Um fim ao relacionamento abusivo

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Uma aluna fez contato com os professores Renato e Cristiane Cardoso para dizer que seu namorado briga muito com ela e que é muito agressivo. Eles responderam que ela não deve se sujeitar a um homem que adota esses comportamentos.

ALUNA – Eu e meu namorado temos 19 anos. Namoramos há nove meses, mas ele sempre briga comigo. Eu ligo para ele e ele não atende; mando mensagem e ele não me responde. Ele me xinga e me manda para o inferno. Fala para eu calar a boca e usa palavras de baixo calão. Se eu falo algo que ele não gosta, ele acha ruim e sai quebrando tudo dentro de casa. Ele já quebrou o guarda-roupas dele, deu um soco na janela e quebrou outras coisas na casa da mãe dele. Sempre que eu peço que ele faça algo, ele diz que não pode fazer e reclama. Ele disse que quer noivar comigo, mas, ao mesmo tempo, briga e muda a resposta. Além disso, ele ainda assiste a vídeos pornográficos. Estou cansada e não quero mais dormir com ele. Não sinto o mesmo amor por ele e não sei mais o que fazer. Quero um conselho de vocês: devo terminar ou continuar com ele?

RENATO – Chega. Já é o suficiente. Você não sabe o que fazer? Prepare suas canelas porque vamos soltar os cachorros em cima de você. Eu queria lhe perguntar, aluna, onde você está com a cabeça? Eu não sei o que há dentro da sua cabeça. Para você se sujeitar a tudo isso que nos contou é porque tem uma coisa muito errada com você. Quer saber se ele vai se casar com você? Ele é cafajeste, instável e perigoso. Eu acho que você está esperando ele agredir você, em vez de dar um soco na parede. Eu acho que você está esperando uma tragédia para acordar. Por que há nove meses você está com um sujeito como este? Você tem um problema sério de carência. Falo dessa forma com você para que desperte. Você está em rota de colisão e vai se arrebentar lá na frente.

CRISTIANE – As mulheres hoje estão em uma época em que têm todos os direitos. Tudo bem que poderia ser melhor, mas todas têm muito mais direitos do que antigamente. Estão avançando e são independentes. Então, como uma mulher pode se sujeitar a tudo isso na vida amorosa? Vemos isso frequentemente entre jovens e também entre mulheres com carreira estabelecida, bem-sucedidas, que vivem um casamento fracassado justamente por causa desse comportamento que você, aluna, tem: aceitar e tolerar todo tipo de abuso, todo tipo de comportamento errado do namorado e ainda achar que é normal. Você diz que não sabe o que fazer. Como assim? Você sabe que existe término de relacionamento? Sabe que existe isso? É incrível você se sujeitar a todo tipo de atitude ruim dentro do relacionamento, mas no trabalho, na rua e na escola, por exemplo, está avançando e ninguém liga para você. Na vida amorosa, não sei como, você deve ter voltado para 1910.

RENATO – Se fosse 1910 estava bom. A questão é que as mulheres estão “avançando para baixo” na questão amorosa. Se sujeitando a aspectos que nenhuma mulher, na história da Humanidade, se sujeitava. No passado, as mulheres eram chamadas de Amélia, mas eram fortes e sabiam o que esperar de um homem. Contudo hoje parece que as mulheres estão perdendo a noção. Eu sei o que você quer, aluna: você quer que consertemos o seu namorado. Quer uma mágica para bater com uma varinha na cabeça dele e que ele vire o Dom Juan ou um príncipe encantado. Isso não vai acontecer. Primeiramente, você precisa se tornar uma princesa e se valorizar. Então, o único conselho que posso lhe dar sobre esse relacionamento é terminar o quanto antes. Sair, cortar o contato com essa pessoa e imediatamente buscar ajuda para reconstruir sua autoestima, sua autoconfiança e seu amor-próprio. Se você entrar em um relacionamento depois deste do jeito que está atualmente, é provável que cometa o mesmo erro. Você precisa se tratar, se cuidar internamente. Nós queremos ajudá-la, mas você precisa ir pessoalmente às reuniões da Terapia do Amor (confira os endereços na página 32 ou acesse universal.org/localizar e encontre uma Universal mais próxima de sua casa).

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Colaborador

Kaline Tascin / Foto: getty images