thumb do blog field_fuyl4yphm40v7
thumb do blog field_fuyl4yphm40v7

Como perdoar – parte I

O perdão “é a expressão mais forte do sentimento mais puro e limpo, que é o amor, sem o qual a vida não existe, os mares fica secos, a Terra sem luz, e o povo sem Deus.”¹ Esse pequeno trecho resume bem tudo o que envolve a difícil tarefa de perdoar: o amor. Porque, antes de tudo, o perdão precisa da nossa renúncia, por isso não é fácil. Não é fácil tirar de cima do culpado a sua culpa. Não é fácil deixar ignorar a ofensa recebida. Não é fácil tratar o ofensor como se ele nada tivesse feito.

No entanto, tudo isso é necessário para nos tornarmos realmente livres, porque enquanto não perdoarmos estaremos ligados para sempre não apenas à pessoa que nos machucou, mas à situação que vivemos.

Isso me faz lembrar a época em que perdei meus agressores. Lembro-me que estava no ponto de ônibus quando me lembrei de cada um deles não com raiva ou desejo de vingança, mas com compaixão. Voltei meus pensamentos a eles e os perdoei do fundo do meu coração, e isso foi tão sincero e profundo que senti uma grande alegria dentro de mim.

Não me lembrava mais deles com ódio, e sim com amor e misericórdia, pois vi que tudo o que eles fizeram foi fruto de uma influência ruim. Aquela experiência foi tão boa para mim que me senti verdadeiramente liberta, apta a voar novamente, como uma ave que se recupera das asas quebradas. Porque prender é o que a ausência de perdão provoca.

Quando não perdoamos, ficamos presos em nós mesmos, e isso é uma sensação tão ruim que ficamos interiormente pesados, aflitos, irritados. Aí, quando pensamos no motivo de estarmos assim não conseguimos de imediato saber, e aquilo fica corroendo até que viramos vítimas da situação e parece que nos acostumamos com isso. A falta de perdão gera um ciclo de sofrimento intenso porque não sabemos a razão de sentirmos raiva e irritação, mas, quando nos lembramos ou simplesmente ouvimos o nome daquela pessoa que nos prejudicou de alguma forma, ficamos reticentes, entortamos a boca e nos enchemos de lamúrias e palavras negativas. E o pior é que nem sempre sabemos que estamos inseridos neste ciclo, por isso o sofrimento acaba sendo maior.

Mas, quando há perdão, ainda que não tenhamos a oportunidade de falar com a pessoa, e ainda que tenhamos e ela não nos perdoe, mas nós a perdoamos com sinceridade, o ciclo se quebra e as correntes que antes nos prendiam caem. Por isso nos tornamos livres, e não há nada melhor que a liberdade, poder ir e vir do passado ao presente sem ter nenhuma blitz da consciência nos parando para nos acusar.

Perdoar o outro é preciso, mas nos perdoar também é fundamental. Pois, quantas vezes cometemos uma determinada falha e ficamos sempre nos acusando como se fôssemos eternos culpados? Pedimos perdão a Deus, Ele nos perdoa e nós ficamos remoendo a situação infeliz, tornando-nos os acusadores de nós mesmos… Isso é muito comum, mas é preciso entender que apontar o dedo para nós mesmos não adiantará, afinal, se Jesus mandou que perdoássemos 70×7 o nosso irmão que pecar, então também devemos perdoar 70×7 a nós mesmos quando errarmos! É simples sim, embora não pareça.

Faça um teste, começando do mais fácil para o mais difícil. Por exemplo, lembre-se da pessoa que foi grossa com você e se imagine no lugar dela. Talvez ela tenha tido um dia difícil, sofreu uma injustiça ou simplesmente é mal-educada. Mesmo assim, pense que você também poderia agir assim e a perdoe com sinceridade. Da próxima vez que a encontrar, ofereça um sorriso, fale algo que a faça se sentir bem ou simplesmente a cumprimente com franqueza. Se ela não retribuir, pelo menos você vai saber que não é você que está mal… 

Semana que vem continuaremos esse assunto.

Até lá!

(1) – Trecho do livro “O Perdão”, do bispo Edir Macedo.