UNP em ação: setembro marcado por ações de apoio aos presos, familiares e agentes penais
Suicídio foi a segunda maior causa de mortes em presídios brasileiros no ano de 2023
A Universal nos Presídios (UNP) desenvolveu, em setembro, diversos trabalhos sociais de amparo aos detentos, familiares e agentes penitenciários. Somente na última semana do mês, sete ações – incluindo cursos de capacitação para presos, suporte emocional para familiares e policiais, além de doações diversas – tiveram a colaboração de 114 voluntários e beneficiaram 860 pessoas em diferentes regiões do país.
Em Pernambuco, voluntários do programa doaram na segunda-feira (23) cerca de 500 peças de roupas e calçados para reclusas da Colônia Penal Feminina do Recife. Já na terça (24), foi a vez dos detentos do Centro de Saúde Penitenciário – situado na cidade de Abreu e Lima – serem beneficiados por meio da doação de 250 peças de roupas e 50 kits de higiene pessoal.
Os cursos de capacitação são oportunidades que a iniciativa busca oferecer, para que uma vez em liberdade, os reeducandos possam retornar ao mercado de trabalho ou até mesmo empreender. Na Penitenciária 2 de Hortolândia, em São Paulo, foi promovido na quinta (26), o curso de jardinagem e paisagismo para 30 presos.
Em Campinas (SP), a UNP realizou o curso de pizzaiolo para 50 internos na sexta (27) e na segunda seguinte (30), ministrou aulas de cabeleireiro para 20 detentos.
Para o responsável nacional pela UNP, Clodoaldo Rocha, o ano de 2023 – em que 748 mil brasileiros foram assistidos pela iniciativa – foi “um período que superou as expectativas. Temos acolhido socialmente e proporcionado capacitação profissional aos privados de liberdade.”
Setembro Amarelo
Segundo o Relatório Preliminar de Informações Penais (RELIPEN), a maior parte das mortes em presídios nacionais e federais, tanto femininos quanto masculinos, ocorreu devido a questões de saúde, seguidas por casos de suicídio. Em 2023, os suicídios representaram 10,8% (191 presos) das mortes registradas nas prisões brasileiras.
Na terça passada (24), a UNP da Bahia esteve em frente à Cadeia Pública de Salvador, e com o apoio de 30 voluntários, realizou um trabalho de conscientização e prevenção ao suicídio com cerca de 200 familiares de detentos. Foram distribuídos livros e mensagens motivacionais, e também foi disponibilizado atendimento e suporte emocional.
A voluntária Gisele Pires acredita que uma palavra tem o poder de mudar uma vida. “Não tem preço que pague o sorriso no rosto de quem só precisa de uma conversa para ter esperança de que o que está vivendo vai passar e ela vai vencer. Ao receberem um abraço, uma palavra de conforto, muitas se derramaram em lágrimas e disseram que não tinham isso em casa e que se sentiam muito agradecidas pelo carinho”.
Gisele conta que uma das atendidas recebeu um bilhete com uma frase de superação e, ao lê-lo, com lágrimas nos olhos, disse “vou levar para o meu filho [detento], ele me disse que está pensando em se matar, ele já tentou outras vezes”. Além dela, outro rapaz relatou que o seu familiar havia tentado o suicídio há poucos dias e falou “o que vocês estão fazendo é muito importante”.
Já na tarde da última sexta (27), o programa social realizou uma palestra com o tema “Setembro Amarelo” para 60 agentes penais da Penitenciária Estadual de Arroio dos Ratos, no Rio Grande do Sul.
O responsável pela UNP RS, Venino Aragão, explica que o objetivo principal da ação foi levar paz a todos os servidores, mostrando por meio da palestra que é possível viver a vida conciliando trabalho, lazer, família e ter o equilíbrio necessário para manter a saúde mental. “Em meio a tantas adversidades e conflitos que os servidores enfrentam diariamente dentro do sistema prisional, nós nos preocupamos em levar a eles uma mensagem de autoestima, pela valorização da vida”.
De acordo com o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo (Sifuspesp), os casos de suicídio entre policiais penais aumentaram 66% no primeiro semestre de 2023 em comparação ao mesmo período de 2022.