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Política na escola

Onde aprendemos política?

Com a mídia? Internet? Em casa? Na roda de amigos?

Talvez hoje seja verdade com todos os acontecimentos políticos, econômicos e sociais do país o assunto está em pauta em todos os lugares.

Mas não foi sempre assim e não é sempre assim!

Há bem pouco tempo as pessoas não sabiam quem era o Vice-Presidente do Brasil ou os Presidentes da Câmara e Senado.

Mudou muita coisa?

Penso que não, as pessoas sabem quem são os presidentes das Assembleias Legislativas de seus Estados, da Câmaras de Vereadores de seus Municípios, lembram em que votaram nas ultimas eleições?

Infelizmente falar de política a partir de alguns acontecimentos explosivos não muda a relação que as pessoas têm com a política, com as questões sociais, econômicas, ambientais, educacionais, culturais e tudo mais relacionado a comunidade em que vivem.

É preciso mais, mais que algumas noticias na mídia ou internet, mais que falar de corrupção na roda de amigos, mais que compartilhar as ultimas postagens sobre este ou aquele político corrupto.

E por mais injusto ou pesado que possa parecer a responsabilidade é dos professores e educadores…

Professores e Educadores escolheram ensinar sobre algo a alguém. Escolheram aprender, dominar um assunto para abrir novos horizontes para aqueles que vierem até ele.

Concordo que estes profissionais não são detentores de todo conhecimento do mundo, não sabem tudo, não existe a possibilidade de saberem.

Mas de fato qual o papel do Professor ou Educador?

Penso que não é ensinar sobre tudo, mas orientar um caminho para que seus aprendizes descubram mais, é estimular a aprendizagem, o processo criativo, a curiosidade, a busca por respostas, é ensinar a pensar, a vasculhar o mundo em busca de novidade, de ideias, de soluções.

Os livros não carregam verdades absolutas, e quem acha que decorar um assunto e falar dele com autoridade simplesmente, não está ensinado, está apenas reproduzindo o que outro tentou ensinar.

Ensinar, orientar, guiar, tem muito mais haver com levar o outro a sair do mundo em que vive, abrir as portas para um universo imenso e desconhecido de conhecimento e novidades.

Me desculpe, mas professores que se conformam em reproduzir a matéria do livro didático, da apostila, da cartilha, do planejamento engessado porque não dá tempo de fazer nada melhor, mais profundo ou estimulante não está cumprindo seu papel.

E essa ideia de que professor não pode dar opinião, falar de assuntos delicados como política, sexualidade, economia, religião, futebol e tantos outros é utopia, ilusão.

Professores e Educadores lidam com pessoas reais, que vivem vidas reais, que passam por situações reais, não existem robôs nas salas de aula, nem de um lado nem do outro.

Professores e Educadores entram na sala de aula com suas vidas, seus problemas, suas crenças e valores, e achar que neutralidade existe e deve existir também é viver na ilusão, podemos ser objetivos, mas nunca neutros.

Aprendizes, estudantes chegam as escolas, cursos, lugares de educação formal e informal cheios de tudo que viveram fora dali, não dá pra ignorar tudo isso e dar uma aula fria, seca, sem vida ou sem interação.

E então é ali no encontro entre educadores e aprendizes que se dá o choque com a necessidade de explorar mais do que se viveu, que se viu ou experimentou.

Falar de política, problemas sociais, economia, meio ambiente, educação, formas de vida, de se relacionar é tudo assunto de professor e educador, não é possível acharmos que as matérias escolares podem ser divisíveis da vida das pessoas, elas se entranham pelo meio das nossas vidas e pensamentos.

Mas as faculdade e universidades vem formando professores que pensam que podem só falar de uma matéria, de teorias e livros sem se envolver, sem pensar, sem construir caminhos.

Por isso este país está surpreso com tantas “novidades” na política e na economia, por isso crianças, adolescentes e jovens acabam caindo no conto do vigário que a as mídias contam.

Precisamos falar de política na sala de aula, precisamos falar da vida no Brasil na salas de aula, se não, é injusto com todos.

 Crianças, adolescentes e jovens das escolas públicas estão cansados da injustiça que sofrem, de ouvir inúmeras vezes que o acesso às universidades públicas não é para eles, as meninas sofrem violência, nem sempre física, as vezes é uma violência silenciosa, negros e índios são renegados ainda hoje, anos depois de todo sofrimento que enfrentaram na construção da nação Brasileira como conhecemos hoje. A situação de miséria é grave e machuca não só os que vivem, mas toda a nação.

Já crianças, adolescentes e jovens das escolas particulares também sofrem, é errado e injusto pensar que porque eles têm dinheiro para possuir o que os da escola pública não possuem que estão mais bem instruídos e conscientes do mundo em que vivem, não estão.

A as escolas particulares cobram que estejam prontos para o vestibular, para uma profissão, como se vida fosse exclusivamente para isto, e não é, eles são carregados de informação, são enganados, e não fazem a menor ideia de que o mundo em que vivem não será fácil, não será legal com eles.

A violência, as drogas, a depressão, faz parte de todas as classes sociais, e porque?

Seria porque todas as nossas crianças e adolescentes são privados do direito de pensar, criar, vasculhar, descobrir. A curiosidade é tolhida desde muito cedo, não existe preconceito quando o assunto é encaixotar, todas estão vivendo isto, ricos e pobres, brancos, negros, índios, brasileiros e estrangeiros, meninos e meninas. TODOS.

Professores e educadores deveriam orientar seus aprendizes à vida, a pensarem, a lerem e interpretarem os textos e o mundo. A se relacionarem, com o conhecimento e com as pessoas, a irem além do esperado.

Precisamos falar de política, de natureza, sobre as infinitas possibilidades de pensar e descobrir, precisamos falar da alma, do espírito, do corpo, somos seres completos e complexos, não tem como deixar corpo, alma e espirito de fora, para que as mentes sejam engaioladas com ideias que restringem e congelam.

Aline Marks