Você acompanha os estudos dos seus filhos?
Infelizmente, há docentes que abusam de seu poder de influência e, por isso, os pais e tutores desempenham um papel fundamental para a excelência do ensino acadêmico
A escola é o primeiro local onde recebemos uma visão diferente da que temos em casa e onde ampliamos nosso mundo nos campos intelectual, social e emocional. “Vejo que, desde pequenas, as crianças amam socializar e na escola elas têm a oportunidade de experimentar o mundo com novas possibilidades. Lá é o lugar para explorar tintas, texturas e viver experiências. Nos primeiros anos, tudo é muito lúdico e divertido para elas, pois nem sempre os pais têm paciência, tempo, espaço e materiais para fazer isso com elas”, diz a professora e psicopedagoga Cristiane Endo.
Além do papel de formar cidadãos, a escola apresenta diversidade de etnias e classes sociais e, obviamente, ensina os temas acadêmicos que contribuem para desenvolver competências que serão usadas na vida adulta. Erica Silva, psicopedagoga, diz que “a escolarização é um conjunto de conhecimentos obtidos por meio da escola, sendo o professor o principal responsável por ensinar e reforçar a educação. No ensino infantil esse profissional é um dos responsáveis por ensinar conceitos básicos às crianças, como respeitar os colegas, usar ‘palavras mágicas’, saber esperar seu lugar na fila e sua vez de falar. E acredite: tudo isso é levado por toda a vida”.
Mas há docentes que tornam a escola um local nocivo. Em 2022, pais se revoltaram ao ver crianças dançando funk obsceno na festa junina de uma escola em Campo Grande (MS); e, em 2023, uma mãe expôs conversas obscenas entre sua filha de 14 anos e uma professora da Praia Grande, litoral de São Paulo. Esses casos foram descobertos porque os pais acompanhavam a vida escolar dos filhos, mas o que acontece quando os pais não estão atentos?
O papel da família
O ambiente familiar é onde a criança aprende a distinguir as influências, como Cristiane explica: “nós, adultos, também sofremos influências de todos, seja nas redes sociais, seja da mídia, de amigos, parentes ou da igreja, porém sabemos defini-las de acordo com os nossos valores. Cabe aos pais ensinarem os filhos a avaliarem se algo os está influenciando de forma positiva ou não”.
Erica reforça que essa bússola moral é aprendida em casa: “a educação começa com os pais, pois eles são os principais responsáveis pela formação dos filhos como pessoa. É na família que os pequenos aprendem a se relacionar, a se expressar e a se compreender como indivíduos. Além disso, a família é responsável por ensinar valores fundamentais, como respeito, amor e honestidade”.
Também é preciso acompanhar os estudos. “Alunos aprendem melhor quando os pais se interessam pelo que eles vivem no ambiente escolar”, diz Erica. Já Cristiane diz que “quando os pais acompanham a vida escolar dos filhos e percebem algo que não concordam, é um bom momento para conversar sobre o tema com eles, debater ideias e fazê-los refletir sobre diferentes pontos de vista”.
Se os pais, porém, não estão atentos, é possível que a criança absorva tudo que é ensinado na escola como verdade absoluta. Em 2023, por exemplo, um professor foi filmado em uma sala de aula catarinense afirmando que “Hitler foi melhor que Jesus”.
Há um plano
É preciso que os pais também fiquem atentos à política – afinal, nossa legislação define que o Estado é responsável por determinar as diretrizes da educação básica.
O Plano Nacional de Educação (PNE) define “diretrizes, objetivos, metas e estratégias”. Em 2024, adotaremos um novo PNE, que vigorará até 2034, e todas as escolas e educadores devem se sujeitar a ele. O documento base da Conferência Nacional de Educação (Conae) deste ano para que o Ministério da Educação (MEC) elabore o PNE determina que “a próxima década na educação deve ser pavimentada no exercício, em todas as instituições, espaços e processos, do respeito, da tolerância, da promoção e da valorização das diversidades (étnico-racial, religiosa, cultural, geracional, territorial, físico-individual, de deficiência, de altas habilidades ou superdotação, de gênero, de orientação sexual, de nacionalidade, de opção política, dentre outras)”.
O PNE deve ser aprovado pelo Congresso Nacional como lei. A questão é que o prazo para que o MEC entregasse o projeto era junho de 2023, mas isso não aconteceu e a vigência do PNE 2014-2024 termina em junho. Com a pressa para que se elabore o projeto de lei (PL) do novo plano e se sigam os trâmites legais para sua aprovação no prazo, há chances de que ocorram inconsistências em seu teor ou inclusão de temas que não condizem com princípios e valores tradicionais e que não haja tempo para questionamentos. Por isso, é essencial que a população se manifeste sobre o que acredita que seja melhor para as crianças. Nos sites da Câmara dos Deputados e do Senado consta o e-mail de todos os legisladores nacionais. É papel de cada cidadão cobrar que atuem bem. Além disso, neste ano, elegeremos prefeitos, seus vices e vereadores, principais responsáveis pela educação básica. Vote com responsabilidade.
Mentes em formação
De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica 2023, o Brasil tem 178,5 mil escolas e 47,3 milhões de alunos de 4 a 17 anos
Anote essas dicas!
Pergunte ao seu filho o que ele está aprendendo, sobre suas atividades e como ele se sente em relação ao ambiente escolar, aos professores e aos colegas de classe;
Converse sobre qual foi o melhor (e o pior) momento do dia e o por quê;
Estabeleça uma rotina de estudos em casa e ajude seu filho a ser consistente nos horários estabelecidos e a manter o foco e a disciplina;
Sempre olhe a agenda escolar, os cadernos, as apostilas e os livros;
Participe das reuniões e eventos promovidos pela escola;
Observe o comportamento dos seus filhos. Eles vão felizes para a escola?
Auxilie-os nos estudos com revisão de conteúdo, esquemas visuais e desenhos.