Sinto muito
Em quase todas as línguas, a expressão para transmitir arrependimento ou pedido de perdão por algum erro cometido envolve um sentimento.
Sinto muito. Lo siento. I’m sorry. Je suis désolé.
Mas quando alguém erra de forma grave ou persistente conosco, não aceitamos mais essa expressão. Ao contrário, ao ouvi-la podemos até sentir vontade de bater na pessoa. (E depois dizer “sinto muito”, claro.)
Para mim isso é uma das demonstrações mais claras de que amor não é sentimento. Amor é fazer o que é certo por quem você ama. É agir justamente. É dar o que lhe é devido.
É por isso que quando o marido mente, trai ou pisa na bola de alguma forma, o “sinto muito” dele para a esposa não vale nada. O mesmo se aplica quando ela usa essas palavras mas no dia seguinte faz a mesma coisa. Melhor seria engolir as palavras e mudar. Reparo do erro requer atitudes.
Amor inclui sentimento, sim. Afinal, quando somos honrados, vemos as coisas certas acontecendo, nos sentimos muito felizes. O amor verdadeiro produz bons sentimentos, mas não é sentimento em si.
O interessante é que aqueles que se enganam com um “amor” sentimento—só de palavras, flores, passeios e sexo—costumam ser as mesmas pessoas que acabam tendo de engolir os muitos “sinto muitos” da pessoa que diz que “ama”.
Se você ama, faça o que é bom e justo para a pessoa amada.
Se alguém diz que lhe ama, não vá pelas palavras. Veja se ela lhe faz bem e faz o que é certo por você, especialmente ao custo de si mesma.
Do contrário, fuja dela.