Você com certeza já passou pela situação de beber muita água e sentir que a bexiga está cheia e que precisa ir ao banheiro urgentemente.

Agora, imagine ter essa sensação inúmeras vezes por dia, inclusive durante a noite, mas perceber que, embora a vontade de urinar seja quase incontrolável, não haja tanta urina na bexiga quanto parecia. Essa é uma das características da síndrome da bexiga hiperativa.

O médico urologista Vinícius Terra explica que “o problema está nos receptores da bexiga. Em pacientes normais, esse órgão se enche de líquido e envia ao cérebro a informação de que precisa se contrair para eliminar a urina acumulada. Já em pacientes que têm bexiga hiperativa, mesmo que ela não esteja cheia, há um ‘aviso’ ao cérebro de que ela está. Só que, quando ela se contrai, não há muita urina acumulada e essa situação se repete ao longo do dia”, analisa.

De acordo com Terra, a síndrome acomete de 15% a 20% da população mundial e 70% dos pacientes relatam que essa condição prejudica sua qualidade de vida, pois ela atrapalha seu sono e suas atividades sociais. Além disso, ela pode estar relacionada a transtornos mentais, como depressão e ansiedade. “Existe tanto o caso da pessoa que fica ansiosa e depressiva por conta desse problema e daquela que já é depressiva e ansiosa e desenvolve os sintomas da síndrome”, diz.

Essa realidade foi confirmada por meio de uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com mulheres que sofriam com o quadro de bexiga hiperativa, mas que não tinham recebido diagnóstico prévio de distúrbios mentais. Delas, 59,8% afirmaram que apresentavam depressão grave ou moderada. Já os sintomas da ansiedade foram identificados em 62,4% das entrevistadas. O estudo reforça a importância de tratar não apenas o problema específico, mas avaliar o paciente como um todo.

O urologista destaca, no entanto, que ainda não há muitas respostas de como a a condição de bexiga hiperativa se desenvolve. “Ela é chamada de síndrome porque são várias as hipóteses e os sintomas e nos baseamos neles. Digamos que é uma doença multiassistencialista. O paciente passa no urologista para tratá-la, mas ele também depende do endocrinologista para cuidar da diabetes e do neurologista para acompanhar o aspecto neurológico, por exemplo. Por se tratar de um tratamento multidisciplinar, pode ser que demore um pouco para que o paciente consiga um bom resultado”, finaliza.