Tudo pela foto perfeita: mulher é atingida por trem após tentativa de selfie

No México, uma mulher morre ao realizar a mesma ação. Saiba mais sobre os casos e os riscos do exibicionismo digital

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Na zona rural de Uberaba, em Minas Gerais, uma ciclista foi atingida por uma locomotiva após tentar registrar uma foto – a conhecida “selfie” – com um grupo de amigas. O incidente aconteceu em 13 de abril, próximo à Estação Ferroviária de Palestina, na via férrea da empresa VLI, mas ganhou forte repercussão nas redes sociais apenas no início de junho.

Aos bombeiros, a vítima informou que não havia avaliado a proximidade com a linha do trem. A mulher fraturou a costela esquerda e foi encaminhada para o hospital consciente.  Uma de suas amigas teve um corte na coxa devido ao impacto da queda da vítima contra ela.

Confira a reportagem completa na íntegra do R7, clicando aqui

Mais um caso semelhante:

O acontecimento inusitado trouxe à mídia outro caso semelhante, desta vez, no México.

Em 04 de junho, no estado de Hidalgo, uma mulher de 25 anos morreu atingida por uma Maria Fumaça na cidade de Nopala de Villagrán. A vítima tentava fazer uma selfie em frente à linha férrea, quando o veículo, que foi relançado para celebrar a inauguração da rota entre Canadá, EUA e o México, atingiu sua cabeça.

O que perceber com isso:

Situações como essas em que pessoas ultrapassam os limites de sua segurança pela foto perfeita, infelizmente, não são raras. O que antes era considerada uma prática comum entre os jovens visando popularidade, hoje abrange diferentes faixas etárias e classes sociais.

Isso porque, à medida que a tecnologia e as ferramentas digitais que prometem expandir conexões avançam, a necessidade pela exposição e autopromoção nas redes sociais criam raízes entre a humanidade. Para obter visibilidade e “cair nas graças” do público, vale de tudo – inclusive colocar a própria vida em risco. É o conhecido exibicionismo digital.

Para a psicanálise, as redes sociais são ambientes propícios para a construção de uma identidade visual, onde os seus usuários possuem o “poder” de mostrar ao mundo uma versão idealizada de si próprio e alcançar a aprovação de terceiros, como se uma simples foto num cenário chamativo fosse o suficiente para medir o seu valor.

E qual o fim de tudo isso?

No entanto, ninguém consegue sustentar um feed perfeito com uma vida impecável por muito tempo, afinal somos humanos, passivos a erros e vulneráveis às dificuldades. Com isso, a obsessão por reconhecimento pode resultar em nada menos que a insatisfação e frustração com nós mesmos, abrindo brechas a inúmeros distúrbios emocionais e psicológicos, como a baixa autoestima, ansiedade e depressão – quando não finais trágicos como o das vítimas citadas nos casos acima.

“A consciência de saber que estamos enganando alguém cria uma pendência que aumenta a ansiedade e esta, por sua vez, frustra, já que traz a percepção de que somos uma fraude; isso coloca essas pessoas [dependentes por reconhecimento] para baixo, tentando buscar ações que as façam liberar neurotransmissores da recompensa, buscando mais ostentação a todo custo. Como em um ciclo que pode ter um final infeliz”, esclarece o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu.

Seja autêntico:

Em uma sociedade pressionada pela imagem impecável, o mais saudável é ser autêntico. E, para isso, é importante colocar as seguintes dicas em prática:

  1. Lembre-se sempre: as redes sociais não definem o seu valor ou quem você é;
  2. Evite comparações, cada pessoa possui a sua própria história e jornada;
  3. Tenha equilíbrio. Coloque limites em seu tempo gasto nas redes sociais e, também, nas ações promovidas para ganhar visibilidade – jamais ultrapasse a sua segurança física, mental e emocional;
  4. Cultive conexões reais e desenvolva tarefas que goste.
  5. Preencha sua mente apenas com o que lhe acrescentará positivamente.

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Colaborador

Yasmin Lindo / Foto: istock