Você se faz de vítima para chamar atenção?
Talvez não não seja o seu caso, mas o de alguém que precisa de sua ajuda para lidar com o problema
Momentos de dificuldade são comuns e ajudam a fortalecer o caráter de quem os enfrenta. Mas, com certeza, você conhece alguém que vive sofrendo e não consegue sair do círculo vicioso. Se você já se compadeceu por quem está sempre no fundo do poço, cuidado! Você pode estar sendo alvo do “coitadinho”.
A Síndrome do Coitadismo tem como motor principal a autopiedade. Um coitadinho vive reclamando da vida e culpando os outros das suas dores (pode ser o governo, chefe, parceiro, salário, etc.), porém não faz nenhum esforço para sair da situação que o afeta negativamente.
Ele é uma eterna vítima, dramática e sofredora, que procura o cuidado e a atenção dos outros. O coach e psicólogo João Alexandre Borba explica as três características predominantes no perfil de quem faz esse papel. “Ele acredita que a culpa nunca é dele e sim dos outros; sempre tem uma justificativa para tudo, intelectualiza a dor; e tem um baixo poder de autoanalise.”
É também um forte manipulador na hora de atrair ajudantes para resolver seus problemas. No entanto, é preciso diferenciar quem manipula para fugir de determinada responsabilidade de quem faz disso um estilo de vida.
Borba afirma que esta conduta é uma espécie de masoquismo por meio do qual o sofredor bloqueia todas as soluções. Ele relaciona, de forma estranha, sofrimento com o ato de receber amor e é muito egocêntrico, ou seja, nenhuma dor é superior à dele.
Quem não se liberta dessa prisão emocional pode até desenvolver doenças psicossomáticas, como enxaquecas graves, problemas gastrointestinais, fibromialgia e depressão. “Algumas pessoas chegam a distorcer até mesmo os conceitos religiosos e acreditam que quanto mais sofrem mais Deus vai olhar para elas”, acrescenta Borba.
Causa e efeito
O ato de se vitimizar pode ser traço de carência ou baixa autoestima e fruto de questões mal resolvidas na infância e na adolescência. Adultos que se fazem de coitados podem ter sido crianças que, inconscientemente, se achavam incapazes e cresceram com a ideia de que a vida é muito complicada, que apenas quem tem mais condição financeira pode ser feliz, por exemplo. Em alguns casos, quando o pai ou a mãe apresentam o mesmo comportamento, o quadro pode ser ainda pior.
A psicóloga clínica Fabiana Pina de Sá recomenda que os pais procurem conversar com seus filhos, pois adverte que nem toda carência ou baixa autoestima é sinônimo de coitadismo. “É importante dialogar com as crianças e adolescentes sobre esse tipo de conduta, mostrar a eles que são capazes de superar o que lhes incomoda e incentivá-los a procurar saídas, em vez de reclamar”, comenta.
É possível mudar
Os especialistas acreditam que quem tem esse perfil pode comprometer suas relações sociais. Eles indicam que é preciso que a pessoa busque ajuda profissional para aprender a atrair atenção de forma correta, a demonstrar valores e pontos positivos e a aceitar os pontos negativos como motivação para evoluir no caminho do crescimento pessoal.
Como identificar o “coitadinho”
O coach e psicólogo João Alexandre Borba dá algumas dicas para identificar de forma rápida um coitadinho na vida real ou nas redes sociais, espaço em que eles adoram expor seus problemas.
– A pessoa não sabe lidar com os problemas dela. Se a situação dela nunca tem saída, é um sinal de alerta.
– Observe se ela se queixa demais, mas não procura soluções e quer que os outros fiquem por perto para poder sempre reclamar.
– A pessoa tem dificuldade para se olhar como um solucionador de problemas. Ela quer você como aliado, para desabafar e a apoiar.
– Ela gera uma sensação de culpa muito grande nos outros.