Visão ampliada sobre carreira e negócios
É possível encontrar alternativas práticas mesmo em um cenário econômico desfavorável. Aprenda a treinar seu olhar para buscar oportunidades
O ano era 1992. O Brasil vivia um período difícil, com presidente da República acusado de corrupção, protestos nas ruas e incerteza. Nesse cenário, a fisioterapeuta Luciana Sensini (foto ao lado) não imaginava que sua vida estava prestes a mudar. Ela participava de um congresso de fisioterapia no Rio de Janeiro quando, por acaso, foi convidada para outro evento.
“Em frente ao hotel em que estávamos havia um congresso de estética. Como não tinha quorum suficiente, os organizadores daquele evento foram buscar os fisioterapeutas para conhecer o mundo da estética. Eu me encantei. Vi que era inovador e comprei meu primeiro equipamento para tratamento de celulite”, relembra. Ela voltou para a cidade onde morava, São João da Boa Vista, no interior de São Paulo, com uma ideia na cabeça.
Mente aberta para mudanças
Apesar de atuar como fisioterapeuta, Luciana enxergou uma nova oportunidade. Ela passou a oferecer tratamentos contra celulite para as amigas e a propaganda boca a boca começou a atrair cada vez mais clientes. Com os bons resultados e a perspectiva de crescimento, Luciana investiu de vez na estética.
“Eu me desfiz de tudo que era relacionado à fisioterapia, comprei equipamentos de alta tecnologia para tratamento estético e mudei o slogan da empresa. Ficou Fisioforma, estética de resultados”, diz. Hoje, Luciana é sócia do marido e tem quatro unidades da Fisioforma espalhadas pelo Estado de São Paulo. Recentemente, o negócio também foi formatado como franquia.
Sem medo
Luciana garante que não tem medo de crise. “Já vi muitas crises desde 1992, mas não podemos nos deixar abalar. Você precisa ter uma velocidade grande de adaptação e mudança, trabalhar o emocional, a autoestima, buscar muito conhecimento, não procrastinar e ter dedicação ao que faz”, ensina.
Segundo Luciana, os segredos para enfrentar crises são fazer um bom planejamento, manter o foco, ser resiliente e não esperar muito para começar a agir.
Crise é oportunidade?
Hoje, o Brasil atravessa uma crise política e econômica. O desemprego atinge milhões de pessoas. Mas não adianta se desesperar, desistir ou apenas reclamar. Apesar das dificuldades, a crise pode até ser uma oportunidade.
Para Sergio Dias, economista e consultor do Sebrae Rio de Janeiro: “as crises são grandes momentos para se reinventar. Quando tudo está bem, poucos se preocupam em melhorar ou buscar novos caminhos. Mas, quando vem a crise, as pessoas repensam o modelo, analisam o que não está dando certo e tomam uma atitude”, justifica.
Planejamento
Toda mudança exige bastante esforço. Sergio diz que pessoas que desejam enxergar oportunidades em meio ao caos devem estar preparadas para descobrir o que gostam de fazer, buscar conhecimentos, fazer um plano detalhado e manter o foco.
“A partir do planejamento, você vai avaliar suas competências, habilidades, fraquezas e quais oportunidades estão surgindo no mercado. Toda crise abre algumas janelas de oportunidade. Você precisa olhar para elas e se preparar para atendê-las”, aconselha o consultor.
Não é fácil
Quando abriu o próprio negócio, Luciana acreditava que teria mais tempo para cuidar do primeiro filho. Ledo engano. A rotina de empreendedora exige muitas horas de trabalho e dedicação. Luciana esclarece que precisa ter uma visão geral do negócio e tomar muitas decisões, além de colocar as mãos na massa para atender clientes e gerir a equipe. “Você tem que se planejar para períodos de abundância e de crise, aprender a viver fora da zona de conforto e a lidar com as pressões”, relata.
Faça o que sabe
Você, leitor ou leitora, talvez não tenha dinheiro para investir em um negócio ou em um curso, não é mesmo? E aí você pergunta: “o que eu posso fazer?” Calma. Você certamente tem uma habilidade. Sabe costurar, criar planilhas financeiras, desenhar projetos, consertar eletrodomésticos, organizar eventos, preparar comidas ou fazer instalações elétricas. É isso mesmo: suas experiências podem se transformar em um negócio.
“Muitas pessoas têm habilidades e formações que podem ser usadas para fazer consultoria ou prestar serviços. O investimento é o conhecimento que elas já têm. Hoje, existe uma grande demanda no setor de serviços e faltam profissionais”, afirma o consultor Sergio Dias.
Qual é o seu diferencial?
No concorrido mundo dos negócios, não basta ser apenas mais um profissional ou empreendedor. É preciso ter um diferencial para se destacar e se manter no mercado. O conselho é de Thaizi Morani, mentora de negócios e especialista em gestão estratégica e inovação. “É importante fazer um estudo de mercado, observar o que estão fazendo e se perguntar qual é o seu diferencial. Por que um cliente escolheria você e não os concorrentes? Seu diferencial deve ser algo impactante, que chame a atenção de clientes, de empregadores”, ensina.
Foco
Outra dica é investir nos detalhes e conhecer bem o público-alvo de seu serviço ou negócio. Em outras palavras, não dá para agradar a todos ao mesmo tempo. “A pessoa precisa entender qual é seu nicho, quem ela atende, qual é o perfil de seu cliente, os hábitos, os lugares que frequenta, o que ele valoriza.” Ela lembra que cada público exige um tipo de comunicação e de soluções diferentes. “A chave para conseguir bons resultados está em observar os detalhes. É preciso fazer análises mais detalhadas para montar um plano de ação específico para cada problema”, acrescenta.
Enxergar além
O empresário cearense Fernando Holanda (foto ao lado), de 27 anos, conhece o espírito empreendedor desde pequeno. Quando tinha 9 anos, além de ir à escola, ele ajudava a mãe a vender salgados e lanches que ela fazia para sustentar a casa. Já na adolescência, ele guardava carros nas ruas para complementar a renda da família.
Aos 17 anos, Fernando teve a ideia de abrir uma distribuidora de água e refrigerante após observar vendedores de água gelada em pontos de ônibus. Ele convenceu o irmão, George Holanda, que na época tinha 23 anos, a investir o dinheiro que havia recebido na rescisão do antigo emprego no negócio.
“O negócio veio por necessidade, tínhamos que trabalhar e arrumar dinheiro. Alugamos um pequeno espaço próximo a um terminal de ônibus. Começamos sem capital de giro, só com o dinheiro da rescisão”, lembra. “Nós comprávamos, vendíamos, entregávamos, separávamos a mercadoria, fazíamos várias atividades ao mesmo tempo.”
Ouvir “nãos”
Ao longo dos anos, os irmãos enfrentaram dificuldades e ouviram muitos “nãos”. Eles tiveram pedidos de empréstimo negados, aprenderam a lidar com fornecedores difíceis e a conquistar clientes. Até mesmo o pai deles disse que o negócio não daria certo. “É fundamental estar preparado para ouvir um ‘não’ sem desistir. O ‘não’ no mundo dos negócios sempre está presente”, esclarece Fernando.
Metas claras
A distribuidora dos irmãos foi crescendo aos poucos e eles conseguiram o primeiro empréstimo de um banco. O dinheiro foi usado de forma planejada e eles traçaram metas claras. “Fiz as contas de quanto deveríamos vender para lucrar mais. A meta era vender R$ 5 mil por dia para que cada um lucrasse R$ 5 mil no fim do mês”, conta Fernando, que sempre teve facilidade com os números. Os irmãos também passaram a oferecer outros tipos de bebidas.
Visão ampliada
Fernando conta que a expansão dos negócios foi possível graças à ampliação da visão deles. “Passamos a participar das reuniões do Congresso para o Sucesso da Universal** e nossa visão se abriu ainda mais. Aprendemos a trabalhar com metas muito ousadas.”
Diversificação
Com o passar dos anos, Fernando e George perceberam que precisavam diversificar os negócios para continuar crescendo. Há três anos, eles começaram a distribuir também alimentos e produtos de higiene. O negócio tem quase 900 bebidas diferentes cadastradas, além de 766 alimentos e outros produtos (biscoitos, leite, macarrão, achocolatado, creme dental e detergente).
“Aprendemos no Congresso que sempre podemos melhorar.” Os irmãos também abriram uma construtora e já concluíram mais de 15 construções. “O segredo é arregaçar as mangas e trabalhar muito. Acordo às sete da manhã e trabalho de 10 a 12 horas por dia, às vezes levo trabalho para casa e trabalho aos domingos também. Aprendi a ter força, coragem e uma fé inabalável”, conclui Fernando.
O Congresso para o Sucesso acontece todas as segundas. Para saber mais acesse universal.org ou procure uma Universal próxima a você