Taxa de suicídio cresce entre crianças e adolescentes
Segundo levantamento do Hospital Pequeno Príncipe, referência em pediatria no Brasil, 70% dos casos englobam crianças e adolescentes de 14 anos ou menos
Segundo levantamento do Hospital Pequeno Príncipe, referência em pediatria no Brasil, localizado em Curitiba (PR), a taxa de suicídio cresceu entre crianças e adolescentes. Entre 2021 e 2022, o centro médico afirma ter triplicado os atendimentos relacionados à ideação suicida, sendo 70% entre pacientes de 14 anos ou menos.
Tal crescimento expressivo do índice de suicídio ou autoagressão na infância acende a preocupação do Ministério da Saúde com os cuidados com a saúde mental e emocional do público jovem, visto que a condição afeta faixas etárias cada vez menores. Nos últimos anos, crianças menores de 10 anos, dentro do mesmo quadro, também chegaram à emergência da unidade.
Pelos números:
Dados divulgados pelo portal Datasus, do Ministério da Saúde, apontam que:
- 1.299 crianças e adolescentes, de até 19 anos, tiraram a própria vida em 2021
- E, em 2022, 1.194 óbitos por suicídio nesta mesma faixa etária foram calculados – o terceiro maior índice, atrás de 2019 e 2021.
Além disso, o último boletim epidemiológico do Ministério mostra que:
- Entre 2016 e 2021, a taxa de suicídios entre adolescentes de 15 a 19 anos cresceu 49% – cerca de 6,6 óbitos por 100 mil habitantes.
- Já casos entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, a alta é de 45%.
Causas:
De acordo com especialistas, não é possível apontar uma razão para tal crescimento na ideação suicida entre o público jovem, mas afirmam que as sequelas do isolamento causadas pela Covid-19, a violência, o enfraquecimento da relação familiar e o uso em excesso da internet contribuem para o agravamento de questões mentais neste período da vida.
Por isso, atente-se:
É possível identificar possíveis comportamentos que apontam sofrimento psicológico que podem fomentar a tentativa pelo suicídio. Veja abaixo algumas das características comuns que antecedem tais casos e fique em alerta:
- Queda de rendimento escolar;
- Irritação e agressividade;
- Alteração de apetite ou sono;
- Introspecção e isolamento;
- Ausência de sonhos e metas;
- Desesperança e sentimento de desvalor por si próprio;
- Falta de perspectiva;
- Autoagressão e automutilação;
- Demonstração de desejo pela morte ou ideação suicida;
- Depressão e ansiedade.
Se alguma criança ou adolescentes próximo a você apresenta com frequência alguns dos sintomas listados, procure uma avaliação médica ou psicológica. Além disso, o diálogo e vínculos familiares/sociais também são indicados na prevenção contra o suicídio.
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Projeto Help:
O bombeiro industrial Leandro Willian Ribeiro Guimarães, de 23 anos, é um entre milhares de jovens que já foram ajudados pelo projeto. Hoje ele é voluntário do Projeto Help e se dedica a ajudar jovens que buscam a saída para esses problemas de ordem psicológica e emocional, porque ele já esteve nesse lugar.
Leandro conta que durante a sua infância e adolescência, se deparou com graves quadros de insônia, síndrome do pânico e síndrome de Bonderline, resultados de um lar desestruturado e dos traumas obtidos. Ele relata que devido aos problemas em sua casa, se viu tornar uma criança completamente agressiva, a ponto de ser amarrado por inúmeras vezes para ser contido. E a contrário do que idealizava, com o passar dos anos o seu caso apenas piorava.
- “Eu comecei a desenvolver estes problemas, até que caí na depressão e nem sorrir eu sorria mais”, relembra o jovem.
Como se já não fosse suficiente o seu sofrimento, o bombeiro passou a ter fortes desejos pelo suicídio e tentou cometê-lo por duas vezes com remédios e se jogando em frente a um carro em movimento. Leandro afirma que permaneceu durante um longo período nesta situação até que conheceu e foi acolhido pelo Projeto Help, que o ajudou a superar o seu passado e recomeçar uma nova história.
- “O Help é maravilhoso, e não tenho dúvidas que é um projeto muito importante. E hoje estou aqui para passar para as pessoas que há solução e poder ajudá-las como fui ajudado”, conclui.
Saiba mais sobre o projeto Help acessando o site ou siga-o em suas redes sociais (Instagram e Facebook).