Comer juntos, e ainda assim trair
Se Deus permitiu que Seu próprio Filho sofresse com a dor de ter um “Judas” perto de si, certamente Ele permitirá que venhamos passar por situações semelhantes
O que come o pão Comigo, levantou contra Mim o seu calcanhar. Jó 13.18
Comer juntos na Bíblia significa uma prova de amizade e afeto. Diante disso, fica nítido que Judas desfrutava da confiança de Jesus, a ponto de ele ser o responsável pela bolsa das ofertas.
Mas a intimidade se estendia também ao fato de Judas caminhar lado a lado com o Senhor, proporcionando ao discípulo a benesse de ouvir ensinamentos exclusivos, dormir nos mesmos lugares que o Mestre e ser testemunha de Seus milagres. Além disso, ele recebeu a mesma autoridade para curar os enfermos e libertar os cativos, como os demais discípulos.
Frequentemente, Judas mergulhava a mão no mesmo prato que o Salvador, pois sentava-se à mesa com Ele. Aliás, era exatamente isso que Judas fazia quando o diabo colocou em seu coração o impulso para trair o Senhor.
O discípulo traidor contou com o privilégio da proximidade, da convivência e do conhecimento dos hábitos de Jesus, como orar à noite no Getsêmani, para O entregar aos soldados.
Quanto à expressão “levantar o calcanhar” contra alguém demonstra um ato de completa ingratidão. Lembra a cena de amigos que estão correndo juntos, mas, em um determinado momento, um deles decide esticar o pé maldosamente para levar seu companheiro à queda. Lembra também um animal que começa a desferir coices àquele que antes o alimentou.
Então, “levantar o calcanhar” significa um ataque vindo, de uma maneira fingida e insidiosa, daquele que, sob o pretexto de amizade e bajulação, tenta obter vantagens. A intenção de quem procede assim é a notoriedade ou as “trinta moedas de prata” como recompensa pelo seu ato.
E os “Judas” não são somente aqueles que roubam ou literalmente traem, mas todos aqueles que participam da mesa de Deus e recebem Seu perdão, Sua misericórdia, Seu Espírito e todos os Seus favores, mas, depois, dão às costas a Ele conscientemente. Vale ressaltar que tornam-se “Judas” também todos os que agem com hipocrisia, fingindo ser aquilo que não são. Isto é, passam-se por pessoas cheias de temor, confiáveis e que amam as almas, quando, na verdade, são infiéis e só pensam em si mesmas.
Mas, se Deus permitiu que Seu próprio Filho sofresse com a dor de ter um “Judas” perto de si, certamente Ele permitirá que venhamos passar por situações semelhantes. Sejamos fortes, então, quando essa hora chegar, para vencermos como o nosso Senhor venceu!