Sistema Braille: palavras ao toque

Apesar de ser importante, o sistema de leitura destinado a pessoas cegas e com baixa visão ainda não é acessível para muitas delas

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No dia 8 de abril é comemorado o Dia Nacional do Sistema Braille. Esse sistema de escrita e leitura tátil foi criado pelo francês Louis Braille (1809-1852) em 1837, que ficou cego ao sofrer um acidente quando tinha três anos.

Ele foi exportado para vários países e chegou ao Brasil em 1854, por meio de José Álvares de Azevedo. No mesmo ano, foi criado o Imperial Instituto de Meninos Cegos, atualmente Instituto Benjamin Constant.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam entre 40 milhões e 45 milhões de pessoas cegas no mundo e outros 135 milhões sofram limitações severas de visão. Já no Brasil, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 6,5 milhões de pessoas têm deficiência visual severa, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão. Desse total de pessoas cegas, 110 mil têm 15 anos ou mais e não são alfabetizadas e, dentre as com baixa visão, 1,5 milhão de pessoas não sabem ler nem escrever. Isso significa que cerca de uma em cada quatro pessoas (25%) com alguma deficiência visual não é alfabetizada.

Para que essa parcela significativa da população seja contemplada com a possibilidade de ler e escrever, no mês de abril, acontece um movimento de conscientização para a importância e a necessidade de conhecimento do sistema Braille. O presidente da Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB), Beto Pereira, conta por que essa iniciativa é fundamental: “o sistema Braille é o mais completo e eficaz para que a pessoa cega e com baixa visão tenha acesso completo à estrutura de escrita e leitura. Há muitas tecnologias que são vendidas como substitutas do sistema, mas nada pode substituí-lo.

Especialmente no período de alfabetização, ele é indispensável para que se entendam as formações de cada palavra e seus fonemas. Há, por exemplo, o chamado ‘óculos falante’, mas, além de ser uma tecnologia muito cara, ele é limitado e até já existem aplicativos gratuitos que fazem muito mais pelo usuário.”

Pereira ainda acrescenta que há entidades atuando na habilitação e na reabilitação de pessoas cegas e com baixa visão e que elas são as grandes responsáveis pela difusão e pelo ensino do sistema Braille para crianças, adolescentes e até mesmo para adultos. É fundamental que essas pessoas busquem apoio profissional tanto para que sejam alfabetizadas em Braille quanto para que se adaptem à vida e possam ser completamente socializadas. Ele ainda destaca que mesmo quem não é deficiente visual pode procurar as instituições que difundem o método: “elas devem ser procuradas até pelos educadores, pois eles precisam conhecer o sistema para que possam acolher um aluno cego, por exemplo. Além disso, é importante que sejam reservados períodos para que os alunos de escolas públicas e particulares sem deficiência entendam o que é o sistema Braille para que, dessa forma, ajudem um ‘amiguinho’ e compreendam seu processo”.

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Colaborador

Camila Teodoro / Arte: Edi Edson