Vacina contra o zika está em fase de testes

Dezenas de pesquisas estão em busca da imunização da doença. No Brasil, o Instituto Butantã deve começar os ensaios em humanos em novembro

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Desde que o surto do zika vírus se espalhou pelo Brasil e pelo mundo em 2015, dezenas de cientistas estão em busca de uma vacina capaz de combatê-lo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente, existem 25 projetos de pesquisa em andamento no mundo todo, que envolvem 21 instituições.

A associação do vírus com os casos de microcefalia em bebês é o que provocou urgência na corrida para encontrar um método de imunização. Até 17 de setembro, o Brasil tinha 1.949 casos confirmados de microcefalia associada ao zika, a maior parte na região Nordeste. Outros 3.030 casos estavam sendo investigados.

Com o objetivo de encontrar uma resposta mais rápida, vários institutos de pesquisa firmaram parceria com órgãos internacionais. Um deles é o Instituto Butantã, que prevê iniciar os testes clínicos da vacina em humanos no próximo mês.

Para esse produto, um fragmento do código genético é produzido sinteticamente em laboratório, para ser inserido no indivíduo. Quando as células do paciente absorvem esses pedaços do DNA, o próprio corpo começa a produzir proteínas do vírus, levando o organismo a reconhecê-las e desencadeando uma resposta imunológica contra ele.

Como esse tipo de vacina é uma novidade para o mercado imunológico, são necessários vários testes para que ela seja aprovada. Por isso, os pesquisadores do instituto também estão trabalhando para a criação de uma vacina que usa o vírus inativo. Para esse projeto, o instituto recebeu apoio financeiro da Autoridade de Desenvolvimento e Pesquisa Biomédica Avançada, órgão ligado ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.

Enquanto a vacina não chega, o mesmo centro de pesquisas também desenvolve o projeto de um soro capaz de neutralizar o vírus já presente em uma pessoa infectada.

Nos Estados Unidos

Outra candidata a vacina de DNA também começou a ser testada em humanos nos Estados Unidos. Ela foi desenvolvida pelos Institutos Nacionais de Saúde americanos e conta com a participação da pesquisadora brasileira Leda Castilho, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

De acordo com a revista Science, os estudos, feitos anteriormente em macacos, já mostraram a eficácia da vacina. Na fase inicial da pesquisa, foram aplicadas duas doses da vacina em 18 primatas, que depois foram expostos ao vírus.

Após essa fase, os primeiros voluntários humanos receberam a dose da mesma vacina. Agora, os pesquisadores planejam a segunda fase dos testes, prevista para começar em janeiro de 2017 e que deve ser realizada em vários países, entre eles, o Brasil. Depois, é preciso conseguir as licenças dos órgãos de saúde para autorizar a comercialização do produto. A estimativa é de que ele chegue ao mercado em cerca de dois anos.

Medidas de prevenção

Outros testes com vacinas feitas com DNA, com vírus inativo ou com outras formulações estão em andamento. O objetivo é focar a atenção em um produto que imunize, inicialmente, as mulheres em idade reprodutiva.

Apesar dos avanços, todo o processo de conclusão de uma vacina demanda tempo. Então, é preciso continuar se preocupando com o combate ao vetor da doença, o Aedes aegypti. Faça a sua parte: elimine a água parada de objetos, terrenos, piscinas, calhas ou de qualquer outro lugar que possa servir de foco para a reprodução desse transmissor da doença.

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Colaborador

Por Janaina Medeiros / Fotos: Instituto Butantan e Fotolia