanto um levantamento da Serasa com o Instituto Opinion Box revela que 46% dos inadimplentes fizeram o mesmo, dos quais 44% alegaram que a aposta tinha o objetivo de arrecadar dinheiro para quitar suas dívidas.

Ou seja: muitas pessoas que já estão em dificuldades financeiras estão se colocando em situação ainda pior, uma vez que as casas de apostas sempre ficam em vantagem – afinal, elas existem porque geram lucros. A ilusão gerada por pequenos ganhos e pela aparente possibilidade de grandes ganhos gera uma compulsão, mas, quanto mais se aposta, mais se perde. De pouco em pouco lá se vai o dinheiro que nem se tem, até que o apostador, desesperado, parte para o “tudo ou nada” e quase sempre fica com o nada.

Do outro lado…
A Global Religion 2023, pesquisa do Instituto francês Ipsos, indica que 89% dos brasileiros acreditam em Deus. Isso coloca o País em primeiro lugar do ranking global (empatado com a África do Sul), sendo que a religião predominante aqui é o cristianismo. Já uma pesquisa do PoderData mostra que 29% dos evangélicos e 22% dos católicos afirmam que já jogaram em alguma bet, sendo que 20% dos evangélicos e 14% dos católicos apostam todos os dias. Essa prática é tão antagônica para o cristão quanto a luz e as trevas.

As apostas têm se tornado tão comuns que a expressão “profetizou, jogou, sacou” até começou a ser empregada entre os cristãos. Mas o Bispo Jadson Santos, responsável pelas palestras da Prosperidade com Deus, que acontecem nos templos da Universal às segundas-feiras, diz que, quando a pessoa decide recorrer às apostas para obter dinheiro fácil, acaba deixando de depender de Deus e ainda acaba se viciando: “o ser humano tem facilidade para se viciar. Nós, cristãos, não dependemos de sorte, nós dependemos de Deus. Por isso é perigoso recorrer a jogos de aposta”.

Não aposte sua consciência!
Não é errado ganhar dinheiro. No entanto não podemos recorrer a atalhos, afinal de contas, aprendemos em 1 Timóteo 5.18 que o “trabalhador é digno do seu salário”. E, em uma das versões bíblicas, Provérbios 13.11 diz: “a riqueza obtida com facilidade, essa diminui, mas quem a ajunta pelo trabalho, esse a vê aumentar” (NAA).

Lendo com atenção a Bíblia é possível entender que apostar não condiz com o cristianismo. Deus nos quer confiando nEle, não em apostas, como afirma o Bispo Jadson Santos. “A gente se envolve com a fé, com a Palavra de Deus. Então, o cristão não pode ficar ansioso para prosperar, para ganhar dinheiro, porque ele pode cair na cilada do diabo. Ele tem que confiar em Deus e subir degrau por degrau. Não acredito que Deus queira que você ganhe um dinheiro enquanto milhares perdem e choram. Então, vejo que esses jogos de apostas são muito ruins, porque tem gente tirando dinheiro da comida para apostar, às vezes, até dos filhos”, explica o Bispo.

Mesmo que tenhamos o livre-arbítrio e que a Bíblia reforce que “todas as coisas me são lícitas” também está escrito em 1 Coríntios 6.12: “mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”. E as casas de apostas vivem justamente de quem está sendo dominado por esse mal. A compulsão por jogos de azar e o amor pelo dinheiro são destruidores e cristãos estão se colocando nessa armadilha voluntariamente, sem observar a orientação: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5.8).

Não se entregue ao leão, não aposte sua consciência naquilo que é vão e perecível. Cuide do seu dinheiro com sabedoria.