“Subi no altar pequena, mas desci me sentindo uma gigante”

Ter nascido diferente foi um grande desafio para Daniela Andrade, mas ela aproveitou essa circunstância para superar os preconceitos e conhecer seu verdadeiro valor

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Para muitos, ter uma família estruturada e exemplar pode significar uma vida de sucesso. Entretanto, para a auxiliar administrativa Daniela Lopes Fróes Andrade, de 44 anos, a realidade foi bem diferente. Ela nasceu com nanismo e é a segunda de quatro filhos que têm estatura mediana. Sua diferença de altura lhe causou traumas e complexos ao longo da vida e a fez desistir de muitos sonhos.

Ter uma característica distinta da maioria da população a levou à ruína. Desde criança, lidar com olhares depreciativos, chacotas e preconceitos a jogou em uma escuridão. “Eu era muito humilhada. Em qualquer lugar que eu fosse, as pessoas me olhavam com desprezo. Isso me causava muita angústia e amargura na alma. A cada dia, meu complexo de inferioridade só aumentava. Sentia-me desprezada por tudo e por todos. Eu achava que só minha família gostava de mim, culpava Deus a todo instante e questionava por que, dentre meus irmãos, só eu tinha nascido assim”, conta.

Em seu lar existia muita alegria e amor, mas viver em sociedade era difícil para ela, como relata: “eu não queria mais estudar. Eu pedia aos meus pais e chorava para não ir à escola, apesar de gostar de estudar. Eu queria me esconder para não ter que lidar com as pessoas me ofendendo. Eu tinha muita vergonha de mim mesma e minha angústia só aumentava. Via meus irmãos felizes e alegres e eles tentavam passar essa alegria para que eu não me sentisse tão rejeitada, mas eu tinha um vazio que nada preenchia”.

Além de enfrentar a maldade das pessoas e as barreiras para conseguir um emprego e se relacionar, ela teve que conviver com um grave problema de saúde: uma estenose espinhal, um estreitamento que comprime o nervo ou a medula espinhal. “Eu sentia tanta dor à noite que me arrastava pelo chão, como uma cobra, para sentir o gelado do chão e ver se assim amenizava o problema. Fiquei sem andar, pois perdi totalmente o movimento das pernas. Os médicos tentavam de tudo para me ajudar e amenizar as dores. Eles queriam fazer uma cirurgia, mas era de alto risco porque o meu pro-blema era na medula e eu poderia ficar paraplégica. Quando ouvi o que o médico disse, olhei para Deus e afirmei que não havia mais solução para mim. Perdi noites olhando para o céu e clamando pelo socorro de Deus para que Ele me tirasse daquele sofrimento. Pedi para que Ele me levasse, pois eu já não aguentava mais”, recorda. Toda essa adversidade aumentou o vazio que Daniela sentia. Um episódio, porém, mudou aquela situação, relata Daniela: “eu tinha estudado com uma obreira que sempre teve muito carinho por mim. Ao saber do meu sofrimento, ela se dispôs a arrumar um carro e me levar a uma reunião na Universal. Ela me motivava a ir e dizia que minha vida mudaria. Foi assim que fui à primeira reunião. Nesse dia, me enchi de paz e percebi que havia esperança ali. Tive a curiosidade de voltar outras vezes. As dores começaram a sumir e comecei a dormir bem. Eu passei a obedecer aos ensinamentos de fé que aprendia”.

Ela chegou à Universal durante o período do propósito de fé da Fogueira Santa. Embora estivesse no início de sua jornada para conhecer a Deus, as pregações sobre a oportunidade de transformação de vida a fizeram ver que ali ela não trataria apenas seu problema físico, mas poderia curar todas as dores de sua alma. Então, ela decidiu priorizar esse propósito. “Coloquei toda a minha força porque sabia que ali era o ponto de partida para que minha vida mudasse. Eu não sabia como, mas tinha certeza que Deus faria algo maravilhoso. Subi no Altar pequena, mas desci me sentindo uma gigante. Entreguei toda a minha vida, todo o meu eu, o meu passado, o complexo de inferioridade, tudo que sofri eu entreguei ali. Contudo pedi a Deus para que não me deixasse descer do mesmo jeito”, declara.

A jornada de transformação dela começou a se concretizar. O desprezo do mundo ficou no passado e o resultado da Fogueira Santa foi a troca do vazio da alma pelo Espírito Santo. Seu interior foi preenchido e não há nada no mundo que a faça se sentir rejeitada, pois ela não precisa de aprovação de nada nem de ninguém, uma vez que Deus a valoriza. Ela aprendeu seu valor ao conhecer o amor do Altíssimo, que supera tudo.

Hoje, além de ter a alegria constante do Espírito Santo, ela está casada com o auxiliar administrativo Divan Matos de Andrade, de 53 anos, que completa sua felicidade. Ela venceu o preconceito do mercado de trabalho e conquistou seu espaço profissional em uma empresa conceituada da sua cidade. Daniela aproveitou a oportunidade que viu na Fogueira Santa para construir uma nova história, contando com Deus para superar qualquer obstáculo que apareça em sua vida.

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Colaborador

Michele Nascimento / Foto: Mídia FJU Bahia