UFSCar desenvolve sistema para ajudar no combate à COVID-19

Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos criaram um dispositivo inteligente para intubações traqueais decorrentes do coronavírus

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Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo, criaram um sistema para auxiliar no combate à COVID-19. O dispositivo inteligente pode ser usado para intubações traqueais decorrentes do novo coronavírus, facilitando o trabalho das equipes de saúde. O pedido de patente do chamado “cuffômetro inteligente” foi realizado na última sexta-feira (10), no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, com titularidade da UFSCar.

A ideia de criar o sistema nasceu quando o pesquisador e médico Rafael Luís Luporini percebeu a necessidade da Santa Casa de São Carlos em adquirir aparelhos de medição da pressão do balonete de próteses endotraqueais para garantir a vedação adequada do tubo à traqueia do paciente e, assim, poder realizar a ventilação corretamente.

Rafael notou que os fabricantes e representantes nacionais que possuem licença da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não deram conta de suprir o estoque internacional, além de elevar o preço do material.

Então, o pesquisador levou o tema para debate na universidade com o objetivo de encontrar uma solução que facilitasse o trabalho de todos os profissionais da área da saúde, por meio do uso de um dispositivo nacional. Dessa forma, nasceu o “cuffômetro inteligente.”

Equipamento desenvolvido em 30 dias

Com o início da pandemia, Rafael reuniu-se com os pesquisadores Rafael Vidal Aroca, da Computação; Fernando Guimarães Aguiar, Leonildo Bernardo Pivotto e Marcos Tan Endo, da Engenharia Mecânica; e Heitor Vinicius Mercaldi, da Engenharia Elétrica.

E, em menos de 30 dias, a equipe desenvolveu o cuffômetro, capaz de manter e auxiliar na vedação adequada do sistema de intubação traqueal em pacientes em terapia intensiva, e emergência, intubados, como ocorre nos casos graves da COVID-19.

“A invenção superou as nossas expectativas porque a ideia inicial era a medição de pressão do balonete para monitorar a quantidade correta de ar injetado, mas com a união das áreas, investimos na aplicação por telemedicina, o que torna o dispositivo ainda mais atrativo ao mercado”, afirma Fernando Aguiar, um dos pesquisadores envolvidos no projeto.

O principal diferencial dessa tecnologia é o fato de todos os produtos disponíveis no mercado brasileiro serem analógicos. O cuffômetro inteligente é microprocessado e permite a autocalibração quando o equipamento é inicializado, equalizando a pressão externa com a pressão da medição.

Maior abrangência de funções

A equipe estima que o custo da produção do equipamento será compatível aos modelos analógicos já existentes, porém com maior abrangência em suas funcionalidades. Os pesquisadores já foram contatados por empresas interessadas no licenciamento da tecnologia. E, paralelamente a isso, têm investido na aplicação de testes clínicos com o equipamento. Atualmente, os pesquisadores estão construindo dois protótipos.

“Além de suprir uma demanda nacional, com a escassez de equipamentos importados, essa solução tecnológica ganha importância porque reduz a chance de complicações ao paciente. E, evita a dispersão e contaminação da equipe de saúde e familiares ao redor”, diz Fernando.

“Ou seja, protegendo a vida do paciente e facilitando o trabalho dos profissionais de saúde, ela salva vidas. Adicionado a isso, o monitoramento remoto também é uma realidade cada dia mais necessária”, finaliza o pesquisador.

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Colaborador

Do Virtz - R7 / Foto: Divulgação Agência de Inovação/ UFSCar