Um pacto com o diabo
Paula Turchiari foi uma marionete nas mãos do mal por quase 30 anos
A esteticista Paula Turchiari, de 50 anos, nasceu em São Paulo e foi criada pelos pais. Ela teve uma infância comum, apesar do alcoolismo do pai e das brigas recorrentes em casa. Aos 18 anos, ela só pensava em ter dinheiro e, motivada por esse desejo, fez uma aliança com as trevas: “fiz um pacto com os encostos e entreguei a minha vida a eles em troca de dinheiro. Eu queria obter tudo na vida. Não importava se eu iria me casar e ter filhos ou não, o que eu queria era dinheiro. Assim, comecei a me prostituir. Em troca, eu queria carro, dinheiro, bolsas caras, roupas, viagens e quem me sustentasse”.
Apesar do pacto trazer a ela o que buscava, o mal levou sua paz. “Eu fazia trabalhos no cemitério, bebia urina, fazia coisas absurdas, mas tudo isso fora de mim. Aquilo tudo foi destruindo minha mente. Os encostos viviam na minha casa, se deitavam comigo e usavam meu corpo. Eu já estava até acostumada. Eles não me deixavam ter um relacionamento com outra pessoa porque um deles dizia que era meu marido”, relata.
Paula afirma que depois do pacto todos os seus relacionamentos eram por dinheiro e quase todos os seus parceiros também serviam aos encostos. Ela conta que trabalhava durante o dia em um emprego formal e, à noite, prostituía-se de maneira quase inconsciente: “eu saía às 22 horas do trabalho e ia me prostituir. Depois eu não lembrava de nada do que tinha feito. Dormia das cinco da manhã até as nove e seguia a vida. Era uma vida destruída, com muita angústia, ódio pela minha família, pela minha mãe e por meus irmãos. Eu não respeitava minha mãe. Minha vida era o dinheiro. Eu não tinha amor por ninguém”.
Sem domínio próprio
Paula destaca que passou a sentir ódio também dos clientes depois das relações e desejava a morte deles. Ela não consumia álcool nem outras drogas, mas não conseguia se lembrar do que fazia e isso a preocupava: “houve uma vez que eu perdi meu carro. Eu deixei num lugar e fui a pé. Depois não sabia onde o havia deixado. Eu tinha depressão, uma angústia terrível e insônia. Meus olhos até queimavam de sono, mas eu não conseguia dormir por causa da perturbação dos encostos. Eu não tinha paz em lugar nenhum. Era um desespero na alma”.
Ela se recorda que nessa época, em 2001, recebeu a visita da mãe e, naquela ocasião, por causa da depressão, estava a sete dias sem tomar banho. Sua mãe, vendo seu estado, a convidou para participar de uma reunião na Universal. “Eu recebi oração, me senti bem, mas não me firmei. Com o passar do tempo, a depressão foi aumentando. Foi assim até o dia que minha mãe faleceu. Eu acordei e ela estava morta na minha cama, o que me fez refletir para onde iria minha alma se eu morresse”.
“Eu morri por dentro”
Depois da morte da mãe, o sofrimento dela aumentou. “Eu tive que viver sozinha. Eu tinha irmã e irmão, mas a minha mãe era a única pessoa que eu tinha por perto. Passei a beber um litro de vodca por dia para poder conversar. Eu praticamente não sorria nem tinha vontade de conversar com ninguém. Eu morri por dentro.” Apesar de todo esse sofrimento, os espíritos do mal que dominavam Paula sentiam prazer em manter relações sexuais promíscuas, o que a fazia buscá-las insaciavelmente.
Somente em 2021 ela se lembrou da Igreja em que sua mãe a levara. Mesmo receosa, ela foi buscar ajuda.
Guerra espiritual
A luta de Paula contra o mal por sua alma teve início. Ela afirma que não foi fácil “pegar firme nas correntes”, mas perseverou e contou com o auxílio espiritual de pastores e de uma obreira que a acompanhava o tempo todo. Aos poucos, ela foi despertando e fortalecendo sua fé. “O meu processo de libertação foi difícil. Precisei de muita ajuda. A caminho da Universal, eu parava no meio da rua porque os encostos cutucavam minhas costas, me empurravam e paralisavam minhas pernas. Era um terror! Isso, porém, não durou muito tempo porque me entreguei a Deus.
Eu acordava de madrugada para orar e ia à Igreja todos os dias. Subi ao Altar da Fogueira Santa para pedir minha libertação e a Presença do Espírito Santo. Eu não queria mais ser aquela pessoa.”
Nova identidade
Aos 48 anos, Paula conseguiu quebrar o pacto demoníaco que fizera aos 18 anos. Ela se batizou nas águas em busca de uma nova vida e se dedicou a isso muito mais do que fizera para ganhar dinheiro. Ela meditava na Palavra de Deus e a passagem de João 4.13-14 chamou sua atenção: “ela fala da mulher samaritana. Jesus disse a ela que aquele que beber da água que Ele der nunca mais terá sede. Eu não sabia que água era essa, achava que era água de beber, eu a lia todos os dias e não entendia, mas hoje sei que a água é a Presença de Deus e a alegria do Espírito Santo”.
Até chegar a esse entendimento ela buscava todos os dias a Presença de Deus e Lhe pedia discernimento. Ela já tinha abandonado a prostituição e foi deixando para trás também o que passou a entender que desagradava a Deus. Assim, ela recebeu o Espírito que dá sentido à vida. “O Espírito Santo me disse: ‘o mundo pode ter te rejeitado, mas Eu te escolhi’. Recebi assim a alegria e a paz que jamais senti. Eu mudei, claro, mas todos os dias o Espírito Santo me ensina. Hoje sou calma, durmo bem e tenho amor por minha família. Sou uma nova Paula, tenho paz e alegria, uma vida estável e trabalho no que gosto. Hoje vivo para Cristo porque Ele é minha vida, o ar que eu respiro, meu melhor amigo e meu tudo”.