Apenas três das cem cidades mais populosas do nosso país têm água potável e tratamento de esgoto para toda a população: Maringá (PR), São José do Rio Preto (SP) e Campinas (SP). Os dados do Instituto Trata Brasil, divulgados no final de março, mostram que cerca de 90 milhões de pessoas não têm acesso à coleta de esgoto e que a falta de acesso à água própria para o consumo humano impacta quase outros 32 milhões, o que ocasiona problemas de saúde. As crianças são as mais afetadas.

Para a cardiologista Camila G. Pereira, especialista em cardiologia do esporte, a água potável e o tratamento de esgoto são fundamentais para a saúde e para a preservação do meio ambiente. “Esses serviços dependem de políticas públicas para funcionar adequadamente. Diversas doenças podem ser transmitidas por contaminação da água por bactérias, vírus, protozoários e parasitas, além de substâncias químicas, como metais pesados e pesticidas. As principais enfermidades são diarreias, cólera e hepatite”, destaca.

A água é vital, pois mais de 70% do corpo humano é composto por ela. “Não há como viver sem beber água. Ela desempenha várias funções essenciais ao organismo, como hidratação, transporte de nutrientes até as células e auxílio na eliminação de toxinas do corpo por meio do suor e da urina. A falta de hidratação leva o corpo a racionalizar o líquido disponível e priorizar órgãos vitais, como o cérebro, coração e os rins. Quando isso ocorre, o cérebro sinaliza para o nosso organismo que é necessário reter líquidos para evitar a desidratação e isso pode gerar ‘inchaço’ em alguns locais, principalmente nos membros inferiores”, explica Camila.

Já a cardiologista Ana Luisa Caldas, também especialista em cardiologia do esporte, fala de alternativas para quem não gosta ou não tem o costume de tomar água: “é interessante consumir outros líquidos, como chás e sucos, e comer frutas ricas em água, como melancia, melão, pois todos os alimentos naturais contêm água em sua composição”.

Ana Luisa adverte, porém, para o fato de beber sucos e energéticos: “eles geralmente têm açúcar ou sódio em sua composição e o alto consumo de açúcar deve ser evitado por pacientes diabéticos e o sódio é prejudicial para quem precisa perder peso, pois aumenta a retenção hídrica e a pressão arterial”.

Camila dá dicas para quem queira melhorar a ingestão: “tenha sempre uma garrafinha por perto, estabeleça uma meta de consumo diário e busque ultrapassar esse limite ao longo do dia. Por exemplo: cinco copos de 200ml pela manhã e cinco copos de 200ml de água durante a tarde”.