Ao meditar nos meandros da morte de João Batista, no primeiro momento, parece difícil entender como o maior dos profetas teve sua cabeça servida num prato como prêmio de uma luxúria de um rei doente, não é mesmo?

João foi um servo fiel, cumprindo cabalmente a missão que Deus lhe havia designado de ser precursor do Seu Filho, diante disso, parece injusto ele ter tido um fim assim.

No mesmo dia que o ímpio Herodes desfruta de um banquete regado com desejos iníquos para comemorar o seu aniversário, é também o dia que a morte de João é decretada.

O grande contraste entre os dois não aconteceu só neste dia, mas durante toda a vida. O profeta era corajoso, temente e fiel a Deus, enquanto Herodes era covarde, irreverente e corrupto. Mas, a disparidade de conduta e de espiritualidade entre os dois não se evidenciava em justiça visível, porque vemos o perverso Herodes reinar com pompa, com ricos trajes, enquanto o servo de Deus vivia no deserto, com vestuário simples, até ser levado como prisioneiro para o cárcere.

Muitas perguntas rondam também a mente de pessoas que vivem a fé, pois elas veem, algumas vezes, os justos presos às dores das injustiças, enquanto, pessoas infiéis, gozando de bem-estar e aparente felicidade.

No entanto, essa desfavorável diferença no campo exterior é completamente eliminada quando analisamos com olhos espirituais.

Eu penso que, assim como foi dito por Salomé: “Quero a cabeça de João Batista!”, para calar sua voz – porque sua mensagem incomodava -, os servos genuinamente fiéis não passam imunes às lutas neste mundo, justamente porque sua fidelidade causa raiva e desconforto nos filhos das trevas. Haverá sempre quem se beneficiará com a Palavra que o servo de Deus anuncia e, por isso, valoriza o seu trabalho. Mas, também, haverá muitos que desejarão calá-lo a qualquer custo, por causa da inveja que sentem dele. Por isso, suas cabeças continuam a prêmio todos os dias.

Em muitas situações, Deus vai livrá-lo, mas em outras, Ele vai permitir o sofrimento. Isso acontece porque o SENHOR tem honra maior no Céu para os Seus filhos.

O Altíssimo tem desígnios que ainda são misteriosos para nós. Então, em vez de nos inquietarmos com os porquês, devemos crer nos segredos que Deus ainda não nos revelou. Há tesouros e riquezas espirituais reservados para nós.

Portanto, nada de temer as incompreensões e injustiças neste mundo. Por detrás da dor que elas provocam, há uma glória indizível, que nenhum homem pode te dar.

Então, se hoje você se encontra preso na fortaleza de algum dissoluto Herodes, não temas! Jamais ceda aos cochichos do diabo dizendo que o Senhor Se esqueceu de você; também não fique decepcionado com os falsos amigos e, muito menos, permita que a incredulidade roube suas forças.

Aprendi ao longo da minha caminhada com Deus que quando parece que estamos sós, desprezados ou abandonados por todos, estamos guardados e seguros nos Braços mais ternos e poderosos do Universo. E o melhor de servir a Deus vem sempre no final da jornada, por isso, precisamos chegar lá.