Suicídio: um problema que assola jovens brasileiros

Casos recentes, ligados a grupos em redes sociais, reacendem discussão sobre o tema. Saiba mais

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Falar sobre suicídio ainda é um tabu. Infelizmente, o pouco que se fala não tem sido suficiente, tendo em vista que, no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, houve um crescimento de 12% nos casos, sendo a quarta maior causa de morte em nosso país e predominante entre jovens de 15 a 29 anos.

Recentemente, a discussão sobre o tema veio à tona nos meios de comunicação após a morte de jovens no estado de Goiás, os quais estariam ligados a grupos cibernéticos que desafiavam jovens e adolescentes a se automutilar e tirar a própria vida.

Muito parecido com o grupo “Baleia Azul”, que causou temor entre os pais no ano passado – por também incentivar o suicídio -, o “The Haters”, em tradução literal “Os Odiadores”, já deixou um rastro de seis mortes no Brasil somente este ano.

Entre as vítimas estão jovens que, aparentemente, levavam uma vida normal. O grupo, no entanto, tem como principal alvo jovens e adolescentes – a maioria menores de idade -, que possuam algum tipo de transtorno ou depressão.

Igor Pires Moreira, de 15 anos, foi uma dessas vítimas, entretanto, segundo informações dos familiares, ele era um adolescente sem aparentes problemas. Era rodeado de amigos, amado pela família e não dava sinais de que poderia cometer o suicídio. Em seu velório, um fato chamou a atenção da família e das autoridades: jovens desconhecidos estavam fotografando e filmando a cerimônia fúnebre como se tratasse de uma festa. Após a identificação deles, a Polícia Civil descobriu se tratar de jovens ligados ao grupo “The Haters”.

Adolescência: uma fase de transição

Em entrevista ao portal Universal.org, a psicóloga Eliane Puk explica que a adolescência é uma fase de transição para a vida adulta e, nela, o jovem passa a buscar sua própria identidade.

“O adolescente adora um desafio e precisa fazer parte de um grupo para sentir-se integrado. Ele busca seus valores e sua integridade, aumentando sua necessidade de sentir-se aceito”, afirma ela.

A psicóloga também acredita que o jovem que apresenta indícios de depressão e de pensamentos suicidas deve ser cuidado individualmente. “O que leva alguém a tentar o suicídio é um sofrimento intenso, um vazio existencial, a perda do sentido da vida, por isso, não se pode generalizar, afinal cada indivíduo é único e deve ser percebido e acolhido”, esclareceu.

Conversamos com duas jovens que já tentaram o suicídio. Marrie Rosseto, de 18 anos, e Cláudia Sofia Cruz, de 19. Elas são completamente diferentes, mas possuem histórias parecidas.

Cláudia (foto ao lado) é portuguesa, vive em Lisboa, em Portugal. Ela conta que o bullying e os problemas familiares foram fatores determinantes para que ela se sentisse deprimida e tentasse o suicídio. “Eu sofria bullying, mas achava que ia passar. Até que um dia me derrubaram e eu fui parar no hospital com traumatismo craniano”, recorda a jovem.

Após o acontecimento, Cláudia passou a se cortar para sentir-se aliviada daquele sofrimento. “Entrei em depressão e pensava que a culpa de tanto sofrimento era minha. Eu sabia que não iria acabar, mas aliviava o que eu estava sentindo”, relata.

Já Marrie, (foto abaixo) moradora da cidade de Santos, litoral sul de São Paulo, cresceu em um lar cristão. Desde muito pequena frequentava os cultos com seus pais mas, embora estivesse rodeada de amigos e familiares, a jovem não se sentia realizada.

“Dos 12 aos 14 anos eu pensava em suicídio. Ninguém sabia o que acontecia comigo. Eu me cortava escondida. Comecei a sofrer com bulimia (transtorno alimentar) e complexos de inferioridade”, conta a jovem que, além de se cortar, acreditava que pedir ajuda não resolveria a sua situação.

“Eu mantinha uma aparência de ‘perfeitinha’, por isso, não pedia ajuda; pensava que se descobrissem o que eu passava iriam me julgar”, acrescentou.

A solução

Apesar de morarem a mais de 7 mil quilômetros de distância uma da outra, ambas conseguiram vencer o desejo de suicídio por meio do trabalho realizado pelo grupo Força Jovem Universal (FJU) de seus países. Claudia, em Portugal, e Marrie, no Brasil.

Isso porque o grupo atua em todos os lugares onde há uma Universal ajudando jovens e adolescentes, inclusive, a vencerem os pensamentos suicidas, mostrando-lhes que a morte não é a solução. É exatamente o que faz o Projeto “Help”, formado por jovens que, um dia, também já tentaram o suicídio, mas hoje – livres desse pensamento – podem ajudar outras pessoas.

O Bispo Marcello Brayner é quem coordena o grupo. Ele afirma que, por não saber lidar com os problemas da juventude, muitos jovens não enxergam uma alternativa, senão o suicídio, mas que a conscientização é o caminho para a mudança.

“Podemos mudar esse cenário por meio da conscientização, do atendimento e apoio a esses jovens. O trabalho do Help é fazer com que eles entendam que vale a pena viver”, esclarece ele.

Essa conscientização tem ocorrido incansavelmente por todo o País. No último domingo (20), o grupo realizou a ação “Saiba Dizer Não ao Suicídio”, em todos os estados brasileiros. Na capital paulista, mais de 10 mil jovens se reuniram na avenida Paulista.

Bispo Marcello ainda afirma que voluntários estão prontos para atender aos jovens. “Basta entrar em contato conosco, por meio das redes sociais do projeto. Nos encontros dos jovens o atendimento é feito pessoalmente”, concluiu.

Para participar desses encontros da FJU, procure a Universal mais próxima de você. Os endereços podem ser encontrados, facilmente, clicando aqui.

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Colaborador

Por Rafaela Dias (*) / Fotos: Fotolia e Cedidas