Use a inteligência contra o descontrole

A resposta emocional excessiva a fatos do cotidiano e situações imprevistas pode provocar tragédias. Saiba como evitar o problema

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A que ponto a fúria pode levar um ser humano? No fim de setembro, os jornais publicaram a notícia de que, em Goiás, um homem teria matado seu filho de dois meses ao tentar arremessar um telefone celular na esposa: ele errou o alvo e acertou a cabeça do bebê. Na mesma época e no mesmo Estado, uma mulher teria torturado e matado a facadas as duas filhas, de 6 e 10 anos, desesperada porque o marido pediu o divórcio. Em Pernambuco, dois amigos de infância, ambos na casa dos 50 anos, se esfaquearam em uma briga por discordância quanto à intenção de voto, sendo que um deles morreu.

Antes desses acontecimentos, parentes, conhecidos e vizinhos dessas pessoas que cometeram atos hediondos as descreviam como amigas e amorosas. Deixar as emoções nos dominarem pode, como comprovam os casos citados anteriormente, gerar tragédias.

Um amplo estudo feito pela Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês) define o descontrole ou desregulação emocional como “qualquer resposta excessiva ou mal administrada” a um acontecimento ou fato e que, mesmo que não chegue a gerar tragédias como as descritas no começo do texto, prejudicam muito o bem-estar do indivíduo e dos que o cercam, intensificando males como a depressão e a ansiedade.

Segundo a pesquisa, diferentes emoções vêm e vão ao longo do nosso dia e experimentá-las – mesmo as negativas – não é um problema em si, mas é preciso que haja inteligência para não as deixarmos dominar a situação. A desregulação emocional mais extrema pode até ser diagnosticada como parte de um distúrbio de saúde mental (como depressão, transtornos bipolar, de ansiedade, de pânico e de personalidade limítrofe – ou borderline), mas qualquer pessoa, mesmo sem ter um distúrbio, pode lamentar seus atos ao deixar as emoções aflorarem sem freio.

Mesmo quando a falta de controle das emoções não provoca tragédias, ela torna a existência mais complicada, segundo a APA, pois pode levar o indivíduo à fuga por meio de drogas, à automutilação, às compulsões e a situações de risco.

A APA define como inteligência emocional o ato de gerenciar adequadamente as emoções, pois assim somos capazes de responder às dificuldades cotidianas ou mais graves de forma saudável e adequada.

Possíveis causas
As causas dos distúrbios de descontrole emocional não são completamente conhecidas pela ciência, conforme a APA. Alguns estudiosos defendem que pode haver um componente genético, assim como às vezes é consequência de lesões cerebrais ou de traumas psicológicos. Qualquer pessoa, porém, pode se descontrolar se deixar a emoção tomar conta dela.

O descontrole emocional pode ser uma questão espiritual. O mal se aproveita da brecha que emoções fortes abrem para se instalar, ao passo que, se a pessoa tem as defesas que a fé proporciona, dificilmente ele achará morada, como explicou o Bispo Edir Macedo no programa Palavra Amiga: “quando falamos em inteligência, isso não significa dizer que Deus apela para que as pessoas sejam mais instruídas, mas para que usemos nossa capacidade de raciocínio. É pesar as coisas, avaliar, conferir a sua fé em relação às coisas da vida.

Viver a fé inteligente é usar a razão, não as emoções”. Em suma: buscar a fé verdadeira leva ao equilíbrio.

Sinais de desequilíbrio

A desregulação emocional pode se manifestar de diferentes maneiras, como:
• relações interpessoais tensas;
• explosões repentinas de raiva;
• choro exagerado;
• declarações acusatórias;
• acúmulo de rancor;
• prevenção severa de conflitos;
• mudanças bruscas de humor;
• comportamento impulsivo
e/ou de risco;
• ameaças de suicídio;
• abuso de substâncias.

Fonte: Associação Americana
de Psicologia (APA)

Prevenção

Além da psicoterapia, algumas atitudes simples do dia a dia podem ajudar muito a adquirir mais controle sobre as emoções e beneficiam até quem não tem transtornos:

• exercícios físicos regulares em suas mais diferentes formas, pois induzem, quando feitos corretamente, ao controle de corpo e mente, com foco;
• controle da respiração profunda: quando ansiosos, respiramos de forma rápida e superficial. Respirar de modo mais profundo e desacelerado ajuda a melhorar o humor e contribui para obter tranquilidade;
• Aceitação: todos temos emoções e elas devem ser aceitas, o que não quer dizer que devem nos dominar, mas que podemos (e devemos) identificá-las para saber suas causas e possíveis consequências. Ter consciência dos sentimentos ajuda muito no controle deles.

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Colaborador

Redação / Foto: Getty images